MDS apresenta estratégia para reduzir desperdício de alimentos na COP30

A perda e o desperdício de alimentos são desafios tanto para o combate à fome quanto para o meio ambiente e as mudanças climáticas. Por isso, ações para mitigar o problema foram tema de uma mesa-redonda neste sábado (15.11) na AgriZone, espaço dedicado à agricultura sustentável na COP30. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) participou da discussão.

Na ocasião, o MDS apresentou a II Estratégia Intersetorial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos no Brasil, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Lançado em setembro deste ano, o documento define as diferenças entre “perda”, que ocorre do campo ao início do processamento, e “desperdício”, que acontece entre o varejo e o consumidor final.

A II Estratégia é composta por 21 ações para superar o impacto das mudanças climáticas e de modelos agrícolas não sustentáveis sobre os padrões alimentares e o meio ambiente.

O documento está estruturado em seis eixos de atuação: quatro focados nos elos da cadeia de abastecimento, produção e pós-colheita, mercados atacadistas, mercados varejistas e feiras, serviços de alimentação e domicílios. Os outros dois eixos são voltados para o desenvolvimento de políticas públicas em cidades e para o fortalecimento do sistema de doação de alimentos, que já conta com mais de 300 bancos de alimentos no país.

A Estratégia reforça o compromisso do Brasil em garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável, além de promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional”, Patrícia Gentil, diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável

A mesa-redonda foi mediada pela diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do MDS, Patrícia Gentil. Participaram do debate representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), da ONG WWF e da Prefeitura de Osasco (SP), que apresentou a experiência local aliada ao Alimenta Cidades, programa do MDS.

Patrícia Gentil ressaltou que a II Estratégia Intersetorial está alinhada à Política Nacional de Abastecimento Alimentar. “A Estratégia reforça o compromisso do Brasil em garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável, além de promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional, especialmente dos mais vulneráveis”, afirmou.

Para a diretora, as soluções para reduzir o desperdício e a perda de alimentos devem considerar a integração do campo à mesa. “Visamos o fortalecimento das interações entre produtores, centrais de abastecimento, varejo e consumidor”, disse.

Entre as ações prioritárias, o MDS destaca o apoio a 30 cidades brasileiras na elaboração de diagnósticos locais sobre perdas e desperdício de alimentos. “Esses diagnósticos permitirão identificar pontos críticos nos ambientes urbanos, subsidiando o planejamento de políticas e programas municipais voltados à redução do desperdício. Essa articulação permite o fortalecimento de práticas como a compostagem, o reaproveitamento de alimentos e a logística reversa, consolidando um modelo de governança intersetorial voltado à sustentabilidade”, observou Patrícia Gentil.

Em 2024, o MDS investiu R$ 12,8 milhões na modernização de bancos de alimentos. Para 2025, foi publicado um novo edital com R$ 11 milhões destinados também à modernização de bancos de alimentos e à implementação ou aprimoramento de processos de compostagem e biodigestão para reciclagem de resíduos orgânicos gerados por essas unidades.

“A iniciativa busca modernizar as estruturas físicas, ampliar a capacidade de armazenamento, otimizar a gestão operacional e promover práticas sustentáveis de manejo de resíduos, fortalecendo o papel dos bancos de alimentos na redução de perdas e desperdício e na promoção da segurança alimentar”, explicou a coordenadora.

Problema mundial
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o percentual de perda global de alimentos é de 13,2%. A perda e o desperdício ocorrem nos momentos de pós-colheita, transporte, armazenamento, atacado e processamento dos alimentos.

Segundo análise do Pnuma, feita por meio do Índice de Desperdício de Alimentos, no ano de 2022, 1,05 bilhão de toneladas de alimentos foram desperdiçados em todo o mundo. Isso equivale a 132 kg por pessoa ou quase um quinto de todos os alimentos disponíveis para o consumo. Do total desperdiçado, 60% aconteceram no domicílio, 28% nos serviços de alimentação e 12% no varejo.

O desperdício de alimentos é responsável por cerca de 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa e ocupa aproximadamente 30% das terras agrícolas do planeta. Dessa forma, a agenda da mudança climática demanda pelo fortalecimento da circularidade dos alimentos.

Assessoria de Comunicação – MDS

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome