Após avaliar caso, instituto garante que onça não atacou homem em Corumbá

Equipe visita local onde a onça esteve (Foto: Divulgação/IHP).

Versão da suposta vítima não bate com laudos e análises de especialistas.

A análise feita por técnicos do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), PMA (Polícia Militar Ambiental), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e Fundação Municipal de Meio Ambiente de Corumbá concluiu que não há qualquer indício de que um morador do município foi atacado por uma onça na noite da última quarta-feira (6).

Presidente do instituto, Ângelo Rabelo explicou nesta sexta-feira (8) que a contestação se baseia em laudos do atendimento médico feito e na avaliação de veterinários e outros especialistas no comportamento de animais silvestres.

Além disso, equipes estiveram no local do suposto ataque para buscar vestígios e ouvir a vizinhança. Tiveram acesso, ainda, às diferentes versões que o morador apresentou sobre o que aconteceu.

Após avaliar caso, instituto garante que onça não atacou homem em Corumbá
Rochas com vestígios de sangue do morador supostamente atacado (Foto: Divulgação/IHP).

“Ele nem estaria no nosso meio para narrar se realmente tivesse sido atacado. Temos que lembrar que a onça não é um animal silvestre com histórico de ataque a pessoas. Isso não faz parte do comportamento dela”, frisa Rabelo.

Quem afirma ser o sobrevivente do ataque é Valdinei da Silva Pereira, de 57 anos. Ele relatou à reportagem que levou “um baque” e chegou a dar “um safanão” na onça. Cita que, em outra ocasião, até correu atrás do animal com um pedaço de pau.

O homem mora no Mirante da Capivara, às margens do Rio Paraguai, na área urbana de Corumbá. Ele diz ter sido surpreendido ao chegar em casa.

Após avaliar caso, instituto garante que onça não atacou homem em Corumbá
Valdinei da Silva Pereira mostra como ficou após, supostamente, ter sobrevivido a ataque (Foto: Arquivo pessoal).

Segundo a PMA (Polícia Militar Ambiental), o médico responsável pelo atendimento a Valdinei confirmou que o paciente apresentou apenas ferimentos superficiais, “aparentemente não sendo feitos por animais de grande porte, razão pela qual foi prontamente liberado”.

Para tranquilizar a população, a corporação nega que existiram ataques ou confrontos com onças em Corumbá. “As únicas informações oficiais recebidas até o momento referem-se a aparições e avistamentos do felino em áreas urbanas”, finaliza em nota.

Caso confirmado – O presidente do IHP lembra que o caso que realmente ocorreu este ano e levou à morte do caseiro Jorge Ávalo é uma exceção e tem relação com ceva, a prática de alimentar animais selvagens para que eles se habituem com humanos. A vítima foi atacada na região de Touro Morto, no Pantanal de Aquidauana, no mesmo bioma, mas a 200 km de distância de Corumbá. A polícia confirmou.

Após avaliar caso, instituto garante que onça não atacou homem em Corumbá
Exames em onça que atacou Jorge apontaram que animal estava abaixo do peso ideal e tinha diversos problemas de saúde (Foto: Divulgação/Governo de MS).

“Envolveu a promiscuidade da ceva. Todos os animais têm um limite de segurança de aproximação, e naquele caso, foi extrapolado”, diz.

O que ocorre em Corumbá é diferente. A aproximação das onças à área urbana está sendo relacionada à irregularidade do ciclo de cheias e secas no Pantanal, que leva os animais a buscarem alimentos em outros locais. Comunidades ribeirinhas também lidam com esse fenômeno.

Potencial como atrativo – Aliado a órgãos de meio ambiente, o instituto busca conscientizar os moradores que os avistamentos de onças na região não são motivo para ter pânico e medo, mas sim, uma evidência de que a espécie é conservada no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Após avaliar caso, instituto garante que onça não atacou homem em Corumbá
Ao fundo, policiais ambientais conversam com moradoras do Mirante da Capivara (Foto: Divulgação/IHP)

“Somos um estado que tem o privilégio de ter essa e outras espécies silvestres habitando. Significa que elas não foram destruídas. Isso pode e deve se tornar para nós um atrativo turístico e ecológico, que gera renda e oportunidade para as pessoas”, defende.

Além de conscientizar e orientar sobre a coexistência segura com os animais, o IHP ajuda as comunidades instalando equipamentos de iluminação, por exemplo, uma medida que inibe a presença de onças nas proximidades das casas.

Fonte: Campograndenews