Ao mesmo tempo, os contratos futuros da commodity encerraram a semana em queda tanto na Bolsa de São Paulo (B3) quanto em Chicago, refletindo fatores como avanço do plantio nos Estados Unidos, valorização da safra brasileira e desvalorização do dólar, que reduziu a competitividade do cereal no mercado internacional.
Sul do Brasil: negociações paradas e realidades distintas entre RS e SC
No Rio Grande do Sul, a oferta de milho permanece restrita, o que dá vantagem aos vendedores nas negociações. Com as compras de maio já praticamente concluídas, a atenção do mercado se volta agora para entregas em junho e para a safrinha de julho. No interior gaúcho, os preços variam entre R$ 70,00 e R$ 74,00 por saca, enquanto em Panambi o valor da “pedra” está em R$ 64,00.
Em Santa Catarina, a colheita ainda avança lentamente devido ao foco na soja, mas os resultados são históricos. A produtividade média estadual atingiu 9.717 kg/ha, a maior já registrada, com lavouras no Meio-Oeste superando 13.000 kg/ha. Apesar da redução de 13% na área cultivada, a produção cresceu mais de 23%. No entanto, as negociações estão travadas: produtores pedem até R$ 85,00 por saca, enquanto compradores não ultrapassam R$ 80,00. Nos portos, os preços para entrega futura estão em R$ 72,00 para agosto e R$ 73,00 para outubro, enquanto as cooperativas pagam entre R$ 69,00 e R$ 71,00 por saca.
Paraná e MS: colheita da soja e queda de preços travam o mercado
No Paraná, o mercado de milho continua lento, impactado pela colheita da soja e pela queda nas cotações. Os preços recuaram em várias regiões, com destaque para R$ 69,54 na região Centro Oriental e até R$ 72,36 em Curitiba. A expectativa é que a liquidez melhore nas próximas semanas com o avanço da colheita da soja.
Já no Mato Grosso do Sul, as negociações também estão em ritmo reduzido. Os preços no mercado spot variam entre R$ 65,65 e R$ 70,00 por saca. Para a safrinha, os valores futuros seguem pressionados, com referências entre R$ 120,00 e R$ 122,00 nas principais praças. Nos portos, os preços se mantêm estáveis em R$ 135,00 por saca, servindo como parâmetro para as exportações.
Milho recua na B3 com menor demanda e valorização do real
Na Bolsa de Mercadorias de São Paulo (B3), o milho encerrou a semana em baixa, influenciado pela queda do dólar e pelas perdas em Chicago. Segundo a TF Agroeconômica, com a safrinha mais definida, o mercado começa a se estabilizar. “O comprador não precisa mais pagar a mais para recompor o seu estoque”, observa a consultoria.
O indicador Cepea fechou a sexta-feira a R$ 79,07, marcando o início de maio abaixo dos R$ 80,00. Em abril, o milho acumulou uma desvalorização de 8,64%, enquanto o contrato de julho da B3 caiu 6,92%. A baixa do dólar reduziu a competitividade do milho brasileiro no exterior, aumentando a oferta interna.
Os contratos futuros na B3 encerraram o dia de forma mista:
- Julho/25: R$ 67,07 (-R$ 0,22 no dia / -R$ 1,28 na semana)
- Setembro/25: R$ 70,50 (-R$ 0,13 no dia / -R$ 1,88 na semana)
Chicago: avanço do plantio nos EUA pressiona os preços
Na Bolsa de Chicago, o milho teve um desempenho instável ao longo da semana, mas com fechamento negativo. O contrato de julho, referência para a safra brasileira de verão, encerrou em baixa de 0,69%, a US$ 469,00 por bushel, enquanto o contrato de setembro teve alta de 0,63%, a US$ 440,00 por bushel.
A volatilidade foi atribuída principalmente ao ritmo acelerado do plantio nos Estados Unidos, que deverá resultar na maior safra de milho do país este ano. Esse cenário diminui a possibilidade de redução na área plantada de milho em favor da soja, contribuindo para a pressão sobre os preços internacionais.
Com o mercado travado no Brasil e pressão negativa vinda do cenário internacional, o milho enfrenta um momento de incerteza para produtores e compradores. A produtividade elevada em algumas regiões contrasta com a lentidão das negociações, enquanto as bolsas refletem a menor competitividade externa e o avanço do plantio nos EUA. O setor aguarda o desdobramento da colheita da soja e uma possível reativação das negociações nas próximas semanas.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio