
Além disso, Dnit está instalando 170 km de telas, retirando a vegetação em um trecho de 284 km e instalando novas passagens subterrâneas e aéreas.
Além de 170 quilômetros de cercas para tentar reduzir o número de atroplementos de animais silvestres no trecho pantaneiro da BR-262, entre Aquidauana e Corumbá, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) promete ativar ao menos 20 radares em trechos críticos da rodovia.
Estudos do Ibama feitos em 2023 haviam apontado a necessidade de instalação de 22 equipamentos. Doze chegaram a ser implantados, mas a maior parte está desativada. Agora, com o pacote de investimentos de R$ 30,2 milhões, este número vai chegar a duas dezenas ao longo dos 284 quilômetros considerados críticos.
Dados do Ibama mostram que disparou a quantidade de animais mortos por atropelamentos nos últimos anos. Em 2011, a média era de 1,67 atropelamento por dia. Dez anos depois, em 2021, esta média havia saltado para 10,5 mortes diárias.
Em doze meses monitorados pelo instituto Via Fauna (dezembro de 2020 a novembro de 2021) foram encontradas 3.833 carcaças. Entre as maiores vítimas estavam 516 jacarés; 305 tatus-galinha; 301 graxains; 300 cachorros-do-mato; 268 tatus-peba; 155 capivaras e 137 tamanduas-mirim. Nenhum destes está na lista de animais ameaçados de extinção.
Porém, os pesquisadores também encontraram 59 tamanduas-bandeira; 19 cutias, 14 lontras, 13 antas, 12 bugios pretos, 5 cervos do pantanal, um lobo-guará e uma onça-pintada, todas espécies ameaçadas de desaparecerem da natureza.
A explicação, segundo o Ibama, é o aumento do tráfego de veículos na rodovia e o afugentamento dos animais em direção às rodovias causado pelas queimadas que atingiram o Pantanal ao longo dos últimos anos, principalmente a partir de 2020.
Inicialmente o Ibama havia cobrado a instalação de 140 quilômetros de telas, mas no projeto que está sendo implantado agora as proteções laterais devem chegar a 170 quilômetros, em 18 pontos críticos.
Em 2019 o Dnit chegou a instalar cerca de 16 quilômetros de tela, mas todas serão removidas e refeitas, pois estão muito próximo da pista e não seguem os padrões técnicos. As novas telas estão instaladas a cerca de quatro metros do aterro sobre o qual foi colocado o asfalto.
Além disso, estão sendo executadas dez novas passagens de fauna, 22 bueiros de drenagem, limpeza nas proximidades de 44 pontes, sete passarelas sobre a rodovia e 58 acessos de gradil metálico.
LEUCENA
Outra medida que está em execução é a retirada da vegetação em uma faixa de sete metros de cada lado da rodovia. A medida, segundo o Ibama, é fundamental para que os motoristas consigam visualizar os animais antes de eles entrarem na pista e assim reduzam a velocidade.
Por conta disso, milhares de árvores nas margens da rodovia terão de ser retiradas. A previsão é de que a vegetação seja mantida somente próximo de córregos, 30 metros de cada lado, e na região de morraria, nos locais onde serão instaladas as passagens superiores, para facilitar a passagem de animais como macacos e quatis.
Entre a vegetação que será suprimita estão milhares de leucenas, que tomaram contra do trecho entre o Buraco das Piranhas e a ponte sobre o Rio Paraguai, principalmente. Ela é uma planta invasora e está se sobreponto à vegetação local e escondendo a paisagem pantaneira
A retirada da vegetação das margens da pista também reduzirá o risco de incêndios provocados por bitucas de cigarro jogados por motoristas desatentos, entendem os técnicos do Ibama.
MULTA MILIONÁRIA
As obras estão sendo feitas pelo DNIT. Porém, o órgao federal só concordou em adotar as medidas após anos de pressão e depois de uma multa de R$ 9 milhões aplicada pelo Ibama (outro órgão federal), aplicada ainda em 2022 . Boa parte das adequações deveriam ter sido adotadas entre 2015 e 2019, mas apenas 16 km de telas, duas passagens superiores e 12 radares foram instalados.
A rodovia está sem licença de funcionamento desde 2014 e este documento somente será concedido depois que as exigências do Ibama forem atendidas. O prazo para conclusão dos trabalhos era até o final de 2025, mas somente ainda estão na fase inicial. Agora, a prefisão do DNIT é de que se estendam por dois anos.
Fonte: Correio do Estado

