Agosto Lilás: Quantidade de feminicídios é o maior dos últimos três anos em MS

Na foto estão Vanessa Eugênia e a filha Sophie, Graciane de Souza Silva,Vanessa Ricarte, Thacia Paula Ramos, Doralice Silva e Ivone Barbosa, todas vítimas de feminicídio em 2025 - Foto: Montagem / Correio do Estado

Em 2022 foram contabilizadas 30 mortes ao longo dos oito primeiros meses do ano.

O número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul entre janeiro e o início de agosto de 2025 já é o maior dos últimos três anos, neste recorte de tempo.

Com 22 casos confirmados até o dia 10 deste mês, o Estado supera os registros do mesmo período de 2024 (20 casos), de 2023 (19 casos) e se aproxima do índice de 2022, quando foram contabilizadas 30 mortes ao longo dos oito primeiros meses do ano. Os dados são Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

A escalada da violência é evidenciada em cada um dos casos de feminicídio registrados neste ano. A mais recente vítima foi Letícia Araújo, de 25 anos, morta no dia 9 de agosto, em Cassilândia, após ser atropelada de forma intencional pelo marido, Vitor Ananias, de 25 anos. Segundo testemunhas e registros de câmeras de segurança, o autor acelerou o veículo propositalmente contra a vítima e depois abandonou o carro e fugiu. Ele foi preso no dia seguinte.

Antes disso, a 21ª vítima havia sido Cinira de Brito, professora de 44 anos, morta a facadas dentro de casa pelo próprio marido, que cometeu suicídio em seguida. O caso ocorreu no dia 31 de julho, em Ribas do Rio Pardo, a cerca de 98 km de Campo Grande.

Entre os casos estão também as de Karina Corin, morta com um tiro na cabeça pelo ex-companheiro em fevereiro; Juliana Domingues, assassinada a golpes de foice na comunidade indígena Nhu Porã, em Dourados; e Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e sua filha de 10 meses, Sophie, queimadas vivas pelo companheiro que não aceitava a separação. Outra entre as vítimas, Vanessa Ricarte, esfaqueada aos 42 anos, por Caio Nascimento. 

As vítimas vêm de diferentes faixas etárias, municípios e contextos sociais, mas têm em comum o fato de terem sido assassinadas em razão de seu gênero, muitas vezes por companheiros, ex-parceiros ou familiares.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, Mato Grosso do Sul foi o segundo estado com maior taxa de feminicídios em 2024, com 2,4 mortes a cada 100 mil mulheres, atrás apenas do vizinho Mato Grosso.

Ao todo, foram 35 feminicídios ao longo de 2024 — 19 deles registrados até julho, número que já foi ultrapassado em 2025.

Violência

De janeiro até 21 de julho de 2025, 13.864 mulheres foram vítimas de algum tipo de crime no estado. Deste total, 12.643 sofreram violência doméstica — o que representa cerca de 68 casos por dia, em uma média que se repete com pouca variação nos últimos anos.

O número já se aproxima das 14.454 mulheres vítimas de violência no mesmo período de 2024, mesmo faltando 10 dias para o fechamento do balanço deste ano. A expectativa é de que os dados de 2025 superem os do ano anterior também neste quesito.

Outro dado preocupante refere-se ao número de estupros cometidos contra mulheres: foram 1.162 vítimas até 21 de julho de 2025, contra 1.552 no mesmo período de 2024. Embora em aparente queda, o índice ainda coloca o Estado em destaque negativo no cenário nacional.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, dois municípios sul-mato-grossenses figuram entre os 50 com as maiores taxas de estupro do país. Dourados aparece na 10ª posição (90,9%), e Três Lagoas na 36ª (67,9%).

Fonte: Correio do Estado