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sexta-feira, 19 de abril, 2024
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Turismo espacial: passagem de foguete pode custar até R$163 bi


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Richard Branson, CEO da Virgin Galactic, passou uma hora no espaço; veja o que se sabe sobre o turismo espacial
Reprodução/Virgin Galactic

Richard Branson, CEO da Virgin Galactic, passou uma hora no espaço; veja o que se sabe sobre o turismo espacial

As mais recentes idas de multibilionários para o espaço gerou burburinho e animação entre os amantes do espaço, colocando o termo “turismo espacial” no mapa. Afinal, quem foi que nunca se perguntou como deve ser a sensação de explorar o que existe fora da Terra? Antes, as viagens espaciais eram feitas para propósitos totalmente científicos, no entanto, o turismo espacial ainda é restrito apenas para quem puder arcar com as grandes e caras despesas para fazer o sonho se tornar realidade.

Apesar do barulho criado nos últimos anos acerca dessa modalidade, ele existe há cerca de duas décadas. Ou seja, muito antes de Jeffrey Bezos, CEO da Amazon e da Blue Origin, passar dez minutos fora do planeta em uma nave sem pilotagem humana e Richard Branson, dono da Virgin Galactic, ficar uma hora em órbita no espaço, outra pessoa já tinha realizado o feito.

Em 2001, um ex-engenheiro da Nasa, chamado Dennis Tito, gastou US$ 20 milhões em um lugar na nave russa Soyuz-U. Foi a primeira vez que humanos fizeram uma viagem espacial por diversão. Foi só no ano seguinte que Elon Musk fundou a Space X. Musk, também dono da Tesla, é um dos notórios bilionários na corrida espacial com a meta ousada de colonizar Marte. Em setembro deste ano, a  SpaceX fez o primeiro voo orbital por três dias com quatro civis, sem Musk.

Apesar de civis terem ido ao espaço, esse tipo de viagem ainda é rara. As grandes expedições que têm previsão de serem realizadas serão feitas por princípios profissionais, com apenas astronautas na tripulação. A SpaceX tem um contrato de US$ 2,9 bilhões (R$ 16 bilhões, na cotação atual) para fazer uma viagem para a lua, por exemplo. Enquanto isso, a Rússia trabalha na construção de uma estação espacial que pode receber tripulações civis a partir do ano de 2026.

Os preços do turismo espacial

Abrir o Google Earth para poder ver os planetas, as diversas constelações e fotos do sistema solar já é uma experiência empolgante. No entanto, nada se compara a poder chegar perto desses lugares, ainda mais por serem tão inacessíveis e considerados misteriosos para quem está na Terra. Com as últimas expedições com civis, mais pessoas têm vontade de sentir a sensação de magnitude e vastidão do espaço.

Mesmo que esteja sendo mais realizado por uma parte muito restrita da população, o turismo espacial, além de muito caro, também não é nada simples de se fazer. Afinal, não basta apenas pegar um avião para chegar de um lugar A ao B; existem especificações de segurança, transporte e até combustível que estão incluídos ao se planejar uma viagem espacial.

De acordo com os últimos voos realizados pela SpaceX, Virgin Galactic e Blue Origin, os preços para se ocupar uma cadeira para o espaço variam entre US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão) até meros US$ 55 milhões (R$ 3 bilhões). No caso da Virgin Galactic, que tem os valores mais “em conta”, é possível pagar US$ 1 mil (R$ 5.535) para a lista de espera. No entanto, um passageiro pagou US$  29,6 bilhões (R$ 163 bilhões) para viajar de última hora na nave que levou Bezos ao espaço.

A SpaceX está tentando baratear a compra de passagens para expedições espaciais com base no peso dos viajantes. Por exemplo: se uma pessoa interessada pesa 60 kg, ela poderá pagar US$ 600 (R$ 3.321) na passagem; se pesar 80 kg, US$ 800 (R$ 4.428); e assim por diante. No entanto, esse critério seria aplicado apenas ao foguete StarShip; mesmo assim, os preços seriam bem abaixo do atual ingresso, que custa US$ 20 milhões (R$ 110 milhões).

Toda essa grande movimentação de dinheiro impacta diretamente o valor ao qual o setor deve chegar. De acordo com uma pesquisa feita pela Research and Markets, a área espacial pode chegar a valer US$ 2,58 bilhões (R$ 14 bilhões) até 2031, com crescimento de mais de 17% ao ano.

Outras análises realizadas apontam crescimentos ainda mais exorbitantes: o analista do Bank of America, Ron Epstein, estima que o valor do setor chegue a US$ 1,4 trilhão (R$ 7 trilhões) na próxima década. Mesmo que não chegue na casa do trilhão, a consultoria Euroconsult aponta que a indústria foi avaliada em 2020 por um valor bem alto, de US$ 385 bilhões.

Preparativos para ir ao espaço

Além do preparo financeiro, é muito importante que o viajante tenha condições físicas e mentais próprias para conseguir fazer a expedição em segurança. As informações disponíveis em relação a esses preparativos também são da Blue Origin e da Virgin Galactic. A SpaceX ainda não apresentou diretrizes específicas.

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A Blue Origin pede que os viajantes treinem proatividade e bom humor 14 horas por dia antes da decolagem; ensaiar missões, visão do veículo e situações que pode ocorrer na nave; receber instruções de segurança; procedimentos operacionais; manobras em espaços de gravidade zero; e comunicação. Além disso, a empresa pede os seguintes pré-requisitos do turista espacial:

  • Ter 18 anos ou mais;
  • Medir entre 1,50 m e 1,92 m; peso deve variar entre 50 kg e 101 kg;
  • Saber se vestir com uma peça única;
  • Ter condições de escalar a Torre de Lançamento em 90 segundos (equivalente a 7 lances de escada) e andar rapidamente em superfícies desniveladas;
  • Saber afivelar e desafivelar o cinto de segurança em 15 segundos;
  • Poder ficar sentado entre 40 e 90 minutos em assento reclinável;
  • Ser capaz de levantar três vezes o próprio peso em direção ao assento por até 2 minutos, já que essa é uma das sensações da decolagem;
  • Poder sentir força mais de 5 vezes maior que o próprio corpo prensando o corpo ao assento por questão de segundos;
  • Conseguir compreender instruções em inglês, seja de rádio ou de colegas, em locais em que o volume chega a 100 dB;
  • Compreender sinais de alerta e saber emiti-los;
  • Seguir as instruções fornecidas pelo rádio;
  • Ser capaz de descer a central de comando ao solo, área de 1 metro, depois do pouso da nave.

No caso da Virgin Galactic, é recomendado que o turista esteja em boa forma física antes de fazer a expedição. Deve-se passar por um treinamento de três dias no Porto Espacial Americana, uma das bases espaciais dos Estados Unidos, onde devem aprender sobre aproveitar períodos de microgravidade, receber instruções de segurança e de conforto nos momentos de aceleração.

Além disso, espera-se que a saúde mental e física do viajante esteja em ordem. A empresa deve fazer testes para garantir que não existem efeitos colaterais que podem ser ocasionados diante da viagem. As aeronaves contam com médicos especializados para casos de emergência e preparo antes da viagem espacial.

Acomodações no espaço

Em 2018, a empresa Orion Span afirmou que estava construindo o Aurora Space Station, o que seria o primeiro hotel de luxo no espaço . A ousada proposta seria de criar uma estação espacial em que poderiam se hospedar seis tripulantes por vez, já que a nave teria 42 m², por 12 dias.

A nave teria gravidade zero e passaria por outros experimentos para verificar se seria possível, por exemplo, plantar no espaço. A Aurora daria uma volta completa pela Terra a cada 90 minutos, a 320 km do solo, o que tornaria possível que os hóspedes vissem o pôr do Sol 16 vezes.

O preço de toda experiência seria de US$ 9,5 milhões e tinha previsão de estreia para março deste ano. No entanto, a operação foi cancelada e os investimentos feitos foram devolvidos.

Agora, a aposta é na empresa Orbital Assembly Corporation, que desenvolve atualmente o projeto do resort Voyager. Com previsão de construção para 2025 e funcionamento para 2027, a instalação deve oferecer algumas regalias terrestres, como spa, bar, e academia e restaurantes.

Até então, as informações são de que a Voyager contará com 24 módulos em formatos de anéis, que serão divididos entre as áreas de lazer, as acomodações e espaços que deverão ser alugados ou vendidos para empresas e governos. Esses módulos também poderão ser utilizados para habitação a longo prazo, mas para um número muito restrito de pessoas.

Alguns outros projetos de acomodações espaciais estão sendo estudados e planejados. A ideia é criar uma alta variedade de estilos de hotéis e resorts, emulando o que se tem de melhor na Terra nesse sentido. Por exemplo, a Bigelow Aerospace planeja levar chalés individuais.

Já a The Gateway Foundation quer colocar em órbita o hotel 5 estrelas Estação Espacial Von Braun. O nome em si já causou polêmicas, já que o engenheiro alemão que foi homenageado trabalhou para os nazistas e ajudou a fundar a Nasa.

Falando nela, a Nasa também tem planos de deixar sua marca nesse sentido. Isso porque ela fechou parceria com ninguém menos que a SpaceX para criar o Axiom Space, um hotel na Estação Espacial Internacional (ISS). O preço de uma estadia seria de US$ 35 mil por noite. Com previsão de entrega para 2024, o Axiom Space será destinado apenas para astronautas e empresas.

Fonte: IG Turismo