Mediante conflitos, 96 pesquisadores brasileiros desistem de doutorado sanduíche nos Estados Unidos

Sede da Capes (Foto Marcello Casal Jr, Agência Brasil)

A informação foi divulgada pela presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, em entrevista à Agência Brasil, publicada neste sábado (12). 

Incertezas políticas podem ter motivado a desistência de doutorados nos Estados Unidos. Segundo a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), 96 brasileiros optaram por realizar as pesquisas em outros países ou adiar os estudos.

A informação foi divulgada pela presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, em entrevista à Agência Brasil, publicada neste sábado (12). Segundo ela, o motivo das desistências é reflexo do cenário de insegurança transmitido pelo presidente Donald Trump.

Denise observa que o governo atual dos Estados Unidos tem feito constantes ataques e cortado verbas de pesquisas das instituições de ensino do país.

“Há algumas áreas [de pesquisa] que têm disso impedidas nos Estados Unidos, projetos que têm sido cortados”, relata. Ela ainda destaca que a desistências foram anunciadas antes da solicitação do visto para os estudantes.

Não foi o visto [a razão da desistência], foi antes do visto. Então, com certeza, foi algum motivo relacionado ao desenvolvimento do projeto de pesquisa nos Estados Unidos. O coordenador brasileiro, o americano ou os dois decidiram que, nesse momento, é melhor não ir”, afirma.

Apesar da insegurança, não houve restrição oficial aos estudantes brasileiros, nem cortes das bolsas para pesquisas nos Estados Unidos, por parte dos programas brasileiros.

Porém, a presidente da Capes afirma que já é possível notar certa redução. Em 2024, foram concedidas 880 bolsas para pesquisas nos Estados Unidos. Em 2025, a expectativa era chegar a 1,2 mil, mas estão previstas 350.

Contudo, os países mais procurados por pesquisadores brasileiros são: Espanha, Estados Unidos, França e Portugal.

Portas para pesquisadores continuam abertas

Presidente do Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), Márcio de Araújo Pereira, diz que os pesquisadores brasileiros diz que não há intenção de rompimento na relação com os Estados Unidos.

“Não há portas fechadas. Pelo contrário, para nós, é importante que esse investimento continue acontecendo sempre na ciência, e que essas colaborações permaneçam e sempre avancem, porque é somente por meio da colaboração científica, do trabalho em conjunto, de várias redes, que a gente consegue o avanço, o desenvolvimento de várias tecnologias para o bem da sociedade”.

A gerente de Relacionamento com Universidades na Fundação Lemann, Nathalia Bustamante, defende a permanência de pesquisadores brasileiros nos Estados Unidos.

“Pelo fato de os Estados Unidos contarem com as principais instituições de ponta com reconhecimento global é tão importante que estudantes e pesquisadores brasileiros possam continuar a ocupar esses espaços”, frisa.

Fonte: Midiamax