O mercado global de trigo apresenta movimentos mistos, com fatores de alta e baixa afetando os preços nas últimas semanas. Segundo a TF Agroeconômica, a Ucrânia registrou queda de 24,62% nas exportações entre 1º de julho e 28 de agosto de 2025, embarcando 2,55 milhões de toneladas contra 3,39 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, o que favoreceu uma valorização dos preços internacionais.
Por outro lado, fatores de pressão de baixa incluem o avanço rápido da colheita de trigo de primavera nos Estados Unidos, especialmente nas Grandes Planícies do Norte, beneficiadas pelo clima seco, e a projeção de produção australiana acima do esperado, estimada entre 32 e 35 milhões de toneladas, frente aos 31 milhões indicados pelo USDA.
Argentina contribui para aumento da oferta
Na Argentina, o cenário é positivo para a produção. O relatório semanal da BCBA – Bolsa de Cereales de Buenos Aires indica que 84,8% da área plantada possui condições hídricas adequadas ou ótimas, e 99,5% das lavouras estão em estado normal ou excelente. A BCR, de Rosário, projeta uma produção de 20,21 milhões de toneladas, somada a um saldo de 1,5 milhão de toneladas do ano anterior, ampliando em 4 milhões de toneladas a disponibilidade de trigo no país e pressionando o mercado internacional.
Mercado interno: preços caem com proximidade da colheita
No Brasil, a aproximação da colheita nacional de trigo, prevista entre setembro de 2025 e janeiro/fevereiro de 2026, tem contribuído para a redução dos preços de forma sazonal. Segundo dados do CEPEA, houve queda de 1,14% no Paraná e 4,67% no Rio Grande do Sul ao longo do mês, refletindo aumento da oferta antes do início da colheita.
A análise da Ceema para o período de 22 a 28 de agosto reforça que, mesmo com expectativa de safra menor, os preços tendem a recuar à medida que a colheita se intensifica.
Situação no Rio Grande do Sul e Paraná
No Rio Grande do Sul, a saca de trigo de qualidade superior permanece cotada em R$ 70,00. Apesar do ritmo lento do mercado, os moinhos estão abastecidos, e a oferta limitada restringe as negociações. O preço do trigo para entrega interna gira em torno de R$ 1.250 a R$ 1.300 por tonelada, com expectativa de que os estoques da safra anterior se esgotem até setembro. Cerca de 90 mil toneladas da nova safra já foram negociadas.
No Paraná, o preço da saca está em R$ 75,00, com 83% das lavouras classificadas como boas. A colheita começou de forma lenta, atingindo apenas 2% da área total cultivada, e a produção estimada é de 2,6 milhões de toneladas em 832,8 mil hectares, 26,3% inferior ao ano anterior. No mercado futuro, os preços variam entre R$ 1.300 e R$ 1.400 por tonelada CIF, enquanto os produtores pedem até R$ 1.500 FOB. A concorrência do trigo argentino e paraguaio influencia a negociação local, com o produto importado mantendo preços mais competitivos.
Produção no Mato Grosso do Sul e Santa Catarina
Pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste, em parceria com a cooperativa Cooperalfa (Chapecó, SC), mostraram avanços na produtividade do trigo no Cerrado, entre 2022 e 2024. As variações de produtividade por hectare foram:
- 2022: 34 a 69 sacos
- 2023: 29 a 49 sacos
- 2024: 51 a 88 sacos
Segundo os pesquisadores, algumas cultivares podem alcançar entre 4.000 e 5.000 kg por hectare, acima da média estadual atual de 3.000 kg.
Perspectivas para o mercado de trigo
A combinação de estoques internacionais ajustados, safra argentina robusta e proximidade da colheita nacional deve manter pressão mista sobre os preços, refletindo tanto oportunidades de valorização quanto tendência de queda sazonal no mercado interno.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio