
Milhares de estudantes, em todo o país, estão debatendo projetos selecionados em educação e justiça climática. Trata-se da etapa estadual da Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), que ocorre ao longo do mês de agosto. Nos estados Amazonas, Mato Grosso, Pernambuco e Sergipe, por exemplo, as conferências já promoveram um aprofundamento do debate sobre os desafios socioambientais contemporâneos. O Ministério da Educação (MEC) destaca as iniciativas estaduais, nas quais são escolhidos os estudantes que integrarão a delegação estadual e o projeto de ação que representará cada estado na etapa nacional, marcada para ocorrer entre os dias 6 e 10 de outubro, em Brasília.
Foi na Fazenda Santa Rosa, localizada no município de Iranduba, a 27 quilômetros da capital Manaus, que 95 projetos escolares, tanto da rede municipal, quanto estadual foram expostos e debatidos. Além de selecionar 17 delegados que representarão o estado na etapa nacional, a conferência estadual foi palco de uma “MiniCOP”, em simulação à Conferência do Clima, com debates sobre questões ambientais regionais. Com o tema “Vamos transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática”, a CNIJMA integra o movimento de preparação do país para a COP30, que será realizada em Belém (PA), no mês de novembro.
“Na ‘MiniCOP’, os alunos trataram de temas de relevância socioambiental sobre a nossa Amazônia, já numa perspectiva da COP30. Então, é a voz do protagonismo juvenil falando de educação ambiental, de sustentabilidade, da Amazônia para o mundo”, ressaltou a coordenadora de Educação Ambiental da secretaria estadual de educação, Thelma Prado. A secretária de Educação do Amazonas, Arlete Mendonça, reforçou que o comportamento dos estudantes em relação ao meio ambiente é transformado por meio da educação ambiental nas escolas. “Essa pauta é muito cara para nós, porque estamos no estado do Amazonas, que representa a maior unidade federativa do Brasil e é o maior estado também em floresta. Nós sabemos o quanto queremos que todo esse trabalho e toda essa preservação continue”, afirmou.
Entre os projetos de destaque da conferência do Amazonas, está o “Sexta sociocultural – bem-estar emocional, cultura e reconexão com a natureza”, desenvolvido por estudantes da Escola Estadual Professor Vicente Geraldo de Mendonça Lima, de Itacoatiara. A estudante Verônica Soraya, 14 anos, se disse emocionada pela oportunidade de compartilhar o aprendizado. “Eu estou me sentindo muito honrada em estar participando da conferência, porque é uma experiência muito boa para nós, estudantes, termos essa consciência socioambiental e levar para o nosso município e nossa escola essa conexão com a natureza, saber preservar, reciclar e cuidar dela para que ela também possa retribuir”, destacou. O projeto desenvolvido criou um espaço periódico na escola para o debate sobre o tema.
Para o professor Cristiney Santos, que orientou a estudante Verônica em seu projeto, a participação de uma escola pública do interior no estado é importante por proporcionar o direito à voz para estudantes que são afetados diretamente pela crise climática. “O nosso interior é muito atingido pelas questões ambientais, e trazer essa pauta para a capital e colocá-los como protagonistas desse processo é muito importante. O protagonismo juvenil nesse processo torna muito evidente essa pauta necessária para ser discutida dentro das escolas públicas, principalmente no interior”, disse.
- Em Sergipe, 50 estudantes e gestores se reuniram pqra debater os projetos selecionados do estado. Foto: Silvio Oliveira / Ascom SE
Já da capital Manaus, a estudante Carolina Pereira, do 6º ano da Escola Estadual Paula Ângela Frassinetti, apresentou um projeto sobre reciclagem e utilização consciente e inteligente dos resíduos sólidos. “O objetivo geral do projeto é preservar o meio ambiente, cuidar dele, tornar ele mais limpo. A gente precisa preservar o meio ambiente, porque é o planeta que a gente vive”, resumiu. A conferência estadual foi realizada nos dias 5 e 6 de agosto.
Guardiões da Justiça Climática – Em Aracaju, capital sergipana, 50 estudantes e gestores se reuniram, nos dias 4 e 5 de agosto, para debater 107 projetos desenvolvidos em todo o estado. Escolas de todas as 10 diretorias regionais de educação participaram com projetos selecionados. Desenvolvido por alunos do 9º ano do Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro, localizado na Aldeia Xokó, em Porto da Folha (SE), o projeto Guardiões da Justiça Climática foi um dos destaques. O projeto propõe a revitalização do viveiro de mudas da escola, resgatando sua função ecológica e educativa. “Esse viveiro um dia foi cheio de vida, de sonhos, de muitas plantas, só que, por descuido e falta de apoio, ele foi abandonado. O nosso grupo teve a ideia de trazê-lo de volta à vida”, afirmou a estudante Paola Saraiva Apolônio.
A representante da comissão executiva nacional da CNIJMA, Silvana Canário, reforçou: “A justiça climática precisa ser discutida nas escolas de forma acessível e participativa”. Já a secretária de estado do Meio Ambiente, Débora Dias, destacou que as conferências são essenciais para o debate do tema nas escolas. “É uma temática muito importante, as mudanças climáticas, e nada melhor do que envolver os estudantes, jovens multiplicadores. A conferência é um instrumento importantíssimo para desenvolvermos políticas públicas relacionadas com qualidade”, afirmou. O diretor do Departamento de Educação (DED), Genaldo Freitas Lima, destacou a importância de cuidar do meio ambiente, “assumindo o compromisso de fortalecer a participação social, o protagonismo juvenil e o papel da educação como base de um mundo sustentável”.
Já no município de Sairé (PE), no agreste pernambucano, estudantes se reuniram para reflexões e proposição de práticas voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas e à promoção da justiça climática. Na abertura da conferência, dia 5 de agosto, o secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Daniel Coelho, reforçou a importância do estímulo à formação cidadã e à educação ambiental crítica. “Como é gratificante ver a participação das escolas, o engajamento dos alunos em querer dar a sua contribuição sobre o meio ambiente”, disse Coelho. A conferência estadual de Pernambuco seguiu até o dia 7 de agosto.
Em Mato Grosso, a conferência, realizada também entre os dias 5 e 7 de agosto, selecionou 18 estudantes para a delegação nacional da conferência. O encontro foi realizado no município de Poconé e contou com a realização de diversas ações técnicas pedagógicas, como a distribuição de materiais impressos e on-line sobre a CNIJMA e a promoção do protagonismo dos estudantes, por meio da partilha de saberes que promovem a educação ambiental e justiça climática, em busca de uma sociedade ambientalmente sustentável e socioeconomicamente justa.
Critérios – Além de aprofundar os diálogos sobre o tema, a etapa estadual da CNIJMA elege a delegação e o projeto de ação para representar a unidade federativa na Conferência Nacional. A definição dos critérios para a priorização dos projetos que irão participar das próximas etapas da conferência é de responsabilidade da Comissão Organizadora Estadual (COE) e deve constar no regulamento estadual. Dentre esses critérios, os organizadores estaduais deverão observar o equilíbrio de gênero (meninos e meninas) e buscar a representatividade entre meio rural e urbano, capital e interior, assim como de diferentes etnias.
As conferências estaduais ocorrem após as etapas de conferência nas escolas e conferências regionais/municipais – estas, opcionais. Confira as datas das conferências estaduais em cada estado:
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações de assessorias de comunicação do Amazonas, Mato Grosso, Pernambuco e Sergipe
Fonte: Ministério da Educação