“Um País Chamado Fronteira” reuniu em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero vozes essenciais do cinema. Durante três dias, artistas, autoridades e ativistas culturais do Brasil e Paraguai celebraram a cooperação, transformando a fronteira em um território onde artes, literatura e cinema se encontram. O evento aconteceu até este domingo (31) entre desafios da convivência pacífica, diferenças no desenvolvimento e dificuldades do cotidiano transfronteiriço.
O Festival de Cinema Um País Chamado Fronteira mostrou que, quando povos se integram culturalmente e socialmente, as barreiras desaparecem.
Realizado no anfiteatro da Prefeitura de Ponta Porã, o Festival foi definido pela secretária de Desenvolvimento Integrado, Raquel Lageano Quintino, representante do prefeito Eduardo Campos, como “uma demonstração de resistência e da força do cinema como elemento de integração cultural na fronteira”.
O jornalista e escritor Bosco Martins, representante do secretário estadual de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, destacou a presença do “mítico escritor fronteiriço Brígido Ibanhes, nascido em Bella Vista do Norte (Paraguai), autor de obras que marcaram a literatura sul-mato-grossense”.
Ibanhes emocionou o público ao afirmar: “Nasci e me criei aqui e quero descansar neste país chamado fronteira”, lembrando também escritores regionais como Elpídio Reis e Hélio Serejo, símbolos da integração cultural entre brasileiros e paraguaios.
Para o gerente de Cultura do município, Éder Rubens da Silva, o Festival representou “um intercâmbio inédito entre produtores, gestores e cineastas dos dois países, fortalecendo laços culturais e sociais”. Bosco Martins reforçou que o evento deve seguir sendo uma forte parceria com a gestão pública: “A fronteira é mais que um limite geográfico. É um espaço de trocas, identidades e conflitos. Por isso o Festival precisa se tornar política pública, garantindo sua continuidade e consolidando o cinema como expressão desse território dinâmico e complexo”.
A cineasta Marineti Pinheiro, uma das idealizadoras e organizadoras, destacou que a cultura tem papel decisivo de fortalecer a cooperação transfronteiriça. “Este país chamado fronteira possui um dinamismo cultural e comercial que precisa de iniciativas como esta para se fortalecer, em especial na atividade audiovisual que tem um poder mágico de integração e irmandade”, afirmou.
Homenagens
O Festival prestou tributo a grandes nomes. Do lado brasileiro, o ator e diretor David Cardoso foi ovacionado pelo público; o cartazista Germano Moura, autodidata que marcou época com suas artes gráficas, emocionou ao relembrar sua trajetória; e o escritor Brígido Ibanhes, que inspirou o nome do Festival, recebeu reconhecimento especial. Do lado paraguaio, foram lembrados in memoriam os atores Jesús Pérez e Ana Ivanova, além do projeto Cine Paraguaio do Consulado do Paraguai no Brasil.
Programação
O Festival contou com um pré-evento, “Democratizando o Acesso ao Cinema”, que levou sessões a escolas de Cabeceira do Apa, Sanga Puitã, Assentamento Nova Itamarati e Grande Marambaia, com apoio de cineclubes locais contemplados pela Lei Paulo Gustavo, onde foram atingidas mais de 2 mil estudantes nas de escolas e instituições públicas e outras 500 que foram a sala de cinema comercial com direito a pipoca e luz mágica da sétima arte!
Entre os destaques da programação estiveram:
A Mostra Festival do Minuto no IFMS – Câmpus Ponta Porã; a tradicional Passarinhada no Parque dos Ervais, organizada pelo Instituto Mamede e UFT, unindo cinema e consciência ambiental; oficina de atuação com o renomado ator paraguaio Celso Franco (protagonista de 7 Caixas); exibição de Cainguange – A Pontaria do Diabo (Brasil), seguida de calorosa homenagem a David Cardoso.
Emoção
A cineasta Marineti Pinheiro emocionou-se ao lembrar sua trajetória de pesquisa sobre as salas de cinema de Mato Grosso do Sul: “Sou memorialista, apaixonada por essa história. Ver este festival nascer na fronteira é um sonho coletivo, fruto da dedicação de muita gente”.
Presenças
Entre os participantes, estiveram: Oscar Mosqueira (Circuito Cultural Guaraní Assunção), Wesley Tolentino (secretário Municipal de Administração), João Evanio Caetano Borba (superintendente de Desenvolvimento Integrado), Douglas Diégues poeta e escritor fronteiriço, Ana Paula Ostapenko (Pantanal Film Commission e Fundação de Cultura de MS), Caroline Garcia (Gabinete do MinC em Campo Grande), Anderson Lima (MinC-MS e Associação Flor e Espinho), Rozana Vanessa Fagundes Godoi (UFMS), Daiana (Ministério do Planejamento e Orçamento), Anderson Luiz Alves de Oliveira (SETESC-MS), Mario Tonane (Conselho de Atores do Paraguai), Vitor Ullón (Kuatia – Associação de Guionistas do Paraguai), Miguel Lopez (Setor Audiovisual do Paraguai), Celso Franco (ator, Assunção), Rafael Rodrigues (Conselho Municipal de Cultura), Fábio Miguel (UEMS – Ponta Porã), Maximiliano Linieres (INAP – Paraguai), Daiana Ferreira da Costa e a Primeira Chefe Oficial Encarregada Cultural do Consulado do Paraguai em Ponta Porã.
Parcerias e Apoio
O evento foi viabilizado pela Prefeitura de Ponta Porã e Sonhares Filmes, com apoio do Circuito Cultural Guarani, IFMS – Ponta Porã, cineclubes locais, Consulado do Paraguai em Ponta Porã e o Circuito de Cinema em Ponta Porã, além de empresas parceiras: Zarah Home, Padaria Pão de Mel, Ótica Diniz, Felips Burger, Esfiha de Ponta, Urban 66, CTJ Casa das Rações, Mobile Decor e Budegas Bar



