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Prêmio destaca luta das mulheres por igualdade de direitos

18/12/2014 008h

“Desde pequena fui muito rebelde e achava muito esquisito a mulher dentro de casa sendo mandada, lavando, passando, cozinhando.

.Agência Brasil

Ainda na juventude Herilda Balduíno já se inquietava com o tratamento diferenciado recebido por homens e mulheres e decidiu que lutaria para mudar essa realidade.

Nascida em Patos de Minas, em 1931, se formou em direito, em 1959. Na área de direito de família buscou modificar a forma com as mulheres eram vistas dentro da relação familiar.

Herilda é uma das seis mulheres com atuação destacada na vida pública nacional que receberam o Prêmio Rose Marie Muraro – Mulheres Feministas Históricas, da Secretaria de Políticas para Mulheres.

“Desde pequena fui muito rebelde e achava muito esquisito a mulher dentro de casa sendo mandada, lavando, passando, cozinhando.

Quando fui estudar no ginásio, o curso era misto e vi que queria ter direitos iguais aos dos meninos. Nessa fase eu já era politizada e vi que isso teria que mudar a partir de uma mudança jurídico política”, relata.

Ao longo de 25 anos de advocacia, Herilda Balduíno também trabalhou em prol dos perseguidos e presos políticos durante o período da ditadura militar.

Foi também advogada da Comissão Pastoral da Terra, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“A partir da metade do século 20 as mulheres pegaram à unha o direito de fazer sua história e fizemos, e conquistamos, e ganhamos e hoje temos essa realidade”, avalia Herilda.

O prêmio entregue hoje reconhece a contribuição efetiva das mulheres idosas para a construção de um país com igualdade de gênero e busca recuperar, registrar e reconhecer as mulheres brasileiras que influenciaram na construção da cidadania feminina e na ampliação dos direitos humanos das mulheres.

A militante política Clara Charf foi uma das premiadas. Integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ela foi companheiro de Carlos Mariguela – morto em 1969 pela ditadura – e viveu na clandestinidade em vários momentos durante o regime militar. Em 2003, Clara fundou a Associação Mulheres pela Paz.

“Fico pensando quanto a gente avançou daquela época para agora, tem muita gente que não sabe o quanto se lutou no Brasil para chegar onde chegamos hoje e ter uma mulher na presidência da República.

Tem mulheres no campo, na cidade, em todo lugar lutando para transformar a vida da família e do país”, disse Clara na cerimônia de premiação.

Reconhecida por sua contribuição à luta feminista e especialização em educação popular, Moema Viezzer, de 76 anos, também foi premiada. Se engajou na causa das mulheres, foi exilada durante a ditadura militar e criou a Rede Mulher de Educação, em São Paulo. “Esse prêmio é uma forma de trazer à tona toda uma carga histórica que tem o movimento [feminista].

Cada uma teve uma forma de contribuir e de atuar em prol da equidade entre homens e mulheres”, disse. “Fiz um trabalho de educação popular feminista e trabalhávamos sobretudo com as populações mais pobres”, relata.

As demais premiadas foram Lenira Maria de Carvalho, Mireya Soárez e Neuma Aguiar. O nome do prêmio homenageia a feminista e escritora Rose Marie Muraro, declarada patrona do feminismo nacional, em 2005.

A ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, destacou a importância de Rose Muraro, falecida este ano, e parabenizou as premiadas.

“A história de Rose fez e fará muito por nós e cada uma de vocês têm uma história de contribuição para a sociedade”, disse.