O alerta é para chuvas intensas, tempestades, fortes rajadas de vento e eventual queda de granizo.
Mais uma vez, Mato Grosso do Sul está em alerta para tempestades. O aviso publicado na página do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e divulgado pela Defesa Civil teve início no final da manhã desta terça-feira (11) e vai até às 23h59 de sexta-feira (14).
Ao menos 66 municípios do Estado estão em alerta de perigo para os temporais, que devem vir acompanhados de chuva entre 30 e 60 milímetros por hora e chegar a 100 milímetros por dia.
Também são esperados ventos intensos que podem chegar a 100 quilômetros por hora e queda de granizo.
A previsão do Centro de Monitoramento do Clima e Tempo de Mato Grosso do Sul (Cemtec), entre quarta-feira e quinta-feira é esperado um aumento de nebulosidade ao longo do dia, com tempo fechado e grande presença de nuvens em grande parte do Estado.
As condições acontecem por causa do transporte de calor e umidade associados à atuação de áreas de baixa pressão atmosféricas e à presença de uma frente fria oceânica.
Essa junção de fatores contribui para a ocorrência de chuvas intensas e tempestades com raios, ventos fortes e queda de granizo em regiões pontuais.
Segundo a previsão, essa instabilidade atmosférica deve persistir até sábado (15), mantendo o risco de temporais em diferentes regiões do Estado.
Mesmo assim, os termômetros não devem registrar temperaturas menores que 20ºC, especialmente nas regiões sul, cone-sul e Grande Dourados. Na Capital, as máximas podem chegar a 33ºC até o final de semana.
A Energisa/MS também emitiu nota alertando a população sobre a previsão de chuvas fortes e temporais e reforçou cuidados a serem tomados, como se manter em local seguro, desligar os aparelhos da tomada. “Caso observe objetos na rede elétrica ou cabos rompidos, jamais se aproxime. Profissionais qualificados serão enviados ao local para realizar atendimento com segurança”.
“A Energisa MS monitora e acompanha as mudanças climáticas junto aos órgãos como o Cemtec/MS, o NetClima e a Defesa Civil e diante da possibilidade de fortes ventos e outras ocorrências severas, traçamos um plano com antecedência para mobilizar as equipes para atender a população com rapidez e segurança”, diz o gerente de Operações Helier Fioravante.
E os tornados?
Após a passagem de três tornados no interior do estado do Paraná, todo vento mais forte tem sido motivo de medo e apreensão entre os brasileiros, especialmente entre os sul-mato-grossenses, vizinhos do estado atingido.
Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), os ventos alcançaram a velocidade de 330 quilômetros por hora (km/h), o que resultou em 7 mortes, mais de 750 feridos e diversos imóveis destruídos nos 3 municípios que somam 210,2 mil habitantes.
Em entrevista ao Correio do Estado, o professor e doutor em Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e coordenador do projeto da instituição de monitoramento da qualidade do ar, Widinei Fernandes Alves, afirmou que é possível que o Estado tenha esse tipo de fenômeno.
“É possível. Principalmente na região sul [de MS]. Para a sua formação, são necessárias condições meteorológicas específicas para que haja uma rotação das massas de ar”, explica.
Em reportagem especial do Fantástico, que foi ao ar neste domingo, especialistas também afirmaram que a região sul do Estado, que faz divisa com o Paraná e compreende cidades como Dourados, Ivinhema, Naviraí, Caarapó e Fátima do Sul, pode presenciar tornados nas magnitudes observadas na sexta-feira, assim como as regiões oeste de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
“Nós temos uma combinação de fatores. A cerca de 1.500 metros de altura, a gente tem esse transporte de umidade, desde a Amazônia até o Sul do Brasil, isso recebe o nome também de rios atmosféricos. É como se nós tivéssemos um empoçamento de umidade”, detalhou Ernani Lima, especialista em Tornados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Somado a isso, você tem a incursão pela Argentina cruzando os Andes de massas de ar polares, que traz um ar mais frio e seco. Esse contraste de massas de ar gera um fenômeno que a gente chama de cisalhamento vertical do vento, ou seja, é a intensificação do vento com a altura. Essa é uma condição que favorece a formação de tempestades rotativas”, completa.
Widinei ainda complementa que as mudanças climáticas que vêm acontecendo no mundo contribuem para que mais eventos “inusitados” aconteçam com mais frequência.
“O principal efeito das mudanças climáticas é o aumento da temperatura da superfície. Esse aumento da temperatura provoca a evaporação, ou seja, vamos ter mais vapor na atmosfera. Isso tende a intensificar essas tempestades, então nós teremos eventos com tempestades mais severas e, evidentemente, isso muda também a circulação atmosférica que pode ocorrer”, explica.
Essas alterações devem influenciar em uma maior ocorrência de raios na região tropical do Brasil, onde está situado Mato Grosso do Sul, o que deve tornar a ocorrência de tornados mais frequentes, de acordo com o professor.
Fonte: Correio do Estado
*Colaborou Felipe Machado


