Seminário Nacional debate ações para combater violência política e ampliar participação de mulheres no poder

Mulheres que atuam em espaços de poder em todo o Brasil participam, nesta quarta-feira (3), do Seminário Nacional sobre Violência Política Contra as Mulheres no Brasil: diálogos para o enfrentamento, realizado pelo Ministério das Mulheres, em formato híbrido. O encontro reúne cerca de 300 participantes, entre presenciais e online.

A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, participou da solenidade de abertura e destacou que o Brasil vive um cenário de grave violação dos direitos das mulheres, marcado pelo aumento de casos ou pela maior visibilidade da violência. Para ela, o enfrentamento eficaz exige três eixos fundamentais: diagnóstico preciso; articulação institucional e social, com ações coordenadas e eficazes de combate à violência contra as mulheres; e enfrentamento ao discurso de ódio.

“Há muitas instâncias sociais, políticas e político-partidárias, nos três poderes, no sentido de viabilizar melhorias nas condições da sociedade brasileira. Entretanto, este ano comemoramos 40 anos do início do processo de redemocratização e constatamos violência praticada todos os dias, todas as horas contra todas nós, mulheres”, afirmou. “Onde uma mulher é esfaqueada é meu rosto que é cortado, porque estamos todas juntas”, completou a ministra.

Em sintonia com a fala de Cármen Lúcia, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, lembrou que o país registra dados alarmantes de mais de 1.180 feminicídios somente este ano e quase 3 mil atendimentos diários pelo Ligue 180. “O Brasil não pode normalizar nenhuma forma de violência”, alertou.

Em relação à violência política contra as mulheres, Márcia Lopes pontuou que o Brasil só avançará na igualdade de gênero se houver articulação nacional, enfrentamento firme da violência e expansão de políticas que alcancem todas as mulheres, em todos os territórios. Ela ressaltou que educação, cooperação federativa e liderança feminina são elementos centrais para transformar a realidade do país. “Queremos paridade nas eleições, queremos 50%, é a única forma de mudar a política brasileira. Mas, infelizmente, a participação política feminina é atravessada por agressões, humilhações e hostilidades”, enfatizou.

Cármen Lúcia alertou para o impacto das tecnologias e dos discursos misóginos, que têm afastado mulheres da política e da vida pública. Em sua avaliação, o ambiente digital se tornou terreno fértil para ataques sexistas, que atingem não apenas as mulheres, mas também suas famílias e comunidades — fenômeno que, segundo ela, contribuiu inclusive para o recuo de candidaturas femininas nas eleições recentes.

A ministra também lembrou que apenas leis não são suficientes: é preciso articular políticas efetivas, garantir paridade e transformar práticas sociais que ainda reproduzem desigualdades. “Os lírios não nascem das leis. Precisamos fazer florescer uma nova sociedade onde a mulher seja plenamente sujeito de direitos”, afirmou.

Ao encerrar a solenidade de abertura, a ministra Márcia Lopes reforçou que o seminário deve contribuir para a construção do plano estratégico nacional de enfrentamento às violências contra as mulheres, com foco especial na violência política, visando às eleições do próximo ano. “Sem unir esforços, sem paridade e sem políticas que alcancem todas as mulheres deste país, continuaremos repetindo as mesmas histórias. Este é o momento de avançar”, concluiu.

Também participaram da mesa a senadora Augusta Brito; as deputadas federais Jack Rocha e Erika Kokay; Sheila Carvalho, secretária nacional de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Adriana Rosa, conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), e Anne Moura, secretária Nacional de Mulheres do PT e coordenadora do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos. A mediação foi realizada por Sandra Kennedy, secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres.

Enfrentamento à violência política contra as mulheres

Organizado pela Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres (Senatp/MMulheres), o seminário tem como objetivo ampliar e fortalecer o enfrentamento à violência política contra as mulheres e contribuir para a formulação de políticas públicas que garantam a presença de mais mulheres em espaços de poder e decisão, livres de qualquer forma de violência.

Ao longo do dia, as participantes debatem estratégias de enfrentamento à violência política contra mulheres com mandato, candidatas e lideranças comunitárias; discutem propostas legislativas em tramitação, incluindo caminhos para assegurar paridade de gênero; e dialogam sobre políticas públicas para garantia de direitos e superação dos desafios enfrentados pelas mulheres na política.

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21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e do Racismo

O seminário integra a campanha nacional 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e do Racismo, coordenada pelo Ministério das Mulheres em articulação com estados e municípios de todo o país. A iniciativa reforça que o enfrentamento à violência política é parte central da agenda de proteção dos direitos das mulheres e de fortalecimento da democracia.

Fonte: Ministério das Mulheres