Ministra apresenta iniciativas do MCTI em evento que discute propostas da sociedade civil para serem levadas à COP30

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, participou nesta quinta-feira (16), em Brasília (DF), da abertura do evento Participação Social na Agenda de Ação COP30. A iniciativa tem como meta consolidar e aprovar contribuições da sociedade civil para a agenda de ação climática da 39ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).   

A ministra Luciana Santos enfatizou entregas estratégicas do MCTI para subsidiar o Brasil nas negociações climáticas e na gestão dos biomas. “Estamos garantindo a entrega do supercomputador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o modelo Monan, que já está aí, dando bons resultados para poder garantir que a gente consiga fazer a previsão dez vezes mais rápido e até dez dias antes, para poder garantir o monitoramento da situação das florestas”, afirmou.   

O novo sistema será operado com energia solar e refrigeração líquida, conferindo sustentabilidade ao uso tecnológico. A ministra também destacou o experimento AmazonFace, conduzido em parceria com o Reino Unido, que avalia os efeitos do aumento de dióxido de carbono na floresta amazônica. O projeto conta com seis anéis de torres de 35 metros de altura que liberam CO₂ em áreas controladas para medir os impactos do aquecimento global e subsidiar políticas públicas baseadas em evidências científicas.  

A ministra também falou sobre as ações do MCTI para transição energética  voltadas ao uso da biomassa: “Nós estamos entregando o coquetel enzimático que vai reduzir os custos do nosso País em 20% para transformar a cana-de-açúcar em etanol e reduzir de 20% a 30% os custos da importação desse insumo”, complementou.  

O evento, que segue até esta sexta-feira (17), reúne representantes de movimentos sociais, conselhos, políticas públicas e organizações não governamentais (ONGs), com o objetivo de debater soluções, proposições e contribuições mobilizadas pelos fóruns estaduais e pela plataforma Brasil Participativo. Ao longo dos dois dias, as propostas serão consolidadas em plenárias e resultarão em um documento único, que será encaminhado à Presidência da COP30.  

A reunião foi promovida pela Secretaria-Geral da Presidência, em conjunto com o Fórum Interconselhos e os fóruns de participação social dos estados da Amazônia Legal, no auditório do Centro de Convivência Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB).  

Perspectiva institucional  

A reitora da UnB, Rozana Reigota Naves, destacou o papel da instituição como espaço de diálogo entre ciência, arte e sociedade e defendeu que o enfrentamento das mudanças climáticas começa com ações locais articuladas e inspiradoras. “O Fórum Participação Social dos Estados da Amazônia traz ao Cerrado as perspectivas dos povos e comunidades que receberão os eventos internacionais em novembro. São representantes de movimentos sociais, conselhos, ONGs e coletivos que colaboram cotidianamente com seus territórios e com o País, buscando incidir na agenda global de justiça socioambiental”, explicou.  

Durante a semana, a agenda socioambiental foi tema do Festival UnB na Pré-COP30, que envolveu estudantes, professores e a comunidade em um espaço de aprendizado coletivo, unindo ciência, arte e cultura como instrumentos de formação política e social. O festival contou com 22 atividades, entre propostas multidisciplinares e debates sobre temas sociais, tecnológicos e diplomáticos, reforçando a identidade da UnB como instituição comprometida com o bioma Cerrado e com a justiça socioambiental.  

O presidente da COP 30, embaixador André Aranha Corrêa do Lago, afirmou que a participação social é “o coração da conferência” e ressaltou a tradição brasileira de mobilizar a sociedade civil nas agendas ambientais globais. “A mudança do clima, como tema político e social, nasceu no Rio de Janeiro, em 1992, junto com o espírito de participação popular nas conferências da ONU [Organização das Nações Unidas]. É essa energia que precisamos levar a Belém”, destacou.  

A estrutura da agenda de ação contempla seis eixos temáticos: energia, indústria e transporte; florestas, oceanos e biodiversidade; agricultura e sistemas alimentares; cidades, infraestrutura e água; desenvolvimento humano e social; e questões transversais. Esse plano orienta o Brasil nos compromissos do Acordo de Paris e nos compromissos assumidos em conferências climáticas anteriores.  

O evento pretende conduzir à aprovação de um documento unificado com contribuições da sociedade para a COP30. Espera-se que o texto reúna propostas sólidas nos seis eixos temáticos para orientar a atuação brasileira na conferência climática, promovendo integração entre instâncias decisórias e participação direta da sociedade civil. 

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação