O relatório Agro Mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA aponta que os preços do milho na Bolsa de Chicago (CBOT) registraram a terceira queda mensal seguida em julho, recuando 5,5% e chegando a US$ 4,08 por bushel. A baixa acompanha o cenário positivo para a safra americana, com 73% das lavouras em condições boas a excelentes — o melhor índice para este período em cinco anos — e expectativa de produção em torno de 400 milhões de toneladas nos EUA.
Colheita recorde da segunda safra brasileira aumenta oferta e pressiona preços locais
No Brasil, a colheita da segunda safra de milho atingiu 75% da área total, com estados como Mato Grosso praticamente finalizados (95%) e outros em fase avançada, como Piauí (92%), Paraná (65%) e Goiás (60%). Apesar da média nacional alinhada com as últimas cinco safras, algumas regiões, como São Paulo e Goiás, registram atrasos.
Com o avanço da colheita, os preços locais continuam em queda. Em Sorriso (MT), o milho caiu 3% em julho, fechando a R$ 41,90 por saca. Desde abril, quando os preços bateram o maior patamar do ano, houve recuo de 39% no Mato Grosso.
Comercialização lenta e preferência pela soja limitam vendas de milho
A comercialização do milho está mais lenta em comparação às últimas cinco safras, com produtores priorizando a venda da soja devido aos preços mais atrativos. Segundo dados da Safras & Mercado, até o início de agosto, apenas 43% da safra 2024/25 de milho foi comercializada, contra 50% no mesmo período do ano passado.
Exportação precisa ganhar ritmo para equilibrar o mercado doméstico
No cenário internacional, a forte produção americana e a competitividade do milho dos EUA dificultam os embarques brasileiros. O USDA deve divulgar atualização da safra americana em 12 de agosto, com expectativa de revisão para cima da produtividade.
Além disso, os recentes acordos comerciais dos EUA com Japão e União Europeia podem impulsionar a demanda americana, limitando espaço para exportações brasileiras.
A Argentina reduziu as alíquotas de exportação de milho de 12% para 9,3%, e a Ucrânia também tem boa safra, fatores que ampliam a concorrência global.
Estoques elevados e gestão de risco são desafios para produtores brasileiros
Até agosto, o lineup de navios para exportação do milho brasileiro soma 4 milhões de toneladas, com 11 milhões de toneladas comprometidas no acumulado do ano, dentro da projeção anual de 42 milhões para o período comercial de fevereiro de 2025 a janeiro de 2026. Para cumprir essa meta, é necessária uma aceleração nos embarques nos próximos meses.
O ritmo cadenciado de vendas tem resultado em silos e armazéns lotados, e até milho armazenado a céu aberto em Mato Grosso. Com a oferta interna elevada e a chegada da safra americana ao mercado, os preços podem sofrer nova pressão de baixa.
A consultoria reforça a importância da gestão de risco pelos produtores para lidar com essa conjuntura.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio