Mesmo com sua importância ambiental, econômica e cultural, o Cerrado enfrenta sérios desafios de preservação
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta. Em Mato Grosso do Sul, ele ocupa mais de 62% do território e está presente em 62 dos 79 municípios do estado, sendo a própria Capital localizada no bioma. Mesmo com sua importância ambiental, econômica e cultural, o Cerrado enfrenta sérios desafios de preservação.
De acordo com dados da Embrapa, o Cerrado cobre mais de 203 milhões de hectares no país, o equivalente a 23% do território nacional. Em Mato Grosso do Sul, são mais de 22 milhões de hectares, com cerca de 25% ainda preservados.
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Geraldo Alves Damasceno Junior, doutor em Ecologia Vegetal, reforça o valor único do bioma. “O Cerrado não é mais importante por ser uma transição entre outros biomas. Ele é importante por si só. É a savana com maior biodiversidade do mundo. Nenhuma savana na África ou na Austrália se compara. Só de plantas, temos cerca de 12 mil espécies catalogadas”, afirma.
Essa diversidade coloca o Cerrado entre os principais “hotspots” de biodiversidade do mundo.
Hotspots são locais que concentram alta biodiversidade, associada a uma grande ocorrência de endemismos (espécies que só ocorrem numa certa região) e sujeitas a grande pressão antrópica.
Além das plantas, ele abriga animais como o lobo-guará, a onça-pintada e diversas aves e insetos únicos. O bioma também é conhecido como “berço das águas”, por alimentar importantes bacias hidrográficas brasileiras.

Conforme a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o Cerrado tem papel estratégico na agropecuária. Cerca de 51% da área é coberta por pastagens, utilizadas principalmente para pecuária. Técnicas de correção do solo e respeito aos períodos de plantio permitiram a expansão da agricultura, com destaque para culturas como soja, milho, eucalipto e cana-de-açúcar.
Apesar disso, a pressão sobre o bioma é grande. O avanço da agricultura e da pecuária, aliado ao desmatamento e à degradação dos solos, ameaça a biodiversidade e os serviços ambientais prestados pelo Cerrado.
O bioma é protegido apenas pelo Código Florestal, que exige a preservação de apenas 20% da vegetação natural em propriedades privadas (e 35% nas áreas de transição com a Amazônia). Assim, mesmo com cumprimento total dessa legislação, ainda permite que cerca de 40 milhões de hectares sejam legalmente desmatados no Cerrado.
Fonte: Campograndenews