Artista era reconhecido por características como o amor à família, paixão por futebol e bom humor. Casal não resistiu aos ferimentos de acidente em Morrinhos, na volta de show.
25/06/2018 16h40 – G1
Ao menos três características ficam evidenciadas nas referências ao sertanejo Cristiano Araújo, morto há exatos três anos junto com a namorada, Allana Moraes, após um acidente de carro em Morrinhos (GO): amor à família, paixão por futebol e bom humor.
Diversas postagens nas redes sociais do artista, de então 29 anos, confirmam a devoção que ele tinha pelos filhos, o apreço pelo Vila Nova e pelo Corinthians e o quanto apreciava viver de uma forma mais leve. Além disso, reforçam sua própria percepção de ser um “cantor por natureza”.
Irmão de Cristiano Araújo, o também cantor Felipe Araújo publicou nas redes sociais uma homenagem para o artista, neste domingo. O caçula postou fotos, um vídeo e escreveu uma mensagem sobre a saudade do irmão.
Para os fãs e amigos, ele ficou imortalizado no verso “o que temos para hoje é saudade”, do hit lançado em 2014, “Cê que sabe”. As lembranças são permeadas por referências a um cantor brincalhão, que postava vídeos com caretas e imitações de amigos em redes sociais e se divertia com demonstrações de fãs.
No dia do acidente, o nome de Cristiano Araújo ficou em 1º lugar como trending topic (tendência global) da rede social Twitter em todo o mundo, com quase 60 mil citações por hora. Um ano depois, ele era o artista mais tocado nas rádios do país. A página dele no Facebook tem atualmente 9,2 milhões de seguidores.
O artista morreu no auge da carreira, pouco depois de ganhar palcos internacionais, deixando um CD com músicas inéditas em produção. Na época, namorava havia 1 ano e 2 meses e sempre demonstrava estar apaixonado. Ele deixou dois filhos – João Gabriel, de 7 anos, e Bernardo, de 2, na época, frutos de relacionamentos anteriores.
Tragédia
O acidente
Cristiano Araújo, a namorada, Allana Moraes, o motorista Ronaldo Miranda Ribeiro e o empresário Vitor Leonardo voltavam de um show quando o carro em que estavam, um Range Rover, saiu da pista e capotou.
Allana morreu no local. Já o cantor chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal de Morrinhos. Depois, foi transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Móvel até a capital, Goiânia. Em seguida, foi de helicóptero até o Hugo. Apesar dos esforços para socorrê-lo, Cristiano não resistiu aos ferimentos.
O motorista e o empresário ficaram feridos, mas deixaram o hospital dias depois.
Investigações
As investigações do acidente mostram que o condutor perdeu o controle do veículo 21 minutos após fazer uma parada em um posto de combustíveis, a cerca de 57 km do local do capotamento.
Segundo o Ministério Público, Ronaldo foi “imperito e negligente” por dirigir acima da velocidade prevista na rodovia. Dados recolhidos da “caixa preta” da Range Rover do cantor mostram que o motorista estava a 179km/h cinco segundos antes do acidente.
O delegado responsável pelo caso, Fabiano Henrique Jacomelis, também disse, ao concluir o inquérito, que o motorista foi negligente e imprudente, mas avaliou que ele não cometeu o ato intencionalmente.
“Houve o crime de trânsito, ele agiu com negligência no momento que transitou com as rodas não originais, com danos, e imprudente por dirigir em excesso de velocidade”. Contudo, ele avaliou que, apesar de saber dos riscos, o motorista não teve a intenção de matar o casal.
Ainda segundo o delegado, condutor negou ter feito o consumo de bebidas alcoólicas, o que foi comprovado em uma análise, e que estivesse falando ao celular ou dormido ao volante. Porém, Ronaldo confessou que seguia acima da velocidade permitida na via, que é de 110 km/h.
De acordo com a perícia realizada no ponto em que o carro saiu da pista, a via estava em boas condições. Por isso, segundo o perito criminal José Luiz Macedo, não havia fator na rodovia que pudesse contribuir para o acidente.
Condenação
Após a investigação, Ronaldo foi indiciado pela polícia por duplo homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e denunciado pelo Ministério Público de Goiás. Em janeiro de 2018, ele foi condenado a 2 anos e 7 meses de detenção, em regime aberto, pelo crime.
Ainda de acordo com a sentença, deveria perder o direito de dirigir por dois anos. Embargos da defesa, porém, adiaram o cumprimento da sentença. Atualmente, ele trabalha com o também sertanejo Marrone.
Disputa pela carcaça do carro
O valor referente ao seguro do veículo ainda não foi repassado aos beneficiários. Após um grande imbróglio, um empresário, que não quis ter o nome revelado e ao qual o bem está vinculado, e os responsáveis pelos dois filhos e herdeiros do artista chegaram a um acordo. Apesar disso, segundo os advogados das partes, a quantia, R$ 412 mil, precisou ser depositada na conta ligada ao processo do inventário do sertanejo, que tramita na Justiça em segredo.


