O Boletim Logístico de agosto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta sexta-feira (29), mostra que os custos de transporte seguem em elevação em diversas regiões produtoras do país. O movimento é resultado da colheita da segunda safra de milho, das exportações em ritmo acelerado e da forte demanda por caminhões, fatores que aumentaram a pressão sobre os fretes.
Milho: safra recorde sustenta mercado interno e pressiona logística
Com produção estimada em 137 milhões de toneladas, o milho brasileiro mantém preços firmes no mercado doméstico, sustentados pelo consumo interno de 90,2 milhões de toneladas. O atraso na colheita da segunda safra retardou a chegada do cereal aos armazéns, prolongando a firmeza dos preços.
As exportações reforçam a pressão logística: em julho, foram embarcadas 2,43 milhões de toneladas, contra 370 mil toneladas em junho. No acumulado de janeiro a julho, o volume chegou a 11,9 milhões de toneladas.
- Porto de Santos concentrou 24,7% dos embarques.
- Portos do Arco Norte reduziram participação para 34,7%.
- Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande ampliaram sua fatia nas exportações.
Soja: contratos futuros ganham espaço diante do custo do frete
Na soja, produtores têm optado por contratos com entrega futura, apostando em queda nos preços de frete nos próximos meses, quando haverá maior disponibilidade de caminhões.
Entre janeiro e julho, o Brasil exportou 77,4 milhões de toneladas de soja em grão, com a China como principal destino. A competitividade brasileira é favorecida pela menor presença da soja argentina no mercado.
- Pelo Arco Norte passaram 38,2% das exportações.
- O porto de Santos respondeu por 35,9%.
Farelo de soja: demanda interna aquece mercado
O setor de esmagamento deve absorver 57 milhões de toneladas de soja em 2025, frente a 52,7 milhões de toneladas no ano anterior. Essa maior demanda interna sustenta os preços, enquanto as exportações de farelo acumulam 13,3 milhões de toneladas até julho, ligeiramente abaixo de 2024.
Os portos de Santos e Paranaguá seguem como os principais canais de escoamento do produto.
Fertilizantes: importações batem recorde histórico
As importações de adubos e fertilizantes chegaram a 24,2 milhões de toneladas entre janeiro e julho, alta de 8,86% em relação a 2024. Apenas em julho, foram 4,8 milhões de toneladas, o maior volume da série histórica para o mês.
- O porto de Paranaguá lidera com 6,34 milhões de toneladas.
- Arco Norte e Santos vêm na sequência.
Apesar do aumento, a alta internacional dos preços e a incerteza sobre o mercado de nitrogenados, especialmente diante da possível licitação indiana para compra de ureia, têm levado produtores a adiar aquisições, o que pode impactar o abastecimento na próxima safra.
Fretes: regiões produtoras enfrentam alta generalizada
O comportamento do frete variou entre estados em julho:
- Distrito Federal e Maranhão registraram queda em algumas rotas, com menor demanda após o fim da colheita de soja.
- Bahia manteve estabilidade em Irecê e Paripiranga, mas Luís Eduardo Magalhães teve alta com maior fluxo de grãos e algodão.
- Minas Gerais apresentou cenário heterogêneo, com aumentos de até 9% em algumas rotas.
Nos principais polos produtores, como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí e São Paulo, os valores subiram, impulsionados pela colheita de grãos, demanda aquecida por transporte e ajustes regulatórios da ANTT.
Publicação mensal da Conab
O Boletim Logístico da Conab é divulgado mensalmente e reúne informações sobre dez estados produtores. O documento analisa a logística agropecuária, o desempenho das exportações, a movimentação de cargas e as principais rotas de escoamento da safra.
Boletim Logístico – Agosto/2025
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio