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quinta-feira, 28 de março, 2024
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Ponto Alto: A parada obrigatória que ficou na lembrança da viagem Ponta Porã/Amambai

Ponto Alto, local tão conhecido para quem outrora fazia a viagem Ponta Porã/Amambai ou vice e versa. Parada obrigatória dos ônibus e também carros. Ali era o ponto de encontro, as vezes o início, por vezes o final.

A casinha de madeira azul era reconhecida. O ônibus da Queiroz ali fazia sua parada, os passageiros desciam para saborear o famoso arroz doce ( o melhor de toda a região) e também o pastel de carne…ah, esse era bem recheado, quando se dava uma mordida, o recheio chegava a cair no chão de terra. Era saboroso e quem provou, ao ler esse texto, com certeza ainda se lembra daquele sabor, da massa.

O Ponto alto é descrito em artigos, em poemas, senão, vejamos A Viagem, pelo advogado Odil Puques https://www.amambainoticias.com.br/amambai/a-viagem-por-odil-puques .

Ainda na busca da memória de quem viveu o áureo tempo da parada no Ponto Alto, o “imortal” da ACAL ( Academia Amambaiense de Letras), Albertino Fachin Dias, em conversa com Alcibes Araújo, morador em amambai, conseguiu o relato de que saindo da Pensão Ribas, do Sr Hernandes, em Amambai, se parava no Ponto Alto da Dona Inocência, até o Embarque no Trem. ” O banheiro era uma casinha de madeira e o papel higiênico, no inicio, era sabugo”, lembrou Alcibes. Quem viveu, contará esse fato do sabugo.

Já Joel Batista, residindo atualmente em Cuiabá, filho do primeiro prefeito da Amambai, Sidney Batista, relatou: ” Essa história de sabugo não sei ,nunca usei ,mas meu tio Silo tinha a primeira jardineira que fazia Amambai a Ponta Porã e a parada no Ponto Alto era obrigatória; tomávamos ali um chocolate bem quente para espantar o frio”, lembrou.

Dona Dalva contou que ela, o esposo Heitor Nunes Siqueira e as filhas, moravam em Ponta Porã e se deslocavam constantemente até Amambai onde tinham uma propriedade rural, e parar no Ponto Alto era rotina, principalmente para saborear o pastel de carne. ” Era gostoso”, recorda.

o jornalista e radialista Tião Prado, nascido em Ponta Porã, filho de ferroviário, passou pela primeira vez pelo Ponto Alto em 1968, quando junto com seus pais, Manoel Teixeira Prado e Eliza Moreira de Farias, foram para a cidade de Coronel Sapucaia onde moraram por algum tempo, indo depois para Nova Andradina.

Tião recorda que a sua vó, dona Policarpa Moreira da Rosa, esposa do senhor Indalécio Farias, sempre morou em Coronel Sapucaia e fazia sua festa de aniversario no dia 26 de janeiro. O ainda menino Tião e sua mãe Eliza Moreira de Farias vinham de Nova Andradina, fazendo o percurso Dourados a Ponta Porã, em seguida pegava um ônibus até o Ponto Alto, onde o senhor  Franklin da Silva Miranda os esperava em uma carroça e eles iam passar uns dias na casa de e Petrona Farias de Miranda. ” Isso acontecia todos os anos e era muito bom passar aqueles dias ali com os primos e primas”, lembrou Tião Prado, destacando que o senhor Franklin Farias foi Pracinha na 2ª Guerra mundial na Itália e voltou herói tendo inclusive uma placa com seu nome em frente ao 11º RCMEC em Ponta Porã. ” Eram pessoas muito conhecidas na região do Ponto Alto, hoje moram em Campo Grande”, finalizou.

Assim, retornando de Amambai até Ponta Porã, ao passar pelo Ponto Alto, Tião e Dora deste site de notícias, pararam o carro no Ponto Alto, local marcante em suas infâncias.

“Quando parei fazer as fotos que ilustram essa matéria, senti um misto de saudades e tristeza. Saudade dos familiares que já partiram dessa vida e tristeza em ver o local que no passado era tão movimentado, fechado , não sendo mais ofertado o pastel, a coxinha, a tubaína gelada, o arroz doce… restou o vazio”, disse Tião Prado.

Ponto Alto: A parada obrigatória que ficou na lembrança da viagem Ponta Porã/Amambai
Foto: Tião Prado Pontaporainforma

O local, que antes era uma casinha de madeira azul, hoje é bem diferente do passado, inclusive foi pintada de laranja, aparentemente recente, quem sabe ainda uma ultima tentativa de chamar os fregueses, os passageiros, alertar o motorista do ônibus que ali ainda estavam. Pelo visto, foi em vão. O Ponto Alto fechou e com ele uma grande parte da história de vários viajantes, crianças, famílias que ali paravam para depois, prosseguir a viagem.