“A transformação dos sistemas alimentares é uma escolha política que demanda coragem e solidariedade”, destaca Lilian Rahal

Fotos: MDS - Foto: Marcelo Curia

Enquanto mais de 735 milhões de pessoas vivem em situação de fome no mundo, mais de um bilhão de refeições são desperdiçadas diariamente, por todo planeta. Os números são da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). No Brasil, os significativos 85% de queda na insegurança alimentar severa em 2023 mostram que o país está no caminho para repetir o feito de 2014, e sair mais uma vez do Mapa da Fome.

Os esforços têm sido muitos. As parcerias firmadas entre organizações internacionais e governos, a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a retomada de um conjunto de políticas públicas de promoção do direito humano à alimentação adequada, são algumas das iniciativas que voltam a colocar o Brasil em posição de destaque entre os círculos de debates internacionais acerca da construção de caminhos para o enfrentamento do problema e do fortalecimento de sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis.

Esse cenário interno foi tema de debates durante a London Climate Action Week. O evento, realizado em Londres, Inglaterra, foi promovido pela embaixada do Brasil e reuniu autoridades e lideranças da sociedade civil dos dois países. A secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Lilian Rahal, esteve entre a comitiva de lideranças brasileiras que participaram da programação, realizada ao longo da semana de 23 a 26 de junho.

Nas duas sessões do evento, a secretária destacou estratégias do governo brasileiro para garantir o direito humano à alimentação adequada, com foco em cidades e populações vulneráveis. Ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, do diretor-executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso, de representantes do governo britânico e de agências internacionais, Lilian apresentou a visão brasileira para a transformação dos sistemas alimentares, com foco especial nos desafios urbanos e nas desigualdades sociais agravadas pela crise climática.

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Foto: MDS/ Divulgação

A secretária ressaltou ainda a urgência de transformar os sistemas alimentares, que hoje produzem exclusão social, insegurança alimentar e impactos ambientais severos. “Metade da população mundial sofre com dietas inadequadas – seja pela escassez ou pela baixa qualidade dos alimentos. A transformação dos sistemas alimentares é uma escolha política, e precisamos fazê-la com coragem e solidariedade”, afirmou.

Entre as iniciativas do governo brasileiro apresentadas estavam a nova cesta básica, vinculada à reforma tributária e baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira; a expansão do Programa Cisternas, como resposta à emergência climática; e o Marco de Referência de Sistemas Alimentares e Clima, que será lançado em outubro de 2025 como parte da preparação brasileira para a COP30, em Belém.

Na segunda sessão, dedicada aos desafios urbanos e à transformação dos sistemas alimentares nas cidades, a secretária destacou que mais de 85% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que exige políticas integradas para garantir o acesso à alimentação adequada em contextos marcados por desigualdades territoriais. “O ambiente urbano concentra oportunidades econômicas, mas também profundas vulnerabilidades sociais. Precisamos transformar os desertos e pântanos alimentares em territórios de inclusão, saúde e resiliência”, defendeu Lilian Rahal.

Também foi apresentada a Estratégia Alimenta Cidades, que atua na melhoria dos ambientes alimentares urbanos, promovendo agricultura urbana e periurbana, cozinhas solidárias, mercados de produtores, alimentação escolar e educação alimentar e nutricional. A estratégia já está sendo implementada em 60 municípios brasileiros e, em sua segunda fase, será expandida para 91 cidades, alcançando 77 milhões de pessoas.

Ela articula setores como saúde, assistência social, educação e abastecimento, promovendo a governança local e o fortalecimento da economia alimentar de baixo carbono. “As cozinhas solidárias e a agricultura urbana não são apenas respostas emergenciais, são expressões de justiça alimentar e de um novo pacto social pelo direito à alimentação e pela soberania dos territórios urbanos”, completou a secretária.

A sessão contou também com a participação de Lawrence Haddad, diretor da Global Alliance for Improved Nutrition (Gain), e Pablo Campos, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que reforçaram a importância de ações coordenadas entre governos, organismos internacionais e sociedade civil para enfrentar os impactos da crise alimentar e climática nas cidades.

A participação do Brasil no evento reforça o papel do Estado na promoção de políticas públicas baseadas na Justiça Climática e no Direito Humano à Alimentação Adequada, integrando agendas de proteção social, sustentabilidade e desenvolvimento territorial.

Assessoria de Comunicação – MDS

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome