De janeiro a junho deste ano, o Estado exportou US$ 315 milhões para os Estados Unidos, sendo US$ 74,8 milhões apenas em pastas químicas de madeira
Apesar da taxação de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros, dois itens relevantes na balança comercial de Mato Grosso do Sul com os Estados Unidos ficaram de fora do novo tarifaço: celulose e ferro-gusa. Juntos, eles representam mais de 36% de tudo o que o Estado já venderam aos americanos em 2025, segundo dados da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul).
De janeiro a junho deste ano, o Estado exportou US$ 315 milhões para os Estados Unidos, sendo US$ 74,8 milhões apenas em pastas químicas de madeira, utilizadas na fabricação de papel e saídas das fábricas de celulose da Suzano, Eldorado e Arauco, instaladas e instalação em Mato Grosso do Sul. O volume somou 154.950 toneladas, ou seja, 23,7% de tudo o que MS vende para os americanos.
Outro item que escapou da taxação foi o ferro fundido bruto, ou ferro-gusa, com US$ 40,5 milhões exportados no semestre, equivalente a 12,9% do total enviado para os EUA pelo Estado.
O impacto negativo da supertaxa ficou por conta da carne bovina, principal produto sul-mato-grossense exportado ao mercado americano. O item não foi incluído na lista de isenções e continua sujeito à alíquota de 50%. Sozinha, a carne representa 45,2% das exportações de MS aos Estados Unidos.
Ao todo, Mato Grosso do Sul já exportou US$ 3,75 bilhões em produtos neste ano, com a China mantendo a liderança nas compras (US$ 1,29 bilhão). Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com US$ 315 milhões.
No decreto publicado na quarta-feira (30), Trump anunciou que 694 produtos brasileiros estariam livres da nova taxação. Entre os isentos estão suco de laranja, gás natural, celulose, fertilizantes e peças para aviação civil.
Fertilizantes e laranjas – Com a exclusão dos fertilizantes da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, a proposta da Gravetal Bolívia S.A. ganha ainda mais relevância. A instalação da fábrica em Três Lagoas pode transformar Mato Grosso do Sul em hub exportador para o mercado norte-americano, já que os insumos importados da Bolívia seriam processados localmente e reexportados sem a sobretaxa. O cenário favorece não só o agronegócio regional, mas também a estratégia de ampliar sua participação no comércio internacional com produtos de maior valor agregado.
Já a retirada do suco de laranja também é positiva para o Estado no mercado internacional. Com cerca de 30 mil hectares plantados e presença de gigantes como Citrosuco e Cutrale, o estado ganha fôlego para ampliar as exportações sem o impacto da tarifa de Trump. A medida favorece diretamente os produtores sul-mato-grossenses, que agora têm mais competitividade para acessar o mercado norte-americano e expandir uma cadeia que já movimenta empregos e atrai investimentos.

Fonte: Campograndenews