Ato com Bolsonaro reúne governadores e parlamentares com críticas ao STF e à Justiça

Em seus discursos, os oradores mantiveram o foco em críticas ao Judiciário, especialmente ao STF.

A manifestação convocada por Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (29), na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu deputados federais, senadores e governadores. O ato teve como principal objetivo pressionar contra o julgamento do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal), onde ele é réu por tentativa de golpe de Estado.

Entre os presentes estavam os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC) e Cláudio Castro (PL-RJ). Também marcaram presença o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), e o líder da oposição, Tenente Coronel Zucco (PL-RS), além do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Em seus discursos, os oradores mantiveram o foco em críticas ao Judiciário, especialmente ao STF.

Bolsonaro criticou a Justiça Eleitoral e afirmou que, na campanha de 2022, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva podia fazer “qualquer coisa”.

“A mão pesada do Tribunal Superior Eleitoral fez-se valer na balança. Eu era proibido de fazer tudo, o outro lado podia fazer qualquer coisa”, declarou. O ex-presidente também afirmou que conceder anistia aos condenados pelo 8/1 “é o caminho da pacificação”. ”Esperamos que essa anistia tenha o apoio dos outros dois poderes além do Legislativo”, disse.

Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, afirmou que há uma perseguição seletiva contra parlamentares da direita.

“A Justiça precisa ser imparcial. Hoje, temos 65 deputados investigados pelo Supremo, sendo 39 do PL. Os demais são de partidos de centro ou de direita. Já está claro o que querem: perseguir possíveis candidatos ao Senado da direita com chances reais de vitória. Quero prestar homenagem, aqui na Paulista, aos que estão sendo perseguidos pelo Judiciário brasileiro — como Daniel Silveira, Carla Zambelli e tantos outros. Vamos aplaudir esses guerreiros”, disse.

Já o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) optou por discursar em inglês, em uma tentativa de enviar uma mensagem internacional sobre a situação política do Brasil.

“Nós somos o povo brasileiro, amantes da liberdade. Estamos mais uma vez nas ruas para lutar por nossa liberdade. Nosso país está à beira de se tornar uma ditadura. Mas este homem (em referência a Bolsonaro) está lutando contra isso. Ele está dando a vida por todos nós. Entendam o que está acontecendo aqui, porque isso vai acontecer no país de vocês também. Nosso sistema judiciário é hoje o maior risco à nossa democracia. Mas nós não vamos desistir. Vamos continuar lutando. Vamos continuar gritando pela verdade.”

O senador Flávio Bolsonaro também criticou o STF e afirmou que o pai é alvo de um processo com resultado antecipado:

“Estamos assistindo a um processo de erosão, um verdadeiro vale tudo para destruir. Querem colocar a cabeça da maior liderança política deste país em uma bandeja. Estão atacando um homem honesto, patriota, humilde e amado pelo povo brasileiro. Agora, eu pergunto: vamos aceitar um processo manipulado, com uma sentença que já estava escrita antes mesmo do processo começar?”

Já o governador Tarcísio de Freitas criticou os rumos da política econômica do governo federal e mencionou o prejuízo dos Correios como símbolo da má gestão.

“Olhem o prejuízo dos Correios, olhem o que estão fazendo com o Brasil. Eu pergunto: o país ainda aguenta? O Brasil não aguenta mais a desfaçatez, não aguenta mais o gasto desenfreado, não aguenta mais a política de campeões nacionais — porque eles voltaram. Não aguenta mais a corrupção, nem um governo gastador com juros altos. Quem paga essa conta são vocês: o pequeno empresário, o pequeno produtor. O Brasil também não aguenta mais aumento de imposto”, afirmou.

Como em atos anteriores, cada orador abordou um tema específico. Além das críticas ao STF, também foram alvos de protesto o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — revogado pelo Congresso — e supostas fraudes no INSS.

O ato marca mais uma tentativa de Bolsonaro de mobilizar sua base política em meio às investigações que atingem ele e aliados próximos.

Convocação

Às vésperas da manifestação, Bolsonaro realizou uma live de convocação de apoiadores. Na ocasião, ele alegou estar sendo perseguido pela Suprema Corte. “Ninguém tem dúvida que o alvo sou eu”, disse. “Me derrubando, me tirando de combate, não interessa como, ajuda em muito o trabalho da oposição por ocasião das eleições do ano que vem”, completou.

O ex-presidente é acusado de ter integrado o Núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado. Ele é réu no STF por organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

Fonte: R7