
Brasília, 10/06/2024 – Com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de pessoas para exploração sexual, a Polícia Federal (PF) deflagrou, na sexta-feira (6), a Operação Double Key. O grupo composto majoritariamente por cidadãos chineses legalmente estabelecidos no Brasil atuava em Myanmar, país do sul da Ásia. As vítimas brasileiras eram atraídas com falsas promessas de emprego.
A operação teve início após a PF receber a informação de que uma brasileira, natural de Pernambuco (PE), estaria sendo mantida em cárcere privado e submetida à exploração sexual em um hotel no sudeste asiático. A vítima teve o nome incluído na lista de difusão azul da Interpol (Blue Notice), o que possibilitou sua localização e resgate. Ela retornou ao Brasil no domingo (8).
De acordo com a coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes do MJSP, Marina Bernardes, a operação mostra a efetividade da articulação entre os órgãos de investigação, a rede de atendimento e os canais internacionais de cooperação. “Quando instituições trabalham de forma integrada, conseguimos não apenas desarticular redes criminosas, mas, sobretudo, garantir proteção e dignidade às vítimas”, afirma Marina.
Os casos de brasileiros vítimas de tráfico internacional de pessoas vêm sendo orientados pelo Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas do Tráfico Internacional de Pessoas, que organiza, na forma de um fluxo de intervenções institucionais, o conjunto dos papéis e responsabilidades dos órgãos e redes, desde a identificação da vítima e providências iniciais no exterior até a abordagem especializada no Brasil, quando esta decide retornar ao país.
Operação Double Key
Durante a operação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e medidas cautelares diversas de prisão contra dois cidadãos de origem chinesa. Eles foram detidos quando desembarcavam no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), em voo vindo do Camboja. Também foram cumpridas medidas cautelares contra uma brasileira, além de mandado de busca e apreensão em sua residência na capital paulista.
As investigações apontam que o grupo criminoso aliciava jovens brasileiras no estado de Karen, em Myanmar. No local, estão sendo erguidos, nos últimos anos, empreendimentos comerciais como hotéis e cassinos.
A Polícia Federal segue investigando a atuação da organização criminosa, que utilizava estruturas empresariais de fachada no Brasil e no exterior para acobertar a movimentação de pessoas e recursos financeiros. Os envolvidos responderão pelos crimes de tráfico internacional de pessoas e organização criminosa.
A Operação Double Key representa mais um avanço na repressão ao crime de tráfico de pessoas. Além disso, reforça o compromisso do Governo Federal com a proteção das vítimas e a responsabilização dos criminosos envolvidos nesse tipo de violação de direitos humanos.