Brasil recua de retaliação e foca em medidas de apoio
Diante da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o governo federal decidiu, ao menos por enquanto, não adotar medidas de retaliação direta. Em vez disso, autoridades concentram esforços em iniciativas para mitigar os impactos sobre as empresas mais afetadas, segundo fontes ligadas à estratégia do Executivo.
Isenções aliviam pressão e evitam resposta imediata
A decisão do governo brasileiro de evitar medidas recíprocas foi influenciada pelas isenções concedidas pela ordem executiva do presidente norte-americano Donald Trump. Setores estratégicos da economia brasileira, como aviação, energia e mineração, ficaram de fora das tarifas, o que trouxe alívio a empresários e investidores e levou Brasília a optar por uma abordagem mais diplomática.
Negociações serão lentas e complexas
De acordo com fontes do governo, as tratativas com Washington tendem a ser longas e complicadas. Por isso, a prioridade imediata será o suporte aos exportadores brasileiros. Estão em estudo linhas de crédito, ajustes no seguro de crédito à exportação e ampliação dos mecanismos de financiamento ao setor externo.
Medidas de retaliação seguem em análise como último recurso
Embora a retaliação não esteja descartada, ela é considerada apenas uma alternativa caso as negociações fracassem. Entre as contramedidas em análise, estão a suspensão de pagamentos de royalties de patentes farmacêuticas e de direitos autorais de mídia norte-americana. No entanto, a adoção dessas ações ainda está em fase preliminar de avaliação.
Imposto sobre gigantes de tecnologia foi engavetado
No ano passado, o governo brasileiro chegou a sinalizar que estudava um novo imposto voltado a grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Contudo, a proposta foi arquivada neste ano com o objetivo de não tensionar as relações diplomáticas com Trump, especialmente diante do anúncio de novas tarifas.
Contexto político pesa na decisão dos EUA
Em julho, Donald Trump vinculou a elevação da tarifa de 10% para 50% ao processo judicial enfrentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado político, acusado de tentar reverter o resultado das eleições de 2022. O governo Lula reagiu com críticas à justificativa, reforçando o respeito à independência do Judiciário e destacando que qualquer negociação deve se restringir a questões comerciais.
OMC será acionada, mas eficácia é limitada
O governo brasileiro também pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas, apesar de reconhecer que o sistema de solução de controvérsias da entidade está paralisado desde a gestão anterior de Trump. “É preciso recorrer às instâncias disponíveis”, afirmou uma autoridade.
Pacote de apoio deve ser anunciado nesta semana
Enquanto articula estratégias diplomáticas, o governo prepara um pacote emergencial voltado aos setores mais afetados pelas novas tarifas, que começam a valer nesta quarta-feira. A proposta deve incluir linhas de crédito e ajustes em mecanismos de apoio à exportação.
Haddad descarta linguagem de retaliação
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na sexta-feira que o governo nunca cogitou retaliação direta aos EUA. “Nunca usamos esse verbo (retaliar) para caracterizar as ações que o governo brasileiro vai tomar. São ações de proteção da soberania, proteção da nossa indústria, do nosso agronegócio”, declarou a jornalistas.
Essa abordagem equilibrada visa proteger a economia nacional sem comprometer as relações diplomáticas com os Estados Unidos, mantendo abertas as vias de negociação para mitigar os efeitos das novas barreiras comerciais.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio