Além de garantir a destinação correta de resíduos, o Festival vai neutralizar suas emissões de carbono com o plantio de árvores nativas em Bonito, engajando o público por meio de QR Code interativo
Pela primeira vez, o Festival de Inverno de Bonito adota integralmente a metodologia Lixo Zero, garantindo que todo o resíduo gerado durante o evento tenha destinação correta. O gerenciamento é de responsabilidade da Ciclo Azul, empresa de Bonito especializada em soluções ambientais, que envolve trabalhadores do próprio município e gera renda local.
Para que o Festival seja, de fato, Lixo Zero, é necessário que todos respeitem as lixeiras e façam o descarte correto. A diretora executiva e sócia-fundadora da Ciclo Azul, Lívia Medeiros Cordeiro, explica que o desafio é transformar a coleta em oportunidade de reciclagem e compostagem.
“Esse ano a empresa está com o desafio de fazer o melhor gerenciamento de resíduos sólidos do Festival, para destinar a maior parte desses resíduos orgânicos à compostagem e os materiais recicláveis serão doados às famílias e às pessoas que são os agentes de reciclagem que trabalham e vivem desse comércio na cidade. Nós estaremos com uma tenda no CMU, na Praça do Peixe e na Praça do Rádio. Nós teremos uma equipe passando em todos os locais, inclusive nos locais onde estão tendo oficinas, para fazer essa sensibilização sobre o descarte correto dos resíduos. A equipe vai estar circulando pelo Festival, esvaziando e coletando esses resíduos, todo o resíduo coletado será pesado e registrado a sua destinação. Então nós já temos uma rede de recicladores que ao final do dia estarão levando essas bags para os seus depósitos”.
O apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bonito é essencial para complementar a ação, com serviços de varrição, limpeza da praça durante as madrugadas e retirada dos rejeitos, materiais que não podem ser reciclados ou compostados.
“A Prefeitura de Bonito, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ficará responsável pela retirada dos rejeitos — materiais que não podem ser reciclados ou compostados. Já a Ciclo Azul vai instalar bombonas específicas nos pontos de alimentação para o descarte de resíduos orgânicos, garantindo que cada tipo de lixo tenha o destino adequado. O Lixo Zero é uma metodologia para a qual somos credenciados e que tem como princípio básico a separação na fonte. Para que o Festival seja, de fato, Lixo Zero, precisamos que cada pessoa faça a sua parte: respeitar as lixeiras e descartar corretamente seus resíduos. Nossa meta é destinar mais de 70%, 80% e, quem sabe, ultrapassar os 90% de reaproveitamento. Mas esse resultado só será possível com o engajamento de todo o público”, reforça Lívia.
O coletor Jhonathan Sánchez Ferreira, que integra a equipe da Ciclo Azul, destaca a importância da separação. “A gente está separando em três tipos. O não reciclável, reciclável e o orgânico. É bom porque ajuda a direcionar o lixo direito no seu devido lugar, para não acabar com o Bonito, né? Porque o Bonito é muito bonito para ter um acúmulo de lixo, para a natureza”, ressalta.
A fotógrafa Eveline Cássia Larrea Rocha, moradora de Bonito, vê no projeto uma oportunidade de conscientização.
“Eu acho que não tem nada mais legal de mostrar do que o exemplo. Então as crianças verem acontecendo na prática é muito importante. A gente recicla nosso lixo em casa, separa o lixo seco do úmido. No meu bairro passa duas vezes por semana o caminhão que recolhe o reciclado. Então a gente faz esse trabalho em casa, separando plásticos, vidros, papelão. Durante o Festival é ainda mais importante, porque aumenta o volume de pessoas e, consequentemente, o lixo na cidade. Bonito é uma cidade pequena, então ter essa coleta consciente ajuda diretamente o meio ambiente”, enfatiza.
O administrador de empresas Carlos Eduardo Silva, visitante de Cuiabá, acredita que o Lixo Zero tem efeito multiplicador.
“Eu gosto muito desse tema, eu acho que as pessoas precisam ter essa responsabilidade. E o Festival, endossando isso, é maravilhoso. Acho que as pessoas se conscientizam e, se isso puder multiplicar, que Bonito seja o Bonito do Brasil para falar sobre isso. Ter o Lixo Zero durante o Festival é significativo, em primeiro lugar, pela educação das pessoas e por mostrar que é possível a responsabilidade do lixo. Em segundo lugar, e não menos importante, pela possibilidade de retorno financeiro para quem vive da reciclagem. E o lixo orgânico, quando vai para o destino certo, significa menos gastos e menos despesas para a prefeitura. O espaço fica bonito e é benefício para todo mundo. Isso é incrível”, disse.
Já a engenheira civil Isabela Vieira, de Campo Grande, reforça que o Festival pode inspirar mudanças no hábito das pessoas.
“No Brasil ainda temos muito pouco de coleta seletiva. Lá em casa a gente separa o lixo, não tem coleta seletiva, mas levamos em local de coleta. É necessário, porque produzimos muita quantidade de lixo. Durante o Festival essa coleta é muito interessante, faz as pessoas verem com outros olhos. Também é simples, não é nada de outro mundo, todo mundo pode fazer. A cidade fica mais limpa e, futuramente, as pessoas não vão ter essa preocupação. Vai ser algo natural, parte do dia a dia”, conclui.
Descarbonização: legado verde para Bonito
Além da gestão de resíduos, o Festival também assume o compromisso da descarbonização. O objetivo é neutralizar as emissões de gases de efeito estufa geradas pelo evento, desde transporte, até energia e alimentação.
O processo funciona de forma simples: durante o Festival, o público é convidado a escanear um QR Code disponível nas telas e materiais de comunicação do evento. Cada participação registrada ajuda a contabilizar o número de árvores nativas que serão plantadas em Bonito para compensar as emissões de carbono.
Essa prática não apenas reduz os impactos ambientais do Festival, mas também deixa um legado duradouro para a cidade, fortalecendo a biodiversidade local, contribuindo para a captura de carbono e criando áreas verdes que beneficiam toda a comunidade.
Karina Lima, Ascom FIB 2025
Fotos: Ascom FIB 2025
Fonte: Governo MS