O estudo analisou partículas finas PM2,5, que podem penetrar profundamente nos pulmões e afetar a saúde
Os incêndios recordes na Amazônia ocidental e a seca intensa no norte da América do Sul, no ano passado, causaram a maior degradação da qualidade do ar global. A informação consta no Boletim de Qualidade do Ar e Clima 2024, divulgado nesta quinta-feira pela OMM (Organização Meteorológica Mundial).
O estudo analisou partículas finas PM2,5, que podem penetrar profundamente nos pulmões e afetar a saúde. Na época, este efeito foi sentido em Mato Grosso do Sul: céu esbranquiçado, baixa visibilidade e dificuldade para respirar.
O Estado teve 51 dias de ar fora da faixa “boa”, com destaque para setembro, quando 24 dias registraram qualidade ruim ou muito ruim.
Corredor de fumaça
Segundo o professor Widinei Alves Fernandes, doutor em geofísica espacial e coordenador do projeto QualiAr da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Campo Grande ficou no centro de um corredor de fumaça.
“O impacto na Capital e no oeste do Estado veio da combinação da fumaça amazônica, de Mato Grosso e da Bolívia. Já o Pantanal contribuiu mais para a poluição no sul do Estado e em cidades do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.”
Fernandes explica que os corredores de circulação de ar determinam se chega umidade ou fumaça, ressaltando que isso ficou bem evidente no Estado.
“A floresta em pé nos dá umidade que forma chuva no Centro-Oeste, mas, quando queima, nos dá fumaça”, ressalta.
Até agora, 2025 registra todos os dias com ar classificado como “bom”, segundo o QualiAr, mas o alerta sobre incêndios e poluição permanece.
Aerossóis e impactos climáticos
A divulgação do Boletim de Qualidade do Ar e Clima da OMM marca o Dia Internacional do Ar Limpo para Céus Azuis, comemorado em 7 de setembro.
O relatório global também destaca os aerossóis, partículas que influenciam a temperatura da atmosfera, pois dispõem de substâncias que aquecem o ar e aceleram o derretimento de gelo e geleiras (carbono preto e marrom) e refletem radiação solar, provocando resfriamento temporário, mas podem gerar chuva ácida (sulfatos).
Conforme a pesquisa, apesar da redução global desde os anos 1980 em algumas regiões, os níveis continuam altos na América do Sul, impulsionados pelas queimadas.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a poluição atmosférica causa mais de 4,5 milhões de mortes prematuras por ano e gera enormes custos econômicos e ambientais.
Fonte: Campograndenews