A deputada tem dupla cidadania e chegou a afirmar, em entrevista à CNN Brasil, que se considerava “intocável” por estar em território italiano
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Ela estava foragida havia dois meses, após ser condenada a dez anos de prisão por falsidade ideológica e invasão ao sistema eletrônico do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Conforme o jornal O Globo, a prisão foi realizada pela polícia italiana, depois que o deputado Angelo Bonelli informou às autoridades o endereço da parlamentar.
Zambelli deixou o Brasil no fim de maio, dias antes de o STF rejeitar seus últimos recursos. A fuga começou pela fronteira com a Argentina, em Foz do Iguaçu (PR), e seguiu para os Estados Unidos, de onde ela embarcou para a Itália. A deputada tem dupla cidadania e chegou a afirmar, em entrevista à CNN Brasil, que se considerava “intocável” por estar em território italiano.
O nome da parlamentar foi incluído na lista vermelha da Interpol (International Criminal Police Organization), o que permitiu sua detenção em qualquer um dos 196 países membros da organização. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, a viagem à Europa teve como objetivo “se furtar à aplicação da lei penal”.
A extradição de Zambelli foi formalmente solicitada pelo Ministério da Justiça brasileiro, mas ainda não há prazo para o retorno da deputada ao Brasil. A decisão sobre a cassação de seu mandato depende de análise da Câmara dos Deputados, que será notificada para que ela possa apresentar defesa.
A condenação da deputada foi determinada pela Primeira Turma do STF em maio. Ela foi acusada de atuar com o hacker Walter Delgatti na inserção de dados falsos no sistema do CNJ, como mandados de prisão e ordens de quebra de sigilo contra autoridades, incluindo o próprio ministro Moraes. Delgatti também foi condenado, com pena de oito anos e três meses de prisão.
Além deste processo, Zambelli responde a outra ação penal por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. A maioria dos ministros do Supremo já votou por sua condenação também nesse caso, que ainda aguarda conclusão após pedido de vista.
Zambelli ocupava mandato na Câmara desde 2019. No Congresso, integrou a base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro e ficou conhecida por embates públicos contra ministros do STF e membros do Judiciário.
Fonte: Campograndenews