
A cidade de Ponta Porã estará entre os destaques da Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, o maior encontro global de cidades comprometidas com a ação climática, que acontece de 3 a 5 de novembro, no Rio de Janeiro. O evento marca a abertura do Fórum de Líderes Locais da COP30, e reunirá cerca de 100 grandes cidades, lideranças climáticas, investidores, organizações internacionais e representantes da sociedade civil.
De acordo com a secretária municipal de Governo e Comunicação, Paula Consalter Campos, o projeto “Jardins de Chuva e Resiliência Urbana”, inscrito pela Prefeitura de Ponta Porã, foi selecionado pela Incubadora de Projetos Solução Natureza, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, e será apresentado como uma das experiências inovadoras em sustentabilidade e adaptação climática urbana. “Só de ser selecionado em nível nacional já é uma vitória, agora tem mais uma etapa, onde vamos defender o projeto visando a captação de recursos para execução”, disse.
Solução natural para desafios urbanos
O projeto destaca a conurbação internacional de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, cidades gêmeas que juntas somam cerca de 215 mil habitantes, sendo 98,5 mil no lado brasileiro. O estudo ressalta a topografia plana — que dificulta o escoamento natural das águas — e o alto índice de chuvas: média anual de 1.500 a 1.700 mm, com picos de até 200 mm em um único dia. Atualmente, 75,2% do território municipal apresenta vulnerabilidade ambiental alta a muito alta, com aumento médio de temperatura de 24,5°C para 26°C (em 2024).
Com base nesse diagnóstico, o projeto propõe transformar áreas críticas de alagamento em espaços vivos que acolhem a água, regeneram o solo e fortalecem o vínculo entre cidade e natureza. Os jardins de chuva — infraestruturas verdes adaptadas à realidade local — captam, filtram e infiltram a água da chuva, além de servirem como laboratórios de educação ambiental e convivência comunitária, inspirando novas práticas urbanas.
Etapas e metas
O projeto-piloto será implantado inicialmente em uma área de 100,77 m², com meta de alcançar 6.936,35 m² de infraestrutura verde.
As etapas estão distribuídas da seguinte forma:
2025: planejamento técnico, engajamento comunitário e preparação do terreno;
2026: execução do jardim-piloto (100,77 m²) e início da fase 2;
2027: conclusão da fase 2 (6.835,58 m²) e início da expansão para novos bairros, com monitoramento contínuo dos indicadores.
Resultados esperados
Entre os resultados e impactos previstos estão:
Ampliação das áreas verdes e aumento da biodiversidade urbana;
Valorização dos espaços públicos e estímulo ao turismo sustentável;
Educação ambiental integrada, com implantação em escolas — transformando os jardins em “salas vivas de aprendizagem”;
Redução de até 43% no volume e 70% no pico de alagamentos;
Mais de 3.500 estudantes e 1.200 famílias beneficiadas diretamente;
Contribuição direta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Governança e investimentos
A coordenação técnica é do Núcleo de Inovação e Planejamento Estratégico (NIPE). A Secretaria de Obras e Urbanismo é responsável pela implantação e manutenção; as Secretarias de Educação e Meio Ambiente conduzem as ações de educação ambiental e engajamento comunitário; e a Secretaria de Fazenda e Planejamento Orçamentário responde pelo controle e transparência na aplicação dos recursos.
Com o projeto pronto e selecionado pela Fundação Grupo Boticário, a Prefeitura busca apoio financeiro e parcerias nacionais e internacionais para implementação e expansão. O investimento total estimado é de R$ 4.161.950,23, o que representa R$ 600,02 por metro quadrado de infraestrutura verde.
Os recursos deverão ser captados por meio do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FMDU), criado pela Lei Complementar nº 197/2020, destinado ao financiamento de obras de infraestrutura sustentável e inovação urbana.

