05/10/2016 15h10
Por Ana Paula Deon Lunkes, Elenise Rita Hoffmann e Paula Secchi Rohde
Divulgação: Dora Nunes
É consenso entre os especialistas que as empresas familiares, hoje, representam a base da economia mundial. Porém, apesar de sua importância, observa-se que um número significativo de empresas familiares no agronegócio não se perpetuam através das gerações. Entre as causas estão os mitos que envolvem o planejamento sucessório, formando verdadeiras barreiras e comprometendo a sua continuidade.
Esse artigo tem por finalidade desvendar alguns destes mitos que envolvem o assunto. Seguem exemplos que podem acontecer com os pais:
“Não vou planejar a sucessão. Não pretendo sair do negócio.”
Planejar a sucessão não significa a saída do negócio. É possível organizar como o processo acontecerá, definir os papéis que cada um assumirá no negócio e possibilitar que haja uma aprendizagem gradativa para quem se prepara para dar continuidade ao negócio.
“Mas meu sucessor não vai dar conta e meu negócio não continuará sólido.”
O sucessor, quando preparado, terá condições de assumir papéis importantes na gestão da empresa. A prática e os conhecimentos da atual geração serão sua base para que desempenhe da melhor forma possível as atividades.
“Mas essa mudança coloca em risco toda a continuidade do negócio.”
Ao contrário. Quando houver dedicação de ambas as partes para a formação do sucessor, combinações claras e tarefas bem definidas, a continuidade fará parte do processo. Preparar quem assumirá o negócio no futuro junto com o atual gestor reduz os riscos de problemas e rupturas. O antigo e o novo estarão juntos, experiência e inovação, mantendo a cultura da família empresária. Assim, a empresa estará pronta para essa nova etapa aumentando a probabilidade de o negócio permanecer sólido geração após geração.
“Tenho mais de um sucessor. Terei que escolher um?”
Caso o negócio comporte não é necessário escolher somente um sucessor. Como se trata de um processo de mudança, em que haverá a transição de uma sociedade de pais e filhos para uma sociedade de irmãos, é possível que os que tenham interesse se preparem para assumir papéis no negócio. É importante que haja alinhamento, objetivos comuns, combinações e regras claras.
Precisamos atentar para a seguinte relação: necessidade do negócio x perfil do profissional familiar. Deve-se otimizar o potencial de cada um pensando no que o negócio realmente precisa. Uma forma de conseguirmos isso é através da avaliação do perfil profissional.
Vejamos agora alguns mitos relatados pelos filhos:
“Meu pai não pode sair do negócio porque não estou preparado para substituí-lo”.
Quando é realizado um planejamento sucessório, observa-se que novos papéis progressivamente são assumidos, tanto pelo pai quanto pelos filhos. O pai passa a exercer tarefas estratégicas para o negócio, ao mesmo tempo que agrega experiência e passa conhecimento aos filhos. Assim, encurta-se caminhos e aumentam as possibilidades de acertos na gestão.
“Meu pai não pode sair do negócio porque se ele sair eu e meus irmãos não continuaremos juntos. É ele
quem nos une.”
Usualmente essa frase vem carregada de emoção e aponta uma necessidade de profissionalização urgente. Comunicação e combinações se fazem necessárias. Ao realizarmos o planejamento conseguimos separar família x negócio x patrimônio, saímos da esfera das emoções e podemos discutir de forma mais racional sobre o negócio. Precisa-se neste momento, com o pai ainda em vida, desarmar o que seria uma bomba-relógio. Pode haver dúvidas de como será o andamento do negócio no futuro, mas a família empresária estará apta a enfrentar os conflitos com maturidade e serenidade.
“Vou assumir o lugar do meu pai, então eu decido tudo por aqui.”
É importante que cada um esteja ciente de seu papel no momento do planejamento sucessório. Há formas de alinhar o papel que cada membro terá no negócio. Devem ser criadas estruturas de governança, independente do tamanho. É imprescindível que cada integrante da gestão da empresa tenha conhecimento de suas atividades e entregas.
“Enquanto não assumir meu papel não tem espaço para mim dentro do negócio?”
Ao elaborar o planejamento sucessório de uma família empresária devemos ter claro que o sucessor passará por um processo de formação até assumir suas funções. É necessário montar um programa com os conhecimentos técnicos e comportamentais. Saber lidar com a ansiedade e o poder farão toda a diferença para os filhos no futuro, quando assumirem completamente o negócio.
Desvendar os mitos que circundam o planejamento sucessório não é uma tarefa fácil. No entanto, preparar-se para a mudança e estar ciente das possíveis barreiras ao processo podem ser os primeiros passos para a continuidade do empreendimento familiar. Tradição e inovação andam juntas no processo sucessório, organizando o negócio para a continuidade através da preparação dos envolvidos para assumirem seus novos papéis. A partir disto, a sucessão se torna um processo natural e não um motivo de desespero e incertezas na empresa familiar.
Para facilitar o planejamento de sucessão, a Safras & Cifras conta com uma equipe multidisciplinar, com mais de 100 profissionais especializados em diversas áreas de atuação, como administradores de empresas, advogados, contadores, psicólogos e engenheiros agrônomos. Dessa maneira, é possível a realização de um planejamento bem estruturado, que atenda às necessidades do cliente.
Ana Paula Deon Lunkes
Graduada em Psicologia
Elenise Rita Hoffmann
Graduada em Administração de Empresas
Graduada em Psicologia
MBA em Gestão do Comportamento Organizacional
Paula Secchi Rohde
Graduada em Psicologia