Potencial ambiental e econômico da conversão de pastagens
O Itaú BBA divulgou um estudo que destaca o enorme potencial do Brasil para evitar até 3,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) ao converter 28 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas agrícolas produtivas. Essa transformação, segundo o banco, contribuiria para a redução do desmatamento, já que cada hectare convertido evita a abertura de novas áreas de vegetação nativa.
Áreas prioritárias para a conversão
Conforme dados da Embrapa, o Brasil possui cerca de 28 milhões de hectares de pastagens com níveis intermediários a severos de degradação, mas com aptidão para a agricultura. Os estados com maior potencial são:
- Mato Grosso (5,1 milhões de hectares)
- Goiás (4,7 milhões de hectares)
- Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de hectares)
- Minas Gerais (4,0 milhões de hectares)
- Pará (2,1 milhões de hectares)
Fatores técnicos para a conversão
Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, explica que a conversão depende de condições adequadas de clima, topografia e altitude, além do nível de degradação das pastagens, o que pode influenciar os custos das operações de recuperação e conversão.
Investimentos necessários
O relatório do Itaú BBA estima que a conversão completa dos 28 milhões de hectares exigiria um investimento total de R$ 482,6 bilhões, incluindo maquinário e infraestrutura. No entanto, considerando apenas insumos e operações em propriedades já equipadas, o valor cai para R$ 188,7 bilhões.
Programa REVERTE®️ e parcerias estratégicas
Lançado em 2019 pela Syngenta, com o Itaú BBA como parceiro financeiro, o programa REVERTE®️ é a maior iniciativa privada focada na conversão de áreas degradadas no país. Inicialmente implementado em Mato Grosso, Goiás e Maranhão, o programa já se expandiu para outras regiões, incluindo o Paraguai, com apoio da organização The Nature Conservancy (TNC) para atuação no bioma Cerrado.
André Savino, presidente da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil, destaca o alinhamento do programa com as metas de sustentabilidade, focando em produtividade com menor impacto ambiental e regeneração dos solos.
Importância do crédito e coordenação estratégica
Francisco Queiroz reforça que o diferencial do REVERTE®️ está no acesso ao crédito com condições adequadas ao ciclo de retorno do investimento. Ele ressalta a oportunidade do Brasil liderar uma revolução tropical sustentável, integrando políticas públicas, financiamento privado e ciência agronômica para garantir impactos positivos na economia, clima e sociedade.
Impactos na produção agrícola
A conversão das pastagens pode elevar significativamente a produção nacional de grãos:
- A soja, que hoje ocupa 47,5 milhões de hectares, poderia crescer 59% com a incorporação de 28 milhões de hectares, resultando em mais de 100 milhões de toneladas adicionais — equivalente a duas safras do Mato Grosso ou duas da Argentina.
- Na segunda safra de milho (milho safrinha), a área pode crescer 10,2 milhões de hectares, com um incremento estimado de 52,8 milhões de toneladas.
- No total, soja e milho juntos poderiam adicionar 158 milhões de toneladas à safra nacional, representando um aumento de 52% sobre a produção atual de 300 milhões de toneladas.
Valorização fundiária e benefícios econômicos
Além do impacto na produção, o estudo projeta uma valorização fundiária de até R$ 904 bilhões nas áreas convertidas. O aumento da produção agrícola também deve gerar externalidades positivas, como maior competitividade da cadeia de proteínas animais, intensificação da pecuária de corte e expansão da oferta de biocombustíveis.
Essa análise evidencia o potencial do Brasil para crescer economicamente de forma sustentável, aproveitando áreas já degradadas e fortalecendo sua posição no mercado agrícola global.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio