Nos dias 10 e 11 de dezembro, foi realizado em São Paulo/SP o Seminário de Lançamento da pesquisa “Sem Parar 2025: O trabalho e a vida das mulheres cinco anos depois do início da pandemia”. A iniciativa é da SOF – Sempreviva Organização Feminista, em parceria com a Gênero e Número e com apoio do Ministério das Mulheres. O estudo busca responder questões centrais sobre como o trabalho e o cuidado têm impactado a vida das mulheres na atualidade.
O primeiro dia de programação contou com uma mesa dedicada ao panorama do debate sobre cuidados no Brasil, com a participação da secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério das Mulheres (Senaec), Rosane Silva; da professora do Instituto de Economia da Unicamp, Marilene Teixeira; e de Adriane Vieira, representante da Marcha Mundial das Mulheres.
Ao comentar os resultados, a secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério das Mulheres (Senaec), Rosane Silva, destacou que a pesquisa nos mostra que as desigualdades de gênero permanecem profundas no Brasil. “As mulheres continuam sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e de cuidado, e isso impacta diretamente sua participação e sua renda no mercado de trabalho. Mesmo entre mulheres de classe média alta, com alta qualificação profissional, a dupla jornada permanece e a remuneração segue inferior à dos homens. Esses dados reforçam a urgência de fazer do cuidado uma agenda pública de Estado, para liberar o tempo das mulheres e garantir que elas possam exercer plenamente sua autonomia econômica, social e política”, afirmou a secretária, que participou de uma mesa dedicada ao panorama dos cuidados no Brasil.
“A gente vê como conseguimos produzir uma pesquisa engajada tanto para a construção da agenda dos movimentos sociais como também do Plano Nacional de Cuidados”, declarou Bia Schwenck, da SOF.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Sem Parar 2025 – O trabalho e a vida das mulheres 5 anos após o início da pandemia revela que os impactos da crise sanitária permanecem presentes no cotidiano das brasileiras. Os dados mostram que 43% das mulheres são as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico, enquanto 48% cuidam de alguém sem remuneração, majoritariamente familiares.
Mesmo quando compartilham tarefas, as mulheres ainda assumem a maior parte, o que impacta negativamente seu acesso ao mercado de trabalho, formação, saúde, lazer e qualidade de vida. Pouco mais da metade das mulheres (55%) divide essas responsabilidades e, entre as mulheres rurais, a desigualdade é ainda mais acentuada.

- Participação das mulheres no trabalho doméstico
Além disso, 57% trabalham mais de 40 horas semanais e 60% relatam cansaço e dores físicas, evidenciando que a sobrecarga de trabalho e cuidado segue desproporcional e afeta diretamente a saúde, o bem-estar e a autonomia econômica das mulheres.
O estudo foi desenvolvido a partir da economia feminista e estruturado com uma metodologia de pesquisa-ação coletiva, construída com a participação de pesquisadoras, professoras, movimentos sociais e muitas mulheres trabalhadoras. A proposta da pesquisa é não apenas registrar dados, mas fortalecer o debate público sobre o cuidado e produzir evidências que contribuam para a formulação de políticas que enfrentem as desigualdades de gênero ainda persistentes no país.
>> Clique aqui para ter acesso a pesquisa.
Plano Nacional de Cuidados
O Plano Nacional de Cuidados apresenta diretrizes, metas e ações integradas que orientarão a atuação do Governo Federal, em parceria com estados, municípios e sociedade civil. O documento reforça o compromisso do Brasil com a igualdade de gênero, a justiça social e os direitos humanos, alinhado a acordos internacionais.
Organizado em cinco eixos – garantia de direitos, conciliação entre trabalho e responsabilidades de cuidado, trabalho decente para profissionais do cuidado, valorização e reconhecimento do cuidado e governança – o Plano adota uma visão interseccional que reconhece o cuidado como direito fundamental e responsabilidade compartilhada. Suas diretrizes priorizam equidade, participação social, acessibilidade e enfrentamento das desigualdades para construir uma sociedade mais justa e solidária.
Fonte: Ministério das Mulheres



