O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, sediou, nesta terça-feira (6), o primeiro dia do workshop Introdução à Diplomacia Científica para o Desenvolvimento Sustentável: prioridades regionais da América Latina rumo à COP30, reunindo autoridades nacionais e internacionais em torno de uma agenda estratégica para o fortalecimento da cooperação científica na região. A iniciativa tem como objetivo apresentar, de forma introdutória, os fundamentos da diplomacia científica, seus principais atores, instrumentos e formas de atuação – com ênfase nas contribuições para o desenvolvimento sustentável e a articulação internacional em contextos marcados por desigualdades e vulnerabilidades.
Organizado pelo CGEE, o evento é promovido pelo MCTI, em parceria com o Instituto Interamericano para Pesquisas sobre Mudanças Globais (IAI). A programação, que segue até sexta-feira (8), contempla painéis com especialistas de diversos países e instituições, abordando conceitos, práticas e experiências em diplomacia científica bilateral e multilateral.
Na abertura do evento, o diretor-presidente do CGEE, Fernando Rizzo, destacou a importância da diplomacia científica como ponte entre ciência, tecnologia, inovação e relações internacionais. Ele lembrou que o Centro tem uma trajetória consolidada neste tema, destacando uma série de debates promovidos pela instituição em 2024. Foram sete encontros temáticos, que abordaram desde a atuação do BRICS e a integração latino-americana até o papel da diáspora brasileira, a inteligência artificial e os impactos da COP29 nesse contexto.
“O CGEE se preparou ativamente para essa agenda de hoje e estamos muito satisfeitos em receber vocês. É um momento muito nobre para o Centro sediar esse evento. Gostaria de agradecer a presença de todos os participantes do Brasil e de outros países para dias de trabalho muito colaborativos e produtivos”, afirmou.
O chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MCTI, Carlos Matsumoto, destacou que a ideia inicial da oficina era oferecer formação específica para colaboradores da própria pasta, mas que a proposta logo se ampliou.
“Nós sabemos que o MCTI é um ministério com um componente internacional muito forte. Não se faz ciência, tecnologia e inovação sem colaboração internacional”, afirmou.
De acordo com ele, o workshop foi pensado como uma oportunidade para que gestores públicos e representantes de instituições brasileiras e estrangeiras se reconheçam nas práticas cotidianas da diplomacia científica. “Tenho certeza de que todos que estão aqui na sala fazem diplomacia científica e muitas vezes não percebem sua atividade como sendo dessa natureza”, completou.
Na ocasião, a diretora executiva do Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI) e diretora do Centro de Diplomacia Científica da mesma instituição, Marcela Ohira, destacou a importância da diplomacia científica como eixo de integração regional. Ela reforçou que o IAI está à disposição para fomentar colaborações bilaterais e multilaterais no enfrentamento dos grandes desafios regionais, como a crise climática. “A diplomacia científica é algo que o IAI faz desde o início. Fomos criados por mecanismos diplomáticos, representando os 19 governos em termos de agenda científica em consulta com governos e a comunidade científica”, afirmou.
Painéis
O primeiro painel do evento, “Diplomacia Científica: Conceitos”, introduziu o tema como uma abordagem estratégica e multifacetada que conecta ciência, política externa e cooperação internacional. A sessão trouxe uma visão panorâmica sobre os fundamentos históricos, conceituais e institucionais da diplomacia científica, com destaque para experiências brasileiras e internacionais. O debate contou com a participação dos representantes da American Association for the Advancement of Science (AAAS), Estefania Ortiz; da Geneva Science and Diplomacy Anticipator ( Gesda), Marga Gual Soler; do Ministério de Relações Exteriores (MRE), Eugênio Garcia; e do Center for American Progress (CAP), Frances Colón. Os painelistas ressaltaram aspectos da origem, dimensões, abordagens e perspectivas sobre o tema.
No segundo painel, foram abordadas as práticas de diplomacia científica no contexto das profundas transformações sociais, ambientais e tecnológicas do século XXI. Os participantes analisaram como a diplomacia científica tem sido mobilizada como ferramenta estratégica para promover o desenvolvimento sustentável, proteger a biodiversidade, reduzir desigualdades e fortalecer a articulação regional.
O diálogo também contou com as contribuições de Ortiz, somadas às dos especialistas da Academies of Sciences, Engineering, and Medicine (NASEM), Franklin Carrero-Martínez; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Dalila Andrade Oliveira; e da vice-presidente da Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice (SBSTTA) e da Delegação da República Dominicana para a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Carol Franco.
Ao discutir os novos arranjos colaborativos, o impacto da diplomacia científica em políticas públicas e a cooperação internacional, a representante do CNPq, Dalila Andrade, ressaltou o potencial do Brasil como um país produtor de ciências, mas que precisa superar o desafio de cooperação com o Sul Global.
A programação do primeiro dia do workshop contou, ainda, com um painel sobre “Diplomacia científica: práticas bilaterais e multilaterais”, com a participação do chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais, Carlos Matsumoto, que falou sobre a atuação internacional do MCTI e os instrumentos brasileiros de diplomacia científica. A sessão também teve palestras da representante da Organização dos Estados Ibero-Americanos, Karina Pombo, que abordou as experiências passadas em diplomacia científica bilateral e multilateral no governo da Argentina; e do representante da Secretaria Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Panamá, Franklyn Morales, que falou sobre o tema “Diplomacia científica e prioridades nacionais na cooperação regional”.
Com informações do CGEE