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Artigo: “Maste purú” é o lugar dos Homens…

Por: Rosildo Barcellos

28/05/2018 16h40

No mundo sempre existiu, o lenitivo da alma… a música; essa arte que nos eleva e transforma o espírito e solidifica as tradições e costumes. O tempo passa e a saudade invade. Assim como ficaram muitas vezes na saudade, nossas famílias amorosas, nossos amigos fiéis, nossa esperança diária!

E quando acontece isso, sem perceber, deixamos que nossas vidas saiam de um colorido intenso pra um “Preto e Branco” opaco. Mas não acontece com todos, e eis que a perseverança e o trabalho contínuo, com respeito e humildade, podem fazer perpetuar a música e a obra. Eis aqui, exatamente o caso do Grupo Acaba que ao completar o Jubileu de ouro, reacende o eflúvio exordial, faz uma retrospectiva da passagem do antigo Mato Grosso para o nosso Mato Grosso do Sul, e deixa uma indelével marca de sua passagem e contribuição, a música regional e a ecologia em uma coletânea. Além de um documentário onde a trilha sonora e as imagens passeiam pelo cotidiano de seus integrantes, pelas músicas que exalaram dos ambientes pantaneiros.

Esse documentário comemorativo, foi produzido pela Render Brasil, com direção de Fábio Flecha e produção de Tânia Sozza. Isto Posto, posso reiterar que, certamente faltaram muitas histórias. Sobretudo porque o trabalho de pesquisa perpetrado pelo Grupo Acaba, traduzido em forma de música e mormente, por incluir e carregar em suas composições, a fauna, a flora, cultura indígena, o folclore pantaneiro e comportamentos típicos da região, sempre evocando a preservação ambiental e a inserção social de quem nela vive, é parte da existência de cada um de nós que buscamos a manutenção das tradições e dos costumes históricos contados por nossos pais.

Há assuntos e muita prosa, para vários outros documentários, até porque a própria história de vida de cada um é rica em lutas e esforços, como por exemplo Antônio Luiz Porfírio do quarteto Jovem Guarda, nome dado por João Bosco de Medeiros, (ex- vereador e que atualmente pode ser escutado em FM, nas manhãs dominicais) passando pelos meus professores de Termologia José Charbel Fiho e de Geometria Analítica Adriano Praça de Almeida, exímio nos instrumentos de sopro, além dos incomensuráveis irmãos Lacerda, (um nascido em Albuquerque e o outro em Porto Esperança), inclusive de quem recebi, em mãos, o DVD 50 anos GRUPO ACABA – Cantadores do Pantanal, a caminho do Festival da América do Sul Pantaneiro. O artesanato, a música, a religiosidade, os mitos, o modo de vida e os personagens que habitam essa vasta planície estão não somente neste projeto concretizado mas sobremaneira em nossas veias e em nossa voz.

Graças a Deus, estes anos de luta, as referências a festas populares e a alegria do povo pantaneiro que vive cercado de belezas, criou uma identidade cultural própria e rica e esse modo de ser povoou a letra do samba enredo “Tem cheiro de Camalote, tem gosto de Tarumã”. do Grêmio Recreativo Escola de Samba Deixa Falar, homenagem justa e necessária, sob a batuta do carnavalesco Francis Fabian que fez sinopse a um grito sem fim, que espera eco de um povo “Sou queimado pelo sol, sou molhado pela cheia, Na folha que a água leva, leva o bem e leva o mal… Tu que és cantador, cante… conte e encante Mostra a força da minha terra… E em forma de mosaico desvenda com sutileza segredos da natureza, Um grito de amor na questão ambiental, “homem pantaneiro’. Que ninguém possa calar esse grito. E essa reverberação tem de passar por nós, e começa por mim. Parabéns ao Festival da América do Sul Pantaneiro, que com atrações de dez países sul-americanos, incluiu e exibiu o documentário sobredito. E por derradeiro: Muito Obrigado, Grupo Acaba e citando o texto da contracapa do LP gravado ao vivo e produzido por Marcus Pereira, e com Lincoln na bateria e João no Bumbo, extraio a essência alvíssaras vernacular, que nitidifica o Grupo: “Nessa viagem no lombo do cavalo, sob os rangidos do carro de boi ou no silente deslizar do batelão, vamos encontrar um retrato sem retoques do Pantanal”.

*Membro do Conselho de Cultura de Corumbá.

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