O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Coordenação-Geral de Ciência do Clima, estabeleceu um plano de trabalho com a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) com o objetivo de aprimorar as estimativas das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de categorias do Inventário Nacional. A iniciativa faz parte de um esforço para garantir a atualização contínua e sistemática de informações para contribuir com o aprimoramento do Inventário Nacional, fonte oficial das emissões e remoções de GEE do país e utilizado para monitorar o processo dos compromissos das políticas climáticas.
O plano envolve o compartilhamento das informações gerais sobre a produção nacional de vidro, a utilização de matérias-primas, como carbonatos, e o reaproveitamento de vidro. Os dados serão importantes para atualização periódica das estimativas, para categorias do subsetor Indústria Mineral do Setor Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU, na sigla em inglês). O setor estima as emissões que resultam de processos produtivos nas indústrias, incluindo as provenientes de processos químicos.
O diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI e diretor nacional do projeto Ciência&Clima, Osvaldo Moraes, explica que o Inventário Nacional de GEE é elaborado conforme a metodologia estabelecida no âmbito do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), mas que há necessidade de colaborações com setores produtivos, que podem fornecer melhores informações. “Para que as lacunas de conhecimento existentes sejam preenchidas e, consequentemente, os números do inventário sejam os mais próximos da realidade é importante termos a colaboração com o setor produtivo, como esse trabalho conjunto com a Abividro. É um setor importante e que vai levar a melhores números para o cálculo das emissões do setor industrial”, detalha.
Para a coordenadora técnica do projeto Ciência&Clima, Renata Grisoli, o diálogo com as associações setoriais é “essencial para aprimorar o Inventário Nacional com dados mais acurados e representativos do setor”. Ela também destaca que essa iniciativa contribui para o posicionamento estratégico das organizações em relação à competitividade. “Empresas que investem na transparência de suas informações se posicionam estrategicamente para atender futuras exigências regulatórias, aumentar sua competitividade e reduzir riscos em seus negócios”, detalha.
Na avaliação do presidente da Abividro, Lucien Belmonte, o trabalho conjunto entre MCTI e Abividro tem papel estratégico para aprimorar os dados do Inventário Nacional em relação às categorias que envolvem a produção de vidro, com o objetivo central de aprimorar o inventário de emissões de gases de efeito estufa do setor vidreiro no Brasil, com base em metodologias consistentes e dados mais detalhados, para garantir maior acurácia e representatividade nas estimativas de emissões. “A parceria da Abividro com o MCTI é bastante estratégica para o nosso setor”, afirmou Belmonte. “Essa colaboração resultará em informações que podem ser integradas de forma mais precisa e consistente ao Inventário Nacional, fortalecendo a base de dados e aumentando a precisão dos dados do setor vidreiro nos relatórios de emissões. Além disso, essa parceria irá contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas mais alinhadas à realidade do setor e maior transparência perante compromissos climáticos nacionais e internacionais”, complementou.
O trabalho conjunto, em prol da transparência climática, também pode ser observado como um passo importante sob a perspectiva da competitividade e da atração de investimentos para o setor produtivo, especialmente diante da futura implementação de um mercado regulado de carbono no Brasil. Segundo Belmonte, a geração de dados consistentes é um passo central na consolidação do mercado de carbono no Brasil. “Com dados robustos, verificáveis e alinhados a metodologias reconhecidas, o setor vidreiro, além de se conhecer melhor, poderá demonstrar de forma confiável ao governo nosso perfil de emissões, possibilidades de descarbonização e características intrínsecas da produção de vidro. Estamos em um momento chave, onde os setores industriais, empresas e governo precisam dialogar muito, trocar experiências e trabalhar em conjunto para construirmos um mercado de carbono confiável e seguro para o Brasil”, finalizou.