Exportações de tilápia crescem 52% no primeiro semestre, mas tarifa dos EUA ameaça setor

Crescimento da piscicultura no mercado interno

O setor de piscicultura brasileiro registrou resultados positivos na primeira metade de 2025, com avanço no mercado interno impulsionado pelo aumento da oferta e pela redução de preços ao consumidor em relação ao mesmo período de 2024, aponta a PEIXE BR.

Exportações internacionais registram alta, mas futuro é incerto

No comércio externo, as exportações brasileiras cresceram 52% no primeiro semestre, principalmente de filé fresco de tilápia para os Estados Unidos. No entanto, a recente imposição de uma tarifa de 50% pelo governo americano pode zerar os embarques para o país no segundo semestre.

“Sem ação do governo brasileiro para negociar, teremos exportações praticamente nulas, agravando a crise interna, especialmente com a entrada de filés de tilápia do Vietnã”, alerta Francisco Medeiros, presidente da PEIXE BR.

Preços da tilápia caem 14,6%

Apesar do consumo estável, o preço da tilápia sofreu forte queda, passando de R$9,42/kg no primeiro semestre de 2024 para R$8,04/kg em 2025, recuo de 14,6%. O peso médio dos peixes aumentou 11,1%, indicando maior oferta de tilápias mais pesadas.

Segundo Thiago Bernardino de Carvalho, do Cepea/Esalq, a leve redução no custo da ração (2,9%) não compensou a pressão sobre as margens, que caíram 45,5%, de R$2,82 para R$1,54 por quilo comercializado.

Crescimento na produção e alojamento de alevinos

O setor registrou aumento de 18,7% no alojamento de alevinos e juvenis, principalmente por iniciativa das cooperativas, sinalizando expectativa de expansão da produção futura.

Tilápia domina exportações

De acordo com a Embrapa Pesca e Aquicultura, a tilápia representou 95% das exportações de piscicultura no período, totalizando US$ 36 milhões em 8 mil toneladas. Os Estados Unidos foram o principal destino, respondendo por cerca de 90% das vendas, seguidos pelo Peru, com US$ 1,8 milhão.

Principais polos de produção

O tambaqui se destaca em Ariquemes (RO), enquanto a tilápia possui cadeia produtiva estruturada em regiões como Oeste do Paraná, Morada Nova de Minas (MG), Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Norte do Paraná e Região dos Grandes Lagos (SP/MS).

Carvalho ressalta que a consolidação de polos e indicadores regionais de preços aumentou a visibilidade do mercado, beneficiando produtores, compradores e demais agentes da cadeia.

Importações do Vietnã preocupam setor

O ingresso de filés de tilápia do Vietnã com preços muito abaixo dos praticados internamente, considerado dumping por especialistas, ameaça a sustentabilidade da produção nacional.

“O Vietnã utiliza procedimentos proibidos no Brasil, prejudicando a competitividade da nossa indústria”, afirma Medeiros. A Embrapa tem adotado medidas para minimizar riscos econômicos e sanitários dessas importações.

Desafios para o segundo semestre

A combinação de barreiras comerciais e aumento da importação gera incerteza para o setor. O foco está na diversificação do mix de produtos e na abertura de novos mercados internacionais, especialmente para produtos congelados, essenciais para manter a competitividade da piscicultura brasileira.

Apesar dos obstáculos, especialistas veem potencial de valorização da tilápia nacional se políticas públicas e investimentos em infraestrutura forem implementados.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio