A logística de produtos perecíveis no Brasil está passando por uma grande transformação com a adoção de sensores inteligentes conectados via Internet das Coisas (IoT). Segundo a MTM Logix, empresa especializada em controle logístico, essa tecnologia pode reduzir em até 25% os custos do transporte rodoviário e aumentar em cerca de 20% a eficiência do roteamento das cargas.
Mario Veraldo, CEO da MTM Logix, destaca que o transporte de alimentos frescos sempre foi um desafio em um país de dimensões continentais como o Brasil, mas agora os sensores inteligentes vêm mudando esse cenário de forma acelerada, permitindo monitoramento em tempo real da qualidade dos alimentos do campo à mesa.
Da cadeia reativa à preventiva: monitoramento de ponta a ponta
Além da IoT, tecnologias como RFID (identificação por radiofrequência) e telemática vêm sendo aplicadas para reduzir perdas e fortalecer a posição do agronegócio brasileiro no mercado global. “Agora, cada etapa da cadeia, da colheita ao varejo, pode ser monitorada com precisão inédita, evitando problemas antes que aconteçam”, explica Veraldo.
A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) estima que 14% dos alimentos produzidos globalmente são perdidos pós-colheita devido a falhas na cadeia de frio, problema que essas tecnologias buscam minimizar.
Como os sensores garantem a qualidade dos alimentos
No coração dessa inovação estão sensores IoT que monitoram variáveis críticas como temperatura, umidade e vibração dentro dos caminhões e contêineres. Os dados são enviados para plataformas na nuvem, onde sistemas de telemática integram GPS e comunicação sem fio para dar visibilidade em tempo real às condições das cargas.
Veraldo exemplifica a importância desse controle: “Variações mínimas de temperatura podem reduzir drasticamente a vida útil dos produtos. Alface mantida entre 0 °C e 1 °C pode durar até 15 dias; se a temperatura sobe para 4 °C ou 5 °C, esse prazo cai pela metade.”
Esse monitoramento garante a integridade da cadeia de frio e agrega valor ao produto final, especialmente frutas frescas exportadas.
Empresas e governo na vanguarda da transformação digital
Grandes companhias dos setores de carne e grãos já utilizam telemática e rastreamento avançado para otimizar operações e atender exigências internacionais de rastreabilidade. Programas governamentais como o Agro 4.0, do Plano Nacional de IoT, também promovem a digitalização do agronegócio.
Exportadores de frutas no Nordeste monitoram remotamente a temperatura de cargas destinadas à Europa, e o Porto de Santos implementa RFID para acelerar o fluxo logístico em um dos maiores portos da América Latina.
Desafios para adoção em larga escala
Apesar dos avanços, a infraestrutura de conectividade limitada em áreas rurais e nas rotas logísticas ainda dificulta o monitoramento contínuo. Além disso, a fragmentação da cadeia logística brasileira, com muitos operadores independentes, torna complexa a integração tecnológica completa.
Mario Veraldo reforça: “O potencial do agronegócio brasileiro é enorme, mas só será plenamente aproveitado com uma logística moderna e integrada. Sensores inteligentes são investimentos que trazem retorno rápido, reduzindo perdas, custos e abrindo portas para mercados mais exigentes.”
Ele conclui destacando a necessidade de colaboração entre setor privado, governo e desenvolvedores de tecnologia para que o Brasil mantenha sua posição de liderança global na exportação de alimentos frescos e de alta qualidade.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio