Brasil reage a ameaça de tarifa com ação na OMC
O governo brasileiro formalizou nesta semana uma queixa junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o uso de tarifas comerciais como instrumento de pressão política. A medida foi uma resposta direta à ameaça do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que declarou a intenção de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
A decisão de levar o caso à OMC partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi anunciada com firmeza durante reunião do Conselho Geral da entidade, realizada em Genebra.
Diplomacia brasileira condena uso político de tarifas
Durante o encontro, o embaixador brasileiro Philip Fox-Drummond Gough alertou para o que classificou como uma “mudança perigosa” no comércio internacional: a adoção de tarifas como forma de interferência em assuntos internos de outros países. Embora sem mencionar diretamente os Estados Unidos, o discurso foi uma crítica clara às medidas unilaterais e arbitrárias que, segundo o Brasil, ameaçam as cadeias produtivas globais e violam os princípios do sistema multilateral de comércio.
A posição brasileira conquistou apoio de aproximadamente 40 países, entre eles China, União Europeia, Canadá, Rússia e Índia.
Setor produtivo teme impactos e defende negociação direta
Apesar do tom firme adotado pelo governo, a ação diplomática não produz efeitos imediatos e contraria parte do setor produtivo brasileiro, que prefere uma negociação direta com os Estados Unidos para evitar prejuízos à economia nacional.
Lideranças empresariais alertaram o vice-presidente Geraldo Alckmin que uma possível retaliação do Brasil — como a imposição de tarifas a produtos norte-americanos — poderia gerar uma crise comercial de grandes proporções, afetando diretamente a indústria, o agronegócio, o emprego e a renda do país.
OMC enfraquecida e impasse nas negociações
A investida do Brasil ocorre em um contexto de fragilidade institucional da OMC, que enfrenta dificuldades operacionais desde 2019, quando os Estados Unidos passaram a bloquear a nomeação de novos árbitros. Esse impasse compromete a capacidade da organização de mediar e resolver disputas comerciais de forma efetiva.
Mesmo diante dessas limitações, o governo Lula utiliza o episódio para reafirmar seu compromisso com o multilateralismo, defender a soberania brasileira e pressionar por uma reforma estrutural no sistema de comércio global.
EUA sinalizam preferência por acordos bilaterais
Enquanto isso, os Estados Unidos mantêm a estratégia de priorizar acordos bilaterais com países dispostos a aceitar seus termos, como já ocorreu com Japão, Indonésia e Filipinas. O Brasil, até o momento, não foi incluído nesse grupo, o que evidencia o afastamento entre as duas nações no campo diplomático e comercial.
A disputa promete se intensificar nas próximas semanas, com impactos ainda incertos para o comércio exterior brasileiro e o cenário político internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio