O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Gustavo Shiota, também aponta que o mercado imobiliário do Estado poderia se beneficiar ainda mais dessa nova possibilidade de financiamento.
A classe média pode ganhar uma nova possibilidade de financiamento da casa própria de imóveis até R$ 1,5 milhão, o que poderia fomentar o setor imobiliário. A proposta em questão ainda é um esboço. Conforme reportagem do jornal O Globo, representantes do Banco Central, da Caixa Econômica e da Pasta da Economia do governo federal já apresentaram a proposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a reportagem, o objetivo seria criar um novo fundo que tenha entre R$ 40 bilhões e R$ 80 bilhões em recursos que atualmente estão depositados na poupança, a principal fonte para o financiamento habitacional.
Inicialmente, uma primeira etapa permitiria a flexibilização nas regras que os bancos têm de seguir para a aplicação dos recursos captados pela poupança. As instituições financeiras receberiam uma espécie de bônus de outras aplicações, fora os oriundos da poupança.
Além disso, a proposta também visa estudar uma melhor forma de remuneração às instituições, com um retorno mais atrativo, compatível com a aplicação em títulos públicos, por exemplo.
“O mercado em Mato Grosso do Sul está aquecido, principalmente o de baixa renda, apoiado no Minha Casa, Minha Vida, e o de alto padrão, seja loteamento fechado ou vertical. Esta medida poderia beneficiar, com subsídios, parte da classe média”, analisa Geraldo Paiva, presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS).
“Há em análise a intenção do governo federal de criar uma faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida”, acrescenta o presidente do sindicato.
O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Gustavo Shiota, também aponta que o mercado imobiliário do Estado poderia se beneficiar ainda mais dessa nova possibilidade de financiamento.
“Aqui, em Mato Grosso do Sul, o setor de construção tem bastante fôlego, principalmente com a retomada de programas como o Minha Casa, Minha Vida, que é a principal fonte dos construtores aqui da associação. Temos visto um aumento na demanda, nos lançamentos e também na valorização dos imóveis, principalmente aqui em Campo Grande. E, para os pequenos e médios construtores, que são a base da associação, significa que tem mais oportunidade, mas também bastante desafio”, detalha.
Dados do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS) reforçam o cenário promissor descrito por ambos os presidentes.
Conforme a instituição, Campo Grande teve o melhor primeiro trimestre de lançamentos desde 2021, com 572 unidades, representando um aumento de 27% em comparação com o primeiro trimestre de 2024.
Toda a Região Centro-Oeste demonstrou crescimento de 64,2% nos lançamentos dos primeiros dois meses deste ano, com um salto de 1.731 unidades, em janeiro e fevereiro do ano passado, para 2.842, neste ano.
JUROS

Apesar de demonstrar otimismo com as novas linhas de financiamento, os representantes do setor ressaltam o impacto dos juros altíssimos sobre o setor. A Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, tem um impacto direto no mercado imobiliário, especialmente no que diz respeito aos financiamentos de imóveis.
Com a Selic em 15% ao ano – maior patamar em quase 20 anos –, o custo do financiamento imobiliário está em torno de 13%.
“O maior entrave está nos juros para o financiamento”, aponta Paiva, completando que “o baixo desemprego, aliado à prosperidade econômica das atividades desenvolvidas em nosso estado, aquece a demanda. Os maiores empecilhos para que a produção supra a demanda estão nos juros de mercado para financiamentos imobiliários e no prazo de aprovação de projetos pelos poderes públicos, inclusive concessionárias de serviço”, argumenta.
Shiota corrobora com a análise e explica que, além dos custos estarem altos, o preço do terreno também subiu bastante e, mesmo com uma procura mais alta, ainda é bem difícil viabilizar produtos para a classe média, principalmente com os juros atuais.
“Se essa proposta realmente sair do papel, a minha opinião é de que a gente pode ter um efeito bem positivo aqui no Estado. Vai destravar o acesso ao crédito para um público que hoje está no meio do caminho, que não se encaixa no programa Minha Casa, Minha Vida, mas também não consegue arcar com os juros do banco, que estão bem altos”.
“Isso abre espaço para lançamento de imóveis entre R$ 400 mil e R$ 600 mil, que é uma faixa comum para os construtores aqui de Campo Grande. Pode estimular novas obras, mais empregos e até uma reativação de bairros que estavam meio parados. Tudo depende de como for implementado”, finaliza Shiota.
(Colaborou Súzan Benites)
Fonte: Correiodoestado