Em reunião do Consea, Ministério das Mulheres destaca impacto da fome sobre lares chefiados por mulheres

Nesta terça-feira (9), a secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Eutália Barbosa, participou da 4ª reunião ordinária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. O encontro integrou o debate nacional sobre o tema em um contexto marcado pela segunda saída do Brasil do Mapa da Fome em julho deste ano, e discutiu políticas públicas integradas para o enfrentamento da fome com foco na perspectiva de gênero e na proteção social.

A primeira vez que o Brasil saiu do Mapa da Fome foi em 2014, fruto de 11 anos de políticas públicas consistentes. No entanto, a partir de 2018, o desmonte de programas sociais fez o Brasil retroceder e retornar ao mapa no triênio 2018/2019/2020.

Em sua fala, Eutália Barbosa destacou que a insegurança alimentar atinge de forma desproporcional os lares chefiados por mulheres. Segundo ela, é urgente enfrentar essa desigualdade com políticas públicas estruturantes.

“Não é possível que as mulheres, além de se responsabilizarem pelo cuidado e muitas vezes estarem sozinhas nessa tarefa, ainda sejam as que vivem nos lares com maior insegurança alimentar. Precisamos mudar essa curva de forma radical e coletiva”, afirmou.

Eutália reforçou a gravidade do cenário da insegurança alimentar no país, especialmente para as mulheres. “Com a saída do Brasil do Mapa da Fome, registramos uma queda importante nos índices, mas 21,6% da população ainda vive em situação de insegurança alimentar, e a maioria desses domicílios é chefiada por mulheres. Esse dado precisa ser enfrentado com urgência”, declarou. 

“Sair do Mapa da Fome não significa que a fome acabou. Ainda existem pessoas em situação de insegurança alimentar no Brasil, e por isso essa política não pode ser relaxada ela precisa ser aprofundada,” reforçou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, ao abrir os trabalhos da reunião.

Também participaram do evento o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; a conselheira nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Elisabetta Recine; a secretária-executiva do Ministério da Igualdade Racial, Rachel Barros, entre outras autoridades.

A reunião segue até esta quarta-feira (10) com programação voltada ao debate sobre a soberania e segurança alimentar, destacando políticas públicas para mulheres e caminhos para o Brasil continuar fora do Mapa da Fome da ONU.

Mulheres são maioria entre responsáveis por lares em insegurança alimentar

De acordo com o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher – Raseam 2025, dados da PNAD Contínua revelam que 21,6 milhões de domicílios estavam em situação de insegurança alimentar no Brasil no quarto trimestre de 2023. Entre esses lares, 59,4% tinham mulheres como pessoas responsáveis.

Apesar disso, a maior parte dos domicílios chefiados por mulheres ainda se encontrava em condição de segurança alimentar (68,3%). O percentual, porém, é inferior ao registrado em lares chefiados por homens, onde 76,8% estavam em situação de segurança alimentar, evidenciando maior vulnerabilidade dos domicílios sob responsabilidade feminina.

Entre os lares chefiados por mulheres que enfrentavam insegurança alimentar, 20,8% estavam na condição leve, 6,2% na moderada e 4,6% na grave, o que reforça as desigualdades de gênero no acesso a alimentos adequados.

Fonte: Ministério das Mulheres