Filha de Militino, Edna Lauro de Arruda conta que o pai nunca abandonou a militância e, mesmo depois da descoberta de um câncer, em dezembro do ano passado
Morreu na noite desta quarta-feira (15), em Campo Grande, aos 81 anos, o aposentado e militante histórico do PT, Militino Domingos de Arruda. O petista roxo carregava as cores do partido e palavras de defesa das principais lideranças da legenda, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff, nas roupas, por toda a casa e até no carro.
Filha de Militino, Edna Lauro de Arruda conta que o pai nunca abandonou a militância e, mesmo depois da descoberta de um câncer, em dezembro do ano passado, continuava “petista roxo”. “A cabeceira da cama dele sempre tinha camisetas com o rosto da Dorcelina Folador e da Dilma”, lembrou.
Morador do Bairro Parque Novos Estados há quase quatro décadas, a casa sempre foi ornamentada com cores e símbolos do Partido dos Trabalhadores e tinha até pequenas lousas com frases que mudavam diariamente.
A luta contra o câncer diminuiu a intensidade da militância, mas não afastou Militino da vivência do partido. Mesmo doente, fez questão de votar nas eleições internas do PT, em junho deste ano, que elegeram o deputado federal Vander Loubet (PT) como presidente estadual da Executiva e o deputado estadual Pedro Kemp (PT) como presidente municipal da legenda.
O aposentado também era um defensor da participação popular na política. Mesmo depois de completar 70 anos, quando o voto não é mais obrigatório, ele ia às urnas escolher seus representantes, como fez nas disputas de 2022 e 2024.
Em entrevista ao Campo Grande News na última eleição presidencial, ele disse que nunca deixaria de votar. Segundo ele, a militância começou há mais de 35 anos, depois de uma conversa com um amigo sindicalista, em Corumbá, onde nasceu. “Foi o suficiente para abrir minha cabeça. Na conversa com ele, eu peguei o que é política”, contou em 2022.
A paixão e a defesa pelo PT ainda fizeram com que ele protagonizasse uma cena histórica da política campo-grandense. Há mais de 20 anos, brigou com o então prefeito da Capital, André Puccinelli (MDB), durante um evento que acontecia em um domingo, com passe livre no transporte público.
Segundo a filha de Militino, ao vê-lo a caráter com roupas do PT, um dos seguranças tentou impedir o militante de entrar no ônibus; a confusão aumentou, com Puccinelli entrando na briga. Edna conta que os dois foram para a delegacia. “Teve todo o processo e acabou por isso mesmo”, concluiu.
O deputado Pedro Kemp protocolou uma moção de pesar pela morte de Militino. Ao Campo Grande News, lembrou que o aposentado sempre estava presente em todas as nossas atividades partidárias e nas campanhas dos candidatos do PT. “Era um grande exemplo de militante e estimado por todos os nossos filiados. Tinha a militância até no nome. Sua presença entre nós fortaleceu nossa luta e nos incentiva a continuar”, disse.
O deputado Zeca do PT, assinou a moção e lamentou a morte do petista. “É com profundo pesar e tristeza que me somo a moção. Militino foi um militante histórico, libertário, absolutamente comprometido com a vida, com a dignidade do ser humano e justiça social e leva com ele os sonhos libertários da construção de uma sociedade mais justa e humana”, disse.
Em nota, os diretórios estadual e municipal do PT lamentaram a morte de Militino, que se filiou ao partido em 1989. “Conhecido por toda a cidade pela firmeza de suas exposições do projeto político que defendia. Manifestava sua posição com adesivos, frases escritas a mão e cartazes em seu carro e na sua residência, de forma corajosa, altiva, mesmo em momentos de perseguição política”, ressaltou.
O velório acontece no Cemitério Memorial Park, na Rua Francisco dos Anjos, no Bairro Pioneiros, e o sepultamento está previsto para as 13h30.
Fonte: Campograndenews


