Movimento político ocorre em um momento de redefinição de alianças dentro do MDB e de preparação para as eleições de 2026.
Em meio a um clima de racha interno no MDB de Mato Grosso do Sul, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o virtual ex-secretário da Casa Civil, Eduardo Rocha, deram novos sinais de aproximação com o governo Lula e com lideranças petistas no Estado.
O casal participou nesta sexta-feira (24) do evento de entrega de 20 imóveis da União ao governo estadual, ao lado de ministros e parlamentares do PT, consolidando um gesto político que vai além do simbolismo administrativo, uma vez que a presença conjunta de Tebet e Rocha, ambos em cargos e projetos políticos distintos, mas convergentes no campo federal, ocorre em um momento de redefinição de alianças dentro do MDB e de preparação para as eleições de 2026.
Saída de Rocha da Casa Civil
Na próxima segunda-feira (27), Walter Carneiro Júnior assumirá oficialmente o comando da Casa Civil no lugar de Eduardo Rocha, que deixa o cargo para se dedicar à pré-campanha a deputado estadual. A decisão foi confirmada em reunião realizada na quinta-feira (23), na Governadoria, com a presença do governador Eduardo Riedel (PP) e do vice-governador José Carlos Barbosa (Barbosinha).
Barbosinha destacou que a saída foi uma decisão pessoal, uma vez que a Casa Civil exige dedicação integral e intensa articulação política.
“Essa é uma secretaria extremamente complexa, onde a candidatura se confunde, às vezes, com a função do secretário. Eduardo decidiu deixar essa missão para poder cuidar da candidatura dele”, afirmou.
Rocha, por sua vez, justificou a saída como uma forma de preservar o governo de disputas eleitorais. “Eu quis sair antes para não contaminar a política do governo com a política eleitoral. Vou rodar os 79 municípios”, disse.
Sobre o futuro partidário, Rocha deixou claro que seguirá o caminho político traçado pelo governador Riedel, ainda que isso signifique deixar o MDB após três décadas de filiação.
“O governador Riedel vai decidir o meu destino. Ele vai saber se eu fico no MDB, se eu vou para o PP, para o PSD ou para o Republicanos. Se fosse da minha vontade, eu ficaria no MDB. Estou no partido há 30 anos”, afirmou o ex-secretário.
A fala reforça o alinhamento com o governo estadual e a disposição de Rocha em acompanhar a orientação política de Riedel, hoje aliado direto do Palácio do Planalto em pautas de infraestrutura e investimentos, apesar de manter o PP em âmbito nacional no campo oposto ao do PT.
Cenário
Enquanto o marido se prepara para a disputa estadual, Simone Tebet busca equilibrar sua relação com o MDB e o governo Lula. No início de outubro, ela negou rumores de que trocaria o MDB pelo PSB para concorrer ao Senado por São Paulo.
“Eu não vou para o PSB e nem pretendo trocar o meu domicílio eleitoral. Caso eu saia candidata a senadora em 2026, será pelo MDB e por Mato Grosso do Sul”, garantiu.
A ministra também destacou que tem aval da executiva nacional para disputar o Senado por seu Estado, e reafirmou que, em campanha, respeitará as diferentes alianças regionais do partido, evitando subir em palanques onde seu apoio a Lula possa criar desconforto.
No cenário local, parte da legenda, liderada pelo ex-governador André Puccinelli, resiste à aproximação com o PT e critica a “postura lulista” de Tebet dentro do governo federal.
O casal Simone e Rocha defende uma posição pragmática, argumentando que o partido deve manter a autonomia estadual — como já ocorreu em 2014, quando, mesmo com Michel Temer na vice de Dilma Rousseff, o MDB de Mato Grosso do Sul apoiou Geraldo Alckmin (PSDB).
*Colaborou Daniel Pedra


