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Antes de ser morto por lutador, hóspede pediu vitamina em hotel

27/04/2015 11h

Depoimento é de funcionário de hotel que não quis ser identificado.

G 1 MS

Momentos antes de ser espancado até a morte, o engenheiro Paulo César Oliveira, de 49 anos, havia pedido uma vitamina de banana à recepção do hotel em que estava hospedado em Campo Grande, na noite de 18 de abril. Por causa desse pedido, ele havia deixado a porta do quarto destravada. O relato feito ao G1 é de um funcionário do local, que não quis ter a identidade revelada.

“Foi um amigo quem o deixou no hotel. Ele [o engenheiro] subiu para o quarto, descansou um pouco e ligou na recepção para fazer um pedido. Houve uma rápida conversa, na qual ele pediu uma vitamina de banana e disse que tomaria banho. Logo após, desceria para beber. Foi quando o funcionário disse que poderia levar no quarto, e a vítima deixou a porta destravada”, afirmou.

Na ocasião, o atendente do hotel abriu a porta e deixou a bebida. Ele relatou ao G1 que ouviu muitos barulhos enquanto passava pelos corredores, retornando à cozinha.

“Quando os hóspedes entram, eles travam a porta e a luz fica vermelha. No quarto da vítima estava verde, justamente porque ele foi tomar banho e a bebida seria entregue. Mas foi tudo tão rápido que nós acreditamos que ele tomou somente um gole e já foi surpreendido pelo lutador”, contou o funcionário.

As investigações da Polícia Civil apontam que teria ocorrido uma briga entre o suspeito do crime Rafael Martinelli Queiroz, de 27 anos, e a namorada Carla Medeiros Dias, de 24 anos. A menina alegou inclusive que foi agredida pelo suspeito e, por isso, desceu correndo pelas escadas. O motivo das discussões seria porque ela contou de uma gravidez, e o lutador suspeitou que o filho não seria dele.

Assim que a jovem fugiu do quarto, o suspeito começou uma quebradeira. Ela danificou objetos do seu quarto, além de arrancar fios, extintor e parte do carpete. O lutador então foi procurar a namorada, quando invadiu o quarto do engenheiro e começou a agredi-lo. Pouco tempo depois, Rafael foi preso em flagrante.

Perícia

Após análise no quarto da vítima, a perícia e a Polícia Civil constataram que a vítima não saiu para ver o que estava acontecendo, mas teria sido surpreendida pelo lutador. Em entrevista ao G1, o delegado Tiago Macedo disse que Paulo tinha tomado banho há pouco tempo e ainda estava de cueca, tanto que foram encontrados estilhaços de madeira no interior da roupa íntima.

Conforme o delegado, possivelmente desmaiado, o engenheiro então foi ferido com a cadeira. “É uma cadeira de madeira maciça, pesada, na qual a vítima levou vários golpes e inclusive ficou com o rosto desfigurado. E com todo o cenário que analisamos, dá para perceber que qualquer argumento do suspeito não justifica a barbárie”, avaliou o delegado.

Na última quarta-feira (22), Rafael foi levado para a 1ª Delegacia, onde prestou depoimento. Ele responderá pelos crimes homicídio doloso qualificado por motivo fútil, pela traição, emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima; lesão corporal dolosa (violência doméstica); resistência e dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

Entenda o caso

O lutador de 27 anos, que é de Valparaíso (SP), estava na cidade para participar, na noite de sábado (18), de um campeonato de jiu-jítsu na categoria faixa preta acima de 90 quilos. Ele pesa cerca de 140 kg e tem quase 2 metros de altura, conforme a polícia. Na ocasião, não chegou a competir.

Ainda segundo a polícia, o hóspede foi morto “de graça”, já que o engenheiro era somente vizinho de quarto, não conhecia o casal e estava na capital de Mato Grosso do Sul a trabalho. A defesa diz que o comportamento agressivo do lutador surpreendeu a família e amigos dele.

Conforme Junior, a família informou que Rafael tomava remédios antidepressivos há cerca de um ano e meio e, recentemente, também começou a tomar remédio para emagrecer. Um exame toxicológico será pedido pela defesa para apurar se os medicamentos podem ter influenciado na atitude do lutador. Carla, que está grávida de dois meses, disse que Rafael já apresentava comportamento alterado horas antes do crime.

Em entrevista à TV Morena, ela afirmou que o lutador estava alucinado, agitado e estranho. Ainda conforme a defesa, Carla também disse que no dia do crime o lutador conversava sozinho, estava descompensado e instável emocionalmente.

A vítima completaria 49 anos no dia seguinte ao crime e não conhecia o suspeito, segundo a Polícia Civil. Ele foi velado e enterrado em Batatais (SP). O delegado Macedo classificou o suspeito como bastante violento e disse que o lutador mataria quem encontrasse pela frente.

Imagem de câmera de segurança mostra lutadorem corredor de hotel (Foto: Reprodução/TV Morena)

Polícia apreendeu objetos usados pelo suspeitopara agredir vítima (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

Lutador de jiu-jítsu Rafael Martinelli Queiroz(Foto: Reprodução/ TV Morena)

Paulo César de Oliveira, de 48 anos, morava emBatatais (SP) (Foto: Reprodução/EPTV)