Do Guarani kaiowá ao rap: MC Anarandá estreia álbum que une ancestralidade e resistência

A cantora indígena MC Anarandá lança neste dia 23 de setembro o seu primeiro álbum autoral, intitulado “Pehendu Ore NÊ’Ê – Escuta nossas vozes”, em todas as plataformas digitais. A escolha da data coincide com a chegada da Primavera, estação que, para a artista, simboliza renascimento, florescimento e esperança – um tempo de renovação que dialoga com o espírito do trabalho.

Natural da Aldeia Guapoy, em Amambai, Mato Grosso do Sul, Anarandá carrega no próprio nome a força da ancestralidade. Em Guarani,Randá Kunã Poty rory Anarandá significa “mulher Flor brilhante ,carismática e comunicadora”, e a adição do “MC” afirma sua presença dentro do hip hop sem abrir mão de suas raízes. Seu rap é atravessado por memórias coletivas, cantos tradicionais e pela espiritualidade dos povos Guarani Kaiowá , ao mesmo tempo em que se conecta à batida urbana para criar uma arte que é denúncia, resistência e afirmação de identidade.

“Descobri no rap uma ferramenta capaz de transformar minhas dores, e de muitas mulheres indígenas, em força e assim colocar luz sobre o meu povo ancestral. Aprendi o português já na adolescência e foi quando comecei a rimar, tanto em Guarani quanto em português, e percebi que podia ecoar não apenas minhas vivências pessoais, mas também a resistência de toda uma coletividade”, comenta a artista autodidata. 

Suas letras trazem o peso da denúncia social, do enfrentamento ao preconceito e da defesa do território, mas também revelam a beleza da cultura, a força das mulheres e a esperança de um futuro mais harmonioso, menos violento com os povos indígenas, em especial com as mulheres Guarani Kaiowá. Ao todo são oito músicas autorais, sendo que duas  já tiveram os videoclipes lançados no Youtube que são: “Mãe” e “Che Machu mandu’a kuemi – As Lembranças da minha avó”, as demais faixas são: Assédio, Te procuro,  Escuta minha voz, A dor de um parto, Amazônia  e Jasy Tata – A lua de fogo, essa última com previsão de videoclipe para novembro.

Cada faixa guarda um pedaço da memória ancestral e da luta diária dos povos originários. “Minha maior inspiração foram meu povo e meus ancestrais, sobretudo as mulheres que resistem, a minha convivência com elas, com minha avó, que hoje tem 112 anos, me trouxe muita energia, força e fé de que minha música é revolucionária”, afirma Anarandà.

O projeto foi realizado graça ao Fundo de Investimentos Culturais (FIC) o, através da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e tem a Direção artística do músico Vinil Moraes, os beats de Wagner Bagão e participações como da Orquestra indígena comanda pelo Maestro Eduardo Martinelli, da Multiinstrumentista Kezia Miranda, do criador visual Pitter Marques e da cineasta Marineti Pinheiro que assina a Direção dos dois videoclipes. 

Além da música, a artista também atua como professora de língua materna, escritora, atriz e criadora de conteúdo digital, e todas essas dimensões se entrelaçam em sua produção. O palco é espaço de corpo e voz, a sala de aula é lugar de preservação da língua Guarani, a escrita se converte em poesia – tudo se mistura no rap, que para ela é diálogo entre mundos, encontro entre tradição e contemporaneidade.

Ao lançar o álbum no início da primavera, MC Anarandá planta simbolicamente uma semente. Quer que suas canções floresçam no coração de quem ouvir, levando a emoção da dor, mas também a alegria, a resistência e a esperança. E deixa um recado aos jovens indígenas que sonham com a arte: “Não tenham medo de se expressar e arriscar. Nossa cultura é viva, nossa arte é necessária. Cada voz conta e cada batida pode ser um grito de resistência.”

O álbum de estreia de MC Anarandá estará disponível no Spotify, Apple Music, Deezer, YouTube Music, Amazon Music, Tidal e Anghami, com acesso direto também pelo link em seu perfil no Instagram: @anarandagk21.

Ficha Técnica 

Composições Musicais e Letras: Anarandà

Produção Executiva e Direção: Marineti Pinheiro

Direção Musical e Produção: Vinil Moraes

Produção Musical, Mixagem e Masterização: Wagner Bagão

Participações especiais: Fadraiki Samuel, Gleiciane Rossate, Nãnde sy: Adelaide, Helena, Lulu kunã yvoty, Denise ,Roseli, Antônia, Juvenal e Aldir

Traduções para Guarani: Anarandà

Revisor do idioma Guarani kaiowá: Searlen Douglas Kunumi Jeguaka Rendyju

Orquestra Indígena e Maestro: Eduardo Martinelli e Emili, Francisco, Kethlen Francisco, Karine Francisco, Agatha Francisco, Maria Eduarda Albuquerque Matias

Arranjos Flautas, Violinos e Violoncelo: Kezia Miranda

Scratches: DJ Giomarx

Arte: Pitter Marques

Estúdio: Estúdio PV e Estúdios Virtus Ray Clemente Raimundo

Acessibilidade: Daniele Mendes – Comunique Acessibilidade

Contadora: Maria Granjeiro

Maquiagem: Eder Cadete

Figurino: Fabio Mauricio 

Assistente: Ghyva

Making Off: Ligia Zacharias 

Fotógrafo: Eduardo Medeiros

Registros: Orum 

Distribuição: Graxa Pura

Assessoria Jurídica: MGM

Assessoria de Imprensa: Sonhares Filmes

Recurso FIC