Nesta segunda-feira (10), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, oficializou a transferência simbólica da sede da pasta para o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém (PA). De acordo com a Portaria nº 792/2025, o MCTI mantém a base na capital do Pará durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), até 21 de novembro. “A ciência brasileira está pronta para contribuir para os debates da COP30, e é daqui, de Belém, que vamos acompanhar e pautar ações estratégicas para o futuro sustentável da Amazônia e do planeta”, afirmou a chefe da pasta.
A mudança transporta a atuação do ministério ao centro do debate, o fixando temporariamente dentro de um instituto de ciência e tecnologia (ICT) vinculado ao MCTI. “O Goeldi é umas das instituições de pesquisa mais antigas deste País. São 179 anos com atuação fundamental para cumprir a missão de encontrar soluções para desafios complexos”, disse Luciana. Segundo a ministra, a mudança de base mostra a importância da Amazônia, da biodiversidade, da ciência local e da inovação no contexto das mudanças climáticas. “A Amazônia é patrimônio do povo brasileiro. Quando se tem vontade política, quando se tem visão, a gente faz diferença.”
Segundo o diretor do MPEG, Nilson Gabas Júnior, a mudança de sede do MCTI e instalação da Casa da Ciência são feitos históricos. “É uma honra imensa recebê-la, ter a nossa casa como sendo a sede do ministério. Isso é histórico. A COP30 é histórica”. Segundo ele, o papel do MPEG é sensibilizar através da arte e ciência. “Através da sensibilização artística, conseguimos chegar mais longe”.
Na oportunidade, Gabas Júnior anunciou que o MPEG ganhará uma coordenação para divulgar estudos e informações que possam colaborar com o desenvolvimento da região. “Na Amazônia, a gente vê muitos espaços que não são ocupados pelas instituições científicas sendo ocupados por organizações não governamentais. Essa coordenação atuará no desenvolvimento de ciência e de pesquisa, alimentando tomadores de decisão em suas estratégias”, contou.
O museu também abrigará a Casa da Ciência, espaço aberto ao público que conta com exposições dos 40 anos do MCTI e de ações das unidades vinculadas que atuam com Ciência pelo Clima, além de uma programação extensa de 42 eventos. São palestras e mesas-redondas interdisciplinares, abordando temas como resiliência climática e educação científica, inteligência artificial e sistemas de alerta, soluções baseadas na natureza, gestão hídrica, desertificação e segurança alimentar, além de energia sustentável e bioeconomia. A finalidade é promover o diálogo e a valorização da ciência. A inauguração será nesta terça-feira (11), às 10h. Veja a programação completa.
O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luis Antonio Elias, afirma que a COP30 coloca a agenda climática como essencial, enquanto a transferência de sede do MCTI centraliza a agenda e mostra a importância do tema. “Nós estamos vivendo dois movimentos muito significativos para a sociedade brasileira e para a ciência. A COP30 coloca na centralidade desta agenda o processo de crescimento do País, e a ministra transferir seu gabinete para essa localidade é simbólico, quem ganha é a sociedade brasileira”, disse.
O local converge como um ponto de debate sobre iniciativas tecnológicas, sociais e ambientais desenvolvidas na Amazônia, visando a conservação, a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. Além disso, reúne esforços anteriores do MCTI em torno da mobilização climática, como a criação da Subsecretaria de Ciência e Tecnologia para a Amazônia (SCTA) e do programa Pró- Amazônia.
Constância em torno da preservação
A SCTA mostra que a busca pela preservação e estabilização das mudanças climáticas é tratada pelo ministério desde as primeiras ações estratégicas da gestão atual. Estabelecida em 2023, ela funciona como articuladora das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação para a Amazônia Legal, dentro do MCTI. Segundo a ministra Luciana Santos, a região é prioridade. “Sabemos a importância dessa região para o Brasil e o mundo. Tanto que uma das primeiras ações da nossa gestão foi a criação da SCTA”, afirmou.
A partir da criação da pasta, foi possível a coordenação do Pró-Amazônia, programa que investe R$ 650 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), em ciência e tecnologia como ferramentas de proteção ambiental, inclusão social e geração de renda na região. “O Programa Pró-Amazônia foi criado para impulsionar a ciência e o desenvolvimento tecnológico sustentável. Estamos investindo em fortalecer a infraestrutura de pesquisa, promover inovação e apoiar projetos em rede e de cooperação internacional aqui”, disse a ministra.
O Pró-Amazônia tem atuação direta no MPEG por meio do fomento a pesquisas, infraestrutura científica e formação de redes de inovação voltadas à bioeconomia e à conservação da biodiversidade amazônica. O programa destina recursos do FNDCT para fortalecer o papel do Goeldi como ICT estratégica na região, apoiando projetos em monitoramento ambiental, conhecimento tradicional e valorização da sociobiodiversidade. Além disso, o órgão foi responsável pela revitalização do espaço que abriga a Casa da Ciência — o Museu Zoobotânico —, iniciada em 2024.
“Nos orgulha muito a revitalização do Parque Zoobotânico e da infraestrutura do próprio Museu Goeldi, um investimento de R$ 20 milhões que fortalece esta instituição e que permitiu que estivéssemos hoje nessa infraestrutura renovada e recuperada que estamos vendo aqui, ainda em processo, mas já bastante adiantada”, afirmou Luciana.
O Pró-Amazônia se estrutura em cinco grandes frentes:
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Biodiversidade e biotecnologia — pesquisa em recursos naturais, produtos da floresta e bioeconomia
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Monitoramento ambiental e climático — uso de tecnologias para acompanhar desmatamento, queimadas e mudanças no clima
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Energia limpa e tecnologias sociais — soluções sustentáveis de energia e inovação para comunidades isoladas
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Povos e comunidades tradicionais — valorização de saberes locais, integração com ciência e políticas públicas
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Desenvolvimento territorial sustentável — apoio a iniciativas que conciliem conservação e geração de renda
A presença do MCTI na COP30 e sua instalação no Museu Goeldi são mais um passo na constante luta pela ciência. Segundo a ministra, a nova base representa compromisso em torno de assuntos urgentes. “A instalação simbólica do MCTI aqui em Belém é também um gesto concreto de compromisso, com a Amazônia, com a ciência e com o futuro do nosso planeta”, finalizou.
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