BRDE anuncia linha de crédito emergencial para exportadores paranaenses
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) formalizou uma linha de crédito emergencial no valor inicial de R$ 200 milhões para empresas e cooperativas do Paraná afetadas pela tarifa de 50% aplicada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O financiamento é destinado ao capital de giro, com prazo de pagamento de 5 anos, incluindo 1 ano de carência, e taxa de juros de IPCA + 4%, considerada inferior à maioria das linhas tradicionais do mercado.
O valor do crédito por empresa varia entre R$ 500 mil e R$ 10 milhões, conforme capacidade financeira do tomador. Para acessar o benefício, as empresas devem comprovar impacto direto das tarifas, demonstrando que são exportadoras para os EUA, apresentando histórico de exportações ou evidências de demissões e férias coletivas. O BRDE também prevê análise de casos que já possuem financiamentos e enfrentam dificuldades para honrar pagamentos, permitindo eventual postergação de parcelas. Pedidos acima de R$ 10 milhões poderão ser enquadrados em outras modalidades da instituição.
Recursos adicionais do Governo do Paraná e atuação da Fomento Paraná
Para fortalecer a oferta da linha de crédito, o Governo do Estado destinará R$ 43 milhões provenientes dos dividendos do BRDE (juros sobre capital próprio), viabilizando condições mais acessíveis para os tomadores.
Além disso, a Fomento Paraná irá atender empresas com perdas menores, especialmente micro e pequenos empreendedores, por meio de microcrédito e linhas especiais, dispondo de um total de R$ 200 milhões para esses segmentos. A instituição também realizará renegociações para companhias que comprovarem impacto decorrente das tarifas.
Posicionamento do Governo do Paraná
O governador Carlos Massa Ratinho Junior destacou o compromisso do Estado em defender a economia local:
“Estamos trabalhando diretamente com os setores afetados para apresentar medidas de apoio e esperamos que o governo federal, por meio do Itamaraty, consiga dialogar com os EUA para reverter essa decisão nas próximas semanas.”
Além das linhas de crédito, o Estado anunciou em 25 de julho outras ações para minimizar os efeitos do tarifaço, como a utilização de créditos de ICMS homologados no Siscred para melhorar fluxo de caixa e postergação de compromissos relacionados a investimentos. Está em estudo ainda um aporte de capital no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), visando ampliar a oferta de recursos a juros baixos para os setores impactados.
O secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, reforçou o acompanhamento do governo:
“Esse é um momento delicado para a economia, e as empresas terão total apoio do Poder Público Paranaense. A Secretaria da Fazenda segue avaliando os impactos e dialogando com os setores e federações para prestar toda a assistência necessária.”
Impactos das tarifas e exceções para o Paraná
O decreto que impõe a tarifa de 50% foi confirmado pelo presidente Donald Trump em 30 de julho, entrando em vigor a partir de 6 de agosto. Os setores paranaenses afetados incluem produtos de madeira reflorestada, café, chá, carnes, couro, mel, móveis, peixes, cerâmica e erva-mate, que não foram incluídos nas exceções previstas.
Embora a ordem executiva da Casa Branca preveja alívio para “madeira tropical”, essa isenção não abrange a maior parte da produção madeireira do Paraná, que é predominantemente de reflorestamento.
De acordo com levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), apenas 2,7% das exportações do Paraná para os EUA em 2024 (cerca de US$ 42,4 milhões de um total de US$ 1,59 bilhão) estão na lista de exceções. Em contraste, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AMCHAM) aponta que no país como um todo, 43,4% das exportações (US$ 18,4 bilhões de US$ 42,3 bilhões) foram contempladas nas isenções.
Essa diferença ocorre porque os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA, como petróleo bruto, semimanufaturados de ferro e aço, ferro fundido e aviões — que representam quase um terço das vendas nacionais — não fazem parte da pauta exportadora do Paraná.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio