O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) preparou uma agenda especial para recepcionar as representantes da Marcha das Mulheres Negras, que será em Brasília nesta terça-feira (25.11), com participação de mulheres de todo o Brasil. Por meio de suas secretarias, o MDS realizou nesta segunda-feira (24.11), um seminário nacional sobre políticas sociais com foco no SUAS sem racismo, na sede da pasta.
Clátia Vieira, representante da Marcha das Mulheres Negras, compôs a mesa de abertura e destacou a relevância do encontro. “Falar de reparação e bem viver é apontar o que isso significa para as mulheres negras e para o povo preto. Precisamos nos aproximar dessa política de assistência, porque a assistência se compromete com nossa pauta. É importante estarmos nos lugares. Precisamos furar a bolha, empurrar a porta e estar onde as demandas são formuladas por quem as vive”, afirmou.
Ela também analisou as políticas de assistência social voltadas às mulheres negras e enfatizou o papel do Bolsa Família. “O Bolsa Família é fantástico, mas nosso desafio é sair dele. As mulheres que recebem o benefício querem emprego e dignidade”, avaliou.
A ocasião contou com a presença de representantes do MDS, que apresentaram as políticas sociais executadas e reforçaram sua importância para a construção de um Brasil mais justo, com menos desigualdades.
Entendi que o Bolsa Família não cria dependência, ele dá condições para que as famílias sigam seu próprio caminho, como aconteceu comigo. Hoje estou na universidade e escolhi estudar políticas públicas porque vivi na prática o impacto que elas têm na vida de muitos brasileiros”
Gabrielly Gomes, estudante de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de Brasília (UnB)
Um momento marcante foi o depoimento de Gabrielly Gomes, 19 anos e estudante de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de Brasília (UnB). Ex-beneficiária do Bolsa Família, ela relatou como o programa foi decisivo para sua trajetória.
“Quando eu era pequena, meus pais passaram por uma fase muito difícil. Meu pai era marceneiro e havia voltado de uma tentativa frustrada de buscar oportunidades fora do país e minha mãe precisava cuidar de mim e dos meus cinco irmãos. Nesse período, o Bolsa Família foi a nossa salvação, pois garantiu alimento na mesa”, contou.
Para Gabrielly, o programa permitiu que sua família seguisse com autonomia. “Entendi que o Bolsa Família não cria dependência, ele dá condições para que as famílias sigam seu próprio caminho, como aconteceu comigo. Hoje estou na universidade e escolhi estudar políticas públicas porque vivi na prática o impacto que elas têm na vida de muitos brasileiros. Somos muito gratos ao programa por nos ter dado dignidade, segurança, saúde e educação”, comemorou.
A secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Eliane Aquino, lembrou que o Bolsa Família é um programa que está em todos os municípios brasileiros. “Quando observo o perfil do público do programa, vejo que a maioria é formada por mulheres pretas e pardas. Nossa luta é fazer com que as filhas negras dessas mulheres não se tornem futuras beneficiárias e que as políticas públicas cheguem a elas”, destacou.
Edgilson de Araújo, presidente do Conselho Nacional de Assistência Social e diretor do Departamento da Rede Socioassistencial Privada do MDS, reforçou a importância de romper as fronteiras que as mulheres negras possuem e ampliar a representatividade racial. “Precisamos enegrecer a Esplanada dos Ministérios e enegrecer as estruturas do SUAS”, defendeu.
A chefe da Assessoria Especial de Participação Social e Diversidade (ASPD) do MDS, Jéssica Leite, ressaltou a relevância da iniciativa. “Estamos trabalhando para recepcionar a Marcha das Mulheres Negras da melhor forma possível, apresentando o que tem sido desenvolvido pelo Governo Federal no âmbito das políticas sociais. As mulheres negras são as protagonistas que acessam grande parte dos programas do MDS”, disse.
A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, detalhou os desafios do governo na reconstrução do Brasil e a centralidade das mulheres negras na formulação das políticas públicas. “Precisamos incluir as mulheres negras no orçamento e nas políticas públicas. Nosso esforço é contínuo, e alcançamos um grande resultado ao retirar o Brasil do Mapa da Fome”, comemorou.
Para Ana Carolina Souza, coordenadora-geral de Cozinhas Solidárias (CGCSOL), reconhecer o protagonismo dessas mulheres é essencial para ampliar o alcance das políticas públicas. “As mulheres negras são as grandes executoras do Programa Cozinha Solidária. Nas áreas com maiores dificuldades de acesso à alimentação adequada e saudável, são essas mulheres que, cotidianamente, alimentam a população mais vulnerabilizada. É pensando nisso que realizamos uma oficina para habilitação de cozinhas solidárias. Nosso propósito é apoiar esse tipo de iniciativa popular de promoção da segurança alimentar e nutricional por todo o território nacional”, afirmou.
Durante a manhã, foram realizadas as oficinas: “Habilitação no Programa Cozinha Solidária” e “Programa Acredita no Primeiro Passo”, com participação do Sebrae.
Marcha das Mulheres Negras
A 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, com o tema Por Reparação e Bem Viver, ocorre nesta terça-feira (25.11). A data marca o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres e abre o calendário dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência de Gênero, que se estende até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome


