Serviço de assistência a pessoas em situação de rua é ampliado em Belém durante a COP30

Grandes eventos internacionais costumam atrair não apenas delegações e turistas, mas também pessoas em busca de oportunidades que acabam nas ruas. Com a realização da COP30 em Belém, esse fenômeno se repetiu, e a capital paraense viu aumentar o número de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para enfrentar o problema, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) montou uma operação especial que oferece alimentação, higiene, abrigo noturno e perspectiva de reinserção social.

Elenilson Santos conhece bem o significado desse apoio. Desde 10 de novembro, ele dorme e se alimenta no Centro de Referência Social (CRAS) Guamá, que durante o dia funciona normalmente e, a partir das 17h, transforma-se em abrigo. “É uma boa recepção pra nós, alimentação boa e adequada, vem até com uma fruta. Uma recepção dessa equipe que nos olham, num momento em que poucos nos enxergam”, diz.

Ele destaca ainda que Belém está muito movimentada por causa da conferência climática e que ter um espaço seguro faz diferença. “Pra mim está me ajudando muito. Estando aqui não estou usando substâncias químicas, estou bem e me sentindo em família”. 

Elenilson Santos dorme e se alimenta no Centro de Referência Social (CRAS) Guamá
Elenilson Santos dorme e se alimenta no Centro de Referência Social (CRAS) Guamá

O coordenador do CRAS Guamá, Alisson Brandão, explica que o objetivo vai além do acolhimento básico. “A gente tenta fazer o máximo para interagir com as pessoas em situação de rua, pessoas que são tão maltratadas lá fora e aqui são tratadas com carinho, com amor e muita diversão também”, explicou.

Apenas nesta unidade, a média de atendimento chega a 90 pessoas diariamente. Segundo Alisson Brandão, o aumento da população de rua durante o período da COP está diretamente ligado à busca por trabalho e oportunidades.

ForSUAS acionada
Para reforçar o atendimento, a Força de Proteção do SUAS (ForSUAS) foi acionada e atua em Belém entre os dias 10 e 30 de novembro. Elleni Baikter, agente de campo que coordena a ForSUAS na capital, observa que muitos moradores da região metropolitana vêm até a cidade tentando vender produtos durante o evento e acabam sem ter onde ficar. “Por isso, o apoio é primordial nos dias do evento. Por causa da crescente violação de direitos, a rede local de assistência precisa desse apoio para garantir atendimento”, afirma.

Entre os assistidos está Júlio Cezar Benouvir, venezuelano que entrou no Brasil pela fronteira com o Peru. Ele chegou ao país há pouco tempo com a esposa e a filha de três anos. Estavam em uma praça de Belém quando foram abordados por equipes do SUAS e levados ao Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP).

“Me chegou uma senhora e disse que a praça não era segura, me trouxeram pra cá numa parte segura, me deram comida e atenderam minha filha. Me sinto bem aqui no Brasil”, contou. Júlio e a família pretendem seguir viagem para outra cidade do Norte, onde têm parentes.

Gabriel Miranda, integrante da ForSUAS, explica que a abordagem social não faz distinção de público. “Atendemos crianças, adultos, idosos, públicos minoritários. A gente atua nos cinco CRAS e também nos dois Centros POP da cidade, com equipes trabalhando 24 horas por dia, fazendo essa busca ativa no território.”

Ele esclarece que o trabalho inclui garantir acesso ao Cadastro Único e à inserção em abrigos provisórios para quem tem interesse, mas ressalta que nada é compulsório. “Nosso primeiro objetivo enquanto abordagem social é identificar, conhecer a história de vida e propor políticas públicas, apresentação de políticas públicas de cuidado, de proteção social.”

As equipes do SUAS contam com assistentes sociais e profissionais de saúde e educação que trabalham na regularização de documentos, no contato com familiares e no acesso a programas como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Em alguns casos, o acolhimento resulta em transformações mais profundas. A assistente social Tainã Porto comemora a história de dois homens que, após serem acolhidos no CRAS, conseguiram emprego na construção civil numa reforma que acontece no próprio Centro.

“Em conversas informais, eles sinalizaram a vontade de sair da rua e que só estava faltando uma oportunidade de emprego. Os encontrei esta semana, eles me abraçaram e disseram que tinham conseguido se integrar à equipe de mestre de obras. Isso representa, provavelmente, a saída da rua para eles”, relatou a assistente, emocionada com o resultado do trabalho.

Assessoria de Comunicação – MDS

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome