A quarta-feira (6) começou com atenção redobrada no mercado financeiro diante da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras. A medida, decretada pelo presidente norte-americano Donald Trump, ocorre em meio a um cenário delicado nas relações entre os dois países e influencia diretamente o comportamento do dólar e do Ibovespa.
Dólar recua com mercado cauteloso
O dólar abriu o dia em leve queda de 0,03%, sendo cotado a R$ 5,5043 por volta das 9h. Na terça-feira (5), a moeda norte-americana já havia encerrado o pregão praticamente estável, com recuo de 0,01%, a R$ 5,5060.
Na B3, o contrato de dólar futuro com vencimento mais próximo operava em baixa de 0,04%, a R$ 5,540. A leve variação reflete a cautela dos investidores diante da nova tarifa dos EUA e da instabilidade política no Brasil, especialmente após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fato que adiciona mais incertezas ao cenário.
Ibovespa em alta e balanços no radar
Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou alta de 0,14% na véspera, alcançando 133.151 pontos. A expectativa para esta quarta-feira gira em torno da abertura do pregão às 10h e da divulgação de novos balanços corporativos que podem mexer com os papéis das empresas listadas.
Tarifa de 50% entra em vigor sem avanço em negociações
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi oficializada na semana passada por Trump, sob a alegação de que o Brasil representa uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
Apesar da gravidade da medida, ainda não houve avanço significativo nas tentativas de negociação do governo brasileiro com Washington. A situação se agrava com a prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), após descumprimento de medidas cautelares, o que pode gerar reações do ex-presidente norte-americano, aliado declarado do político brasileiro.
Risco de retaliações e reação do Brasil na OMC
O clima político é um fator adicional de tensão, já que Trump tem defendido publicamente Bolsonaro e criticado seu julgamento, classificando-o como “caça às bruxas”. O receio no mercado é de que a prisão do ex-presidente afete diretamente o ambiente de negociação com os EUA.
Diante disso, o Brasil decidiu reagir formalmente: o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a entrada de uma consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a tarifa. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, a ação agora depende da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser encaminhada.
A consulta é o primeiro passo para contestar uma medida comercial. Caso não haja acordo, o Brasil pode solicitar a instalação de um painel de arbitragem.
Balança comercial e agenda econômica em destaque
Além do tarifaço, o mercado acompanha a divulgação da balança comercial brasileira referente a julho, cuja expectativa é de um superávit de R$ 6 bilhões. No entanto, os investidores devem observar se já há impacto da nova tarifa sobre o desempenho das exportações.
Outro ponto importante da agenda é o leilão do Banco Central de até 35 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem com vencimento em 1º de setembro de 2025. A medida visa oferecer liquidez ao mercado diante do cenário externo mais conturbado.
Falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também estão no radar, com potenciais pistas sobre os próximos passos da política monetária norte-americana.
Desempenho acumulado dos indicadores
- Dólar:
- Semana: -0,69%
- Mês: -1,69%
- Ano: -10,90%
- Ibovespa:
- Semana: +0,54%
- Mês: +0,06%
- Ano: +10,70%
Com os desdobramentos da tensão comercial e política entre Brasil e Estados Unidos, o mercado segue em estado de atenção, avaliando possíveis impactos sobre a economia, a diplomacia e os fluxos de investimentos.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio