O Ministro da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), Jalil Rachid, esclareceu que nenhum policial participou da operação em Salto del Guairá. Segundo informações que possui, os militares encontraram documentos do Comissário Osvaldo Andino durante a coleta de provas.
Na terça-feira, um confronto entre o Comando de Operações de Defesa Interna (CODI) e grupos criminosos resultou em uma morte, quatro prisões (três homens e uma mulher) e a apreensão de 70 toneladas de maconha após uma operação no bairro de San Jorge, km 3, no distrito de Saltos del Guairá.
O comboio de drogas passou por 11 delegacias de polícia e, surpreendentemente, nenhum policial de nenhuma dessas unidades o viu passar.
Durante a coleta de provas, os investigadores encontraram documentos pessoais pertencentes ao Comissário-Chefe Osvaldo Javier Andino Gill na rota de fuga usada por uma organização de narcotráfico.
“Esses documentos foram encontrados pelos militares e entregues ao promotor responsável. Entendo que estavam lá, no local do incidente, mas desconheço as circunstâncias”, afirmou Rachid.
Ele acrescentou: “O relatório que recebi da minha equipe foi de que o documento foi encontrado na área durante uma busca realizada pelos militares.”
O Comissário-Chefe Osvaldo Javier Andino Gill declarou que foi chamado para auxiliar na operação, deixou cair sua carteira na área e só se deu conta disso naquela manhã, quando foi registrar um boletim de ocorrência.
“Pode ser uma farsa, mas aconteceu. E não é a primeira vez no mesmo lugar e ao mesmo tempo. Falamos abertamente sobre esse tipo de coisa, e isso tem implicações sérias porque foi um processo muito longo”, destacou Rachid.
“Vou conversar com ele, compartilhar as informações que temos. Também falarei com a promotoria para que possam tomar as decisões cabíveis. Mas há algumas coisas que não podem ser negadas”, concluiu.
Em entrevista à rádio ABC Cardinal, Osvaldo Javier alegou que perdeu a carteira ao dar apoio à operação da Senad. Ele disse que chegou ao local onde ocorreu a abordagem ainda na noite de terça-feira e somente na manhã de ontem percebeu que havia perdido os documentos.
Entretanto, essa versão é desmentida pela Senad. Em entrevista nesta quinta-feira (4), o ministro Jalil Rachid afirmou que nenhum integrante da Polícia Nacional participou da operação.
“Os documentos foram encontrados pelos militares e entregues ao promotor de Justiça. Acredito que tenham sido encontrados no local da operação, ainda não tenho detalhes do ocorrido, mas nenhum policial foi convocado. Eles estiveram no local depois, para levantamentos”, afirmou o ministro.

Na manhã de hoje, a direção da Polícia Nacional anunciou o afastamento de cinco comissários que ocupavam cargos de chefia no departamento de Canindeyú. O comandante da corporação, Carlos Benítez, informou que uma investigação interna foi aberta para apurar suspeita de colaboração dos policiais com os traficantes.
O traficante morto no confronto foi identificado como Sergio Daniel González Aguilera. Os presos foram Andrés Medina Britez, Héctor Valentín Martínez Marín, Arnaldo Giménez, Mauro Zarza Suárez e Idalia Samaniego Bernal. Uma hora antes de ser presa, Idalia havia postado uma foto em rede social numa casa com piscina. Ela usava o mesmo vestido do momento da prisão.
Além dos três caminhões, o comboio era formado por 12 caminhonetes Toyota Hilux, uma caminhonete S10, uma picape Fiat Toro, uma SUV Mitsubishi Outlander e quatro automóveis. A Senad também apreendeu três fuzis calibre 5.56, uma escopeta calibre 12, uma granada de mão, quatro coletes balísticos e cinco casacos táticos.
A operação de ontem na linha internacional gerou nova crise política no governo do presidente Santiago Peña. Após as críticas do chefe da Senad, o ministro do Interior Enrique Riera, ao qual a Polícia Nacional é subordinada, chamou as declarações do colega de inoportunas e disse que o caso deveria ser “resolvido internamente”.
Informações: ABC Color Paraguai


