O evento contou com a presença do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto
Após 30 anos, o ex-governador Reinaldo Azambuja deixa o ninho tucano e, na manhã deste domingo (21), oficializou sua filiação ao Partido Liberal (PL), destacando que a mudança tem como principal foco o fortalecimento da direita em Mato Grosso do Sul e as eleições de 2026.
“Fico muito feliz pelo convite de me juntar à sigla. Deixo o PSDB depois de trinta anos, e a palavra que usei é gratidão e respeito. Mas sou adepto a desafios, e esse desafio de entrar no PL é para fortalecer a direita aqui em Mato Grosso do Sul e propiciar bons momentos para o futuro do nosso Estado e país”, comentou Reinaldo.
O ingresso de Reinaldo no partido, conforme adiantou a reportagem, envolve comandar em Mato Grosso do Sul um arco de alianças formado também por outros partidos de centro-direita, como PP, União Brasil, Republicanos, Podemos, PSD e até o MDB, que, diferentemente de outros estados, tem aqui um viés à direita.
O evento contou com a presença do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto; do secretário-geral do partido, o senador Rogério Marinho (PL-RS); e de lideranças parlamentares de outras siglas, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS).
Falando em nome da Federação (PP, União Brasil e PL), a senadora Tereza Cristina discursou a favor da união da direita em um pacto para retomar a liderança do país.
“A direita tem que caminhar junta, a Federação está unida, e nós somos direita; precisamos tomar o governo deste PT, e só vamos conseguir, presidente Valdemar, se estivermos juntos”, ressaltou a senadora.
Já Valdemar agradeceu a Azambuja por ter prestigiado o partido com a sua ida ao PL, um pedido pessoal do ex-presidente Bolsonaro, e, a partir de agora, passa a comandar o partido, decisão, segundo ele, tratada com o presidente estadual do PL no Mato Grosso do Sul, o tenente Portela.
“Reinaldo Azambuja foi a maior aquisição que o presidente Bolsonaro conseguiu fazer pelo partido. Eles acertaram o que nós não conseguimos. No Mato Grosso do Sul, o PP já estava com a Tereza, e, por isso, precisávamos trazer o Reinaldo, porque ele elegeu o Eduardo Riedel, que é o governador mais bem aprovado do Brasil. Então, um dia, o Bolsonaro chega e fala para mim: ‘Valdemar, conversei com o Rogério Marinho; ele vai agora falar com o Azambuja para trazê-lo ao PL.’ Isso mostrou que nós estamos mais fortes em todo o Norte, em todo o Centro-Oeste”, frisou Valdemar.
Apoio da família Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro, representando o pai, que está proibido de gravar vídeos, áudios ou fazer transmissões em redes sociais conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou uma mensagem dando boas-vindas ao ex-governador.
“Estamos em um momento crítico do país, em que precisamos de aliados preparados, de pessoas leais ao nosso lado, que estejam prontas para resgatar a democracia do nosso Brasil. Portanto, confio muito que você venha para o nosso time, com a missão de cerrar fileiras conosco, porque, infelizmente, as coisas não estão normais no nosso país. Precisamos, mais do que nunca, de homens públicos corretos, fortes e que tenham fé de que Deus vai conseguir ajudar o nosso país a sair dessa situação”, disse o senador.

Reeleição e enfrentamento a Lula
O ex-governador pontuou seu plano no cenário regional de apoio à reeleição do governador Eduardo Riedel e não deixou de fora a pauta nacional, que envolve a eleição presidencial do próximo ano.
“Temos uma eleição importante no ano que vem, que é a reeleição do Riedel, e a possibilidade do presidente Lula voltar a governar o país, e nós não queremos isso. Então, estamos nos unindo aqui em uma força de direita e de centro para enfrentar esse adversário comum e, através de uma musculatura política desse grupo, conseguimos atingir o objetivo de olhar pelo Brasil”, pontuou Reinaldo.
Descrevendo o momento como uma transição política necessária para a direita voltar a comandar o país, o governador Eduardo Riedel afirmou que o Estado está tomando o melhor direcionamento político.
“A gente chega agora a uma mudança efetiva de união pela direita. Eu acho que é disso que estamos falando: um projeto que foi construído e que está sempre dando sequência, para que possamos, entre partidos e lideranças, todos aqui hoje, trazer pela direita o debate que o Brasil precisa, o debate para Mato Grosso do Sul, que será colocado nas eleições do ano que vem.”
O Secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, acredita que o governo do Estado caminha para um movimento correto com a ida de Azambuja para o PL, no apoio à reeleição de Riedel.
“O Reinaldo tomou a decisão de ir para um partido de centro-direita, que é o caso do PL, em composição com o Eduardo Riedel, trazendo o partido para apoiar a reeleição de Riedel”, frisou Verruck e completou:
“A gente está numa linha correta para definir uma identidade, que é um governo, como o governador sempre destaca, de centro. A ideia do governador Eduardo Riedel é sempre reunir apoio de todos os partidos para sua reeleição, e esse é um caminho dentro do PL”.
Alinhamento
O ex-governador André Puccinelli esteve presente no evento e ressaltou que cabe uma sinalização de respaldo e apoio do PL para que a aliança com o MDB continue no Estado.
“Eles se elegeram pelo PSDB em aliança conosco a deputado estadual e a deputado federal da mesma forma. Na eleição do Reinaldo, eu e dez deputados eleitos na minha chapa apoiamos o Reinaldo”, pontuou o emedebista.
Prefeitos que se filiaram ao PL
Mauro do Atlântico – Aquidauana
Aldenir Barbosa – Novo Horizonte do Sul
Cláudio Ferreira – Jaraguari
Erlon Fernando – Sete Quedas
Henrique Ezoe – Rio Negro
Ivan da Cruz Pereira, o Ivan Xixi – Paraíso das Águas
Neco Pagliosa – Caracol
Juliano Ferro – Ivinhema
Juliano Guga Miranda – Jardim
Marcos Calderan – Maracaju
Josmail Rodrigues – Bonito
Manoel Aparecido, o Cido – Anastácio
Thalles Tomazelli – Itaquiraí
Rogério Torqueti – Tacuru
Rosária de Fátima – Mundo Novo
Wagner Ponsiano – Fátima do Sul
Arino Jorge – Rochedo
Uma vida
Filiado ao PSDB desde 1996, quando disputou e venceu a eleição para prefeito de Maracaju, Azambuja derrotou Germano Francisco Bellan (PDT) e Luiz Gonzaga Prata Braga (PTB).
Ele venceu o pleito com 44,03% dos votos válidos e, quatro anos depois, foi reeleito prefeito com 61,61% dos votos válidos, superando Albert Cruz Kuendig (PT).
Em 2006, elegeu-se deputado estadual e obteve a maior votação da história de Mato Grosso do Sul para a época, atingindo cerca de 47.772 votos válidos. Quatro anos depois, em 2010, ganhou a eleição para deputado federal com cerca de 122.213 votos válidos.
No exercício do mandato, ele se candidatou a prefeito de Campo Grande em 2012, obtendo 113.629 votos no primeiro turno, equivalente a 25,43% dos votos válidos, votação insuficiente para avançar ao segundo turno.
Apesar da derrota nas eleições municipais, Azambuja não se deixou abalar e, em 2014, concorreu ao cargo de governador e conseguiu ser eleito, derrotando o então ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), e o senador Delcídio do Amaral, que estava no PT.
Ele terminou o primeiro turno em segundo lugar, revertendo a colocação e se elegendo governador no segundo turno com 55,34% dos votos válidos contra Delcídio do Amaral.
Em 2018, Azambuja concorreu à reeleição e, novamente, venceu, no segundo turno do pleito, derrotando o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT) com 52.35% dos votos válidos.
Fonte: Correiodoestado/Colaborou Daniel Pedra